quinta-feira, 23 de outubro de 2014

COMPLEXO DE ÉDIPO

 
Antes de tudo, convém lembrar a que Édipo foi um herói tebano, filho de Laio, que era Rei de Tebas e marido de Jocasta. Um oráculo predisse que ele mataria o pai e se casaria com a mãe.
 
Por isso, ao nascer foi abandonado nas montanhas. Como não podia morrer, caso contrário não haveria história, acabou recolhido por uma família, que o criou longe dos pais, na cidade de Corinto.
 
O tempo passou e, já adulto, Édipo se desentendeu com um viajante e acabou matando-o.
 
Conforme previra o oráculo, o viajante era Laio, seu próprio pai. Depois chegou a Tebas, onde uma Esfinge fazia perguntas que ninguém respondia. Em consequência, ela a todos devorava.
 
No entanto, com Édipo foi diferente: quando ouviu da Esfinge o célebre "decifra-me ou te devoro", respondeu tudo certo e bonitinho. Resultado: libertou Tebas daquele mostro e os tebanos o fizeram Rei. Mais uma vez cumpriu-se as previsões do oráculo. Édipo Rei casou com Jocasta.
 
No final, quando a verdade veio a tona, Jocasta enformou-se, e ele, desesperado, arrancou os próprios olhos.
 
Essa história, mais tarde, será utilizada por Freud para explicar o famoso Complexo de Édipo.
 
Complexo, como o próprio vocábulo diz, é alguma coisa não muito simples. No caso, o Complexo de Édipo traduz a fixação libidinosa de um filho em sua mãe. Isso explica as neuroses infantis causadas pela oposição à autoridade paterna ou à sexualidade infantil mal resolvida.
 
Há 100 anos, quando Freud investigava sobre a alma humana, ele observou sempre uma animosidade do filho em relação ao pai e um desejo em relação a mãe. Ele verificou que isso era uma constante, e não dizia respeito apenas a um ou dois casos de sua clínica.
 
Partindo dai, Freud concluiu que havia descoberto um dado importante da psique humana.
 
Se a mãe é o primeiro objeto de amor da criança e o pai lhe aparece como um ladrão deste ser amado, ele se torna uma figura odiada, ou seja, a criança descobre que "minha mãe não  pode ser só minha".
 
De fato é uma formulação esquemática, muito importante para criança: é o eu e o não eu, sentidos pela primeira vez em relação a mãe. O eu, ela própria, a criança; o não eu a mãe, com quem desenvolve sua primeira relação.
 
O pai é a segunda pessoa a fazer parte do seu universo e aparece como alguém que chega para roubar a presença da mãe.
 
O mesmo fenômeno foi também explicado por Melanie Klein, quando ela fala em "seio bom e seio mau".
 
O seio mau a que Melanie se refere nada mais é do que a mãe ausente, enquanto que os seio bom pode ser traduzido pela mãe que se faz presente.
 
Voltando ao Complexo de Édipo e a Freud, verifica-se que: quando o pai surge para criança como aquele que rouba a mãe, se estabelece uma relação de rancor e mágoa. E se estabelece também o triangulo amoroso.
 
Estudando esta relação entre filhos e pais, Freud lembrou de sua semelhança com a história grega e entendeu porque a lenda de Édipo Rei mobiliza tanto.
 
Freud viu que a historia grega diz respeito ao sentimento mais primitivo do ser humano e, justamente por isso, nos toca tanto.
 
Daí não teve dúvidas em batizar de Complexo de Édipo o triangulo vivido por pais e filhos.
 
A versão feminina do Complexo de Édipo também existe e, nesse caso, ganha outro nome: Complexo de Electra.