segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A FISIOLOGIA DA PAIXÃO

 
O ENCÉFALO, OS NEUROTRANSMISSORES E A PAIXÃO
O chamado diencéfalo ou cérebro primitivo, comum a todos os mamíferos, intervém, através do hipotálamo, no desejo, no interesse sexual e também recolhe as informações que chegam do exterior e dos hormônios, controlando-os e dando as respostas da excitação sexual, ejaculação, sensações de prazer e regulando as respostas emocionais e afetivas no comportamento sexual.

O sistema límbico discrimina e seleciona os estímulos, reconhecendo os sinais de saciedade (estar satisfeito) e inibindo o comportamento sexual.

A nossa sexualidade apresenta-se não apenas em nível dos estímulos (visuais,fantasias ,etc) ,como também na participação muito importante da emoção e sobretudo na aprendizagem. Algumas partes do nosso cérebro relacionam o ambiente e a cultura às nossas respostas sexuais. O resultado pode ter maior ou menor eficácia dando aos parceiros, maior ou menor prazer.

Razão, fantasia, emoção e aprendizagem se misturam em nosso cérebro dando respostas curiosas no dia a dia sexual do ser humano.

Os neurotransmissores cumprem uma função indispensável na ativação do impulso sexual, como por exemplo, quando as carícias e beijos levam a lubrificação vaginal e à ereção peniana.

Os cientistas conhecem a feniletilamina (um dos mais simples neurotransmissores) há cerca de 100 anos, mas só recentemente começaram a associá-la à paixão. Ela é uma molécula natural semelhante à anfetamina e suspeita-se que sua produção no cérebro possa ser desencadeada por eventos tão simples como uma troca de olhares ou um aperto de mãos.

O “affair” da feniletilamina com a paixão teve início com uma teoria proposta pelos médicos Donald F. Klein e Michael Lebowitz, do Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova Iorque.
 
Eles sugeriram que o cérebro de uma pessoa apaixonada continha grandes quantidades de feniletilamina, e que esta substância poderia responder, em grande parte, pelas sensações e modificações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados.

PAIXÃO X TEMPO
Existe um limite de tempo para homens e mulheres sentirem os arroubos da paixão?
 
Segundo a professora Cindy Hazan, da Universidade Cornell de Nova Iorque, sim.
 
Ela diz: "seres humanos são biologicamente programados para se sentirem apaixonados durante 18 a 30 meses". Ela entrevistou e testou 5.000 pessoas de 37 culturas diferentes e descobriu que a paixão possui um "tempo de vida" longo o suficiente para que o casal se conheça, copule e produza uma criança.

A pesquisadora identificou algumas substâncias responsáveis pelo amor-paixão: dopamina, feniletilamina e ocitocina. Estes produtos químicos são todos relativamente comuns no corpo humano, mas são encontrados juntos apenas durante as fases iniciais do flerte.
 
Ainda assim, com o tempo, o organismo vai se tornando resistente aos seus efeitos - e toda a "loucura" da paixão desvanece gradualmente - a fase de atração não dura para sempre.
 
O casal, então, se vê frente a uma dicotomia: ou se separa ou habitua-se a manifestações mais brandas de amor - companheirismo, afeto e tolerância, e permanece junto. "Isto é especialmente verdadeiro quando filhos estão envolvidos na relação", diz a Dra. Hazan.

Os homens parecem ser mais susceptíveis à ação dessas substâncias. Eles se apaixonam mais rápida e facilmente que as mulheres.
 
E a Dra. Hazan é categórica quanto ao que leva um casal a se apaixonar e reproduzir: "graças à intensidade da ilusão romanceada, achamos que escolhemos nossos parceiros; mas a verdade é conhecida até mesmo pelos zeladores dos zoológicos: a maneira mais confiável de se fazer com que um casal de qualquer espécie reproduza é mantê-los em um mesmo espaço durante algum tempo".

Com base em outras pesquisas desenvolvidas pela Dra. Helen Fisher, antropologista da Universidade Rutgers e autora do livro The Anatomy of Love, pode-se fazer um quadro com as várias manifestações e fases do amor e suas relações com diferentes substâncias químicas no corpo:
 
VISÃO
A visão é, provavelmente, a fonte de estimulação sexual mais importante que existe.

No homem, existem numerosos estímulos visuais envolvidos na atração sexual, que vão muito além da visão dos genitais do sexo oposto. A forma de mover-se, um olhar, um gesto, inclusive a forma de vestir-se, são estímulos que, enquanto potencializam a capacidade de imaginação do ser humano, podem resultar mais atraentes que a contemplação pura e simples de um corpo nu.

Segundo o neurobiólogo James Old, o amor entra pelos olhos.

Imaginemos duas pessoas que não se conhecem e se encontram em uma festa:

Ambos se olham e imediatamente se avaliam, o que ativa neocórtex, especializado em selecionar e avaliar.

O primeiro nível de avaliação de ambos será o biológico (tem orelhas, duas pernas etc) e enfim, geneticamente saudável.

Depois a análise continua por padrões baseados na experiência de cada um: tipos físicos reforçados como positivos pelos pais, amigos e meios de comunicação.

Simultaneamente se avaliam dentro de seu tempo e cultura: numa sociedade propensa a sucumbir a pragas e escassez de alimentos, mulheres mais cheinhas eram sinônimo de saúde e fortaleza.

Elas são mais seletivas
O neurobiólogo aponta que no caso feminino também existe um fator adicional e mais abstrato: o poder (também ocorrem mudanças com o tempo e cultura).

Segundo o pesquisador, como as mulheres geneticamente têm menos oportunidades para procriar (o número de gametas femininos é menor do que o de espermatozóides), elas buscam no selecionado a capacidade de prover e proteger seus filhos.

AUDIÇÃO
No homem, a aparição da linguagem representa um passo muito mais avançado como meio de solicitação sexual.
 
Em praticamente todas as sociedades humanas, o uso de frases e canções amorosas constitui uma das preliminares mais habituais. Libertado o cérebro da carga social, uma frase erótica, sussurrada ao ouvido, pode resultar tão incitadora quanto um bramido de elefante na imensidão da selva.

De acordo com investigações do Krasnow Institute for Advanced Study of George Mason University, não só as primeiras palavras, mas também os tons de voz deverão responder aos padrões de saúde e genética desejados na escolha do(a) parceiro(a).

TATO
A pele com a qual amamos.

A superfície do corpo humano, com aproximadamente dois metros quadrados de extensão é, poderíamos dizer, o maior órgão sexual do homem. Mais do que simplesmente um dos sentidos, o tato é a resultante de muitos ingredientes: sensibilidades superficiais (epidérmicas e dérmicas), profundas - como a proprioceptiva, ligada a movimento -, vontade de explorar e atividade motora, emoções,  memória, imaginação.

Existem cerca de cinco milhões de receptores do tato na pele - as pontas dos dedos tem uns 3.000 que enviam impulsos nervosos ao cérebro através da medula.
 
O tato é provavelmente o mais primitivo dos sentidos. É a mais elementar, talvez a mais predominante experiência do ser humano, mesmo naquele que ainda não chegou a nascer. O bebê explora o mundo pelo tato.
 
Assim, descobre onde termina seu corpo e onde começa o mundo exterior. Esse sentido é seu primeiro guia.
 
O sentido do tato proporciona um contato imediato com os objetos percebidos e, na relação humana, é uma experiência inevitavelmente recíproca: pele contra a pele provoca imediatamente um nível de conhecimento mútuo. Na relação com o outro, não é possível experimentá-la.
 
Encontramos homens com problemas sexuais que não beijam, não abraçam e nem acariciam sua parceira. Para quê? Pensam eles. Este modelo de comportamento impede que muitos casais desfrutem do prazer que pode proporcionar o simples fato de dar e receber carícias.

A estimulação tátil é uma necessidade básica, tão importante para o desenvolvimento como os alimentos, as roupas, etc..
 
O contato físico é a forma de comunicação mais íntima e intensa dos seres humanos, segundo alguns estudos, até os mais insignificantes contatos físicos tem notáveis efeitos.
 
Nós realmente "sentimos com o olho da mente" - Uma região do cérebro envolvida no processamento do sentido da visão é também necessária para o sentido do tato. Resultados da Universidade de Emory, que confirmam o papel do córtex visual na percepção táctil (toque), foram publicados na edição da revista Nature de 06/10/1999.

As conclusões do estudo são relevantes para o entendimento de não apenas como o cérebro normalmente processa a informação sensorial, "mas também como o processamento é alterado em condições como cegueira, surdez ou torpor e, principalmente, para melhoria dos métodos de comunicação em indivíduos que sofrem de tais desordens", de acordo com Krishnankutty Sathian, Ph.D.

Até recentemente, cientistas acreditavam que regiões separadas do cérebro processavam a informação advinda de vários sentidos. Essa idéia está sendo, agora, desafiada. As descobertas recentes de que o córtex visual de deficientes visuais é ativado durante a leitura em Braille não são tão surpreendentes se apreciadas por este contexto.
 
Os resultados obtidos pelo grupo de pesquisa demonstram que uma região do córtex cerebral, associada à visão, é ativada quando os humanos tentam distinguir a orientação através do tato.

Juntamente aos depoimentos subjetivos da imagem visual e a ativação cortical parieto-occiptal associada, as descobertas levam a crer que o processamento visual facilita a discriminação tátil normal de orientação. Isso, provavelmente, está relacionado ao fato de que geralmente confiamos no sistema visual para nos orientarmos.

PALADAR
Desde muito cedo, a boca é a primeira fonte de prazer. Com 16 semanas de vida, além de fazer caretas, levantar as sobrancelhas e coçar a cabeça, as papilas gustativas já estão desenvolvidas.
 
A experiência tem demonstrado que o feto faz careta e para de engolir quando uma gota de substância amarga é colocada no líquido amniótico. Por outro lado, uma substância doce provoca a aceleração dos movimentos de sucção e deglutição. 

Aliás, o prazer do paladar continua na fase em que o bebê se amamenta através do mamilo da sua mãe. Daí para frente, o paladar fica cada vez mais apurado.

A boca é uma das partes que compõem o rosto de qualquer pessoa. Quanto a isto, não restam margem para dúvidas. Mas o que se calhar não sabe, é que a zona bocal é a última parte a adquirir todas as formas e recortes finais, embora seja a primeira a sentir as emoções iniciais da vivência.

A língua é a base de todo o paladar e a boca é uma das partes mais sensíveis do corpo e mais versáteis. Um beijo combina os três sentidos de tato, paladar e olfato.
 
Favorece o aparelho circulatório, aumenta de 70 para 150 os batimentos do coração e beneficia a oxigenação do sangue. Sem esquecer que o beijo estimula a liberação de hormônios que causam bem-estar.
 
Detalhe: na troca de saliva, a boca é invadida por cerca de 250 bactérias, 9 miligramas de água, 18 de substâncias orgânicas, 7 decigramas de albumina, 711 miligramas de materiais gordurosos e 45 miligramas de sais minerais.
 
As terminações nervosas reagem ao estímulo erótico e promovem uma reação em cadeia. Ao mesmo tempo, as células olfativas do nariz – mais próximas da boca – permitem tocar, cheirar e degustar o outro.
 
O ALFATO
O amor não começa quando os olhares se encontram, mas sim um pouco mais embaixo, no nariz. "Há circuitos que vão do olfato até o cérebro e levam uma mensagem muito clara: sexo", explica Maria Rosa García Medina, especialista em sentidos químicos do Laboratório de Pesquisas Sensoriais do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), da Argentina.

Alguns pesquisadores afirmam que exalamos continuamente, pelos bilhões de poros na pele e até mesmo pelo hálito, produtos químicos voláteis chamados ferormônios.

Estudos têm demonstrado que a maior parte das espécies de vertebrados tem um órgão situado na cavidade nasal denominado órgão vomeronasal (OVN). A finalidade do OVN parece ser exclusivamente a de detectar sinais químicos – os ferormônios - envolvidos no comportamento sexual e de marcação de território.

Atualmente, existem evidências intrigantes e controvertidas de que os seres humanos podem se comunicar com sinais bioquímicos inconscientes. Os que defendem a existência dos ferormônios baseiam-se em evidências mostrando a presença e a utilização de ferormônios por espécies tão diversas como borboletas, formigas, lobos, elefantes e pequenos símios. Os ferormônios podem sinalizar interesses sexuais, situações de perigo e outros.

Os defensores da Teoria dos Ferormônios vão ainda mais longe: dizem que o "amor à primeira vista" é a maior prova da existência destas substâncias controvertidas. Os ferormônios – atestam – produzem reações químicas que resultam em sensações prazerosas. À medida em que vamos nos tornando dependentes, a cada ausência mais prolongada nos dizemos "apaixonados" – a ansiedade da paixão, então, seria o sintoma mais pertinente da Síndrome de Abstinência de Ferormônios.

Com ou sem ferormônios, é fato que a sensação de "amor à primeira vista" relaciona-se significativamente a grandes quantidades de feniletilamina, dopamina e norepinefrina no organismo.
 
E voltamos à questão inicial: até que ponto a paixão é simplesmente uma reação química?

Um tradicional exemplo do estreito vínculo entre olfato e desejo é a síndrome de Kalman, um quadro genético de alteração hormonal que prejudica a puberdade e que está acompanhado por uma ausência congênita do olfato. Com a ajuda de tratamento, esses pacientes chegam a ter níveis normais de hormônios, mas não recuperam o olfato e isso têm efeitos diretos em sua vida afetiva.
 
O laboratório canadense Pheromone Sciences Corp. isolou e caracterizou os diversos ferormônios extraídos do suor. Uma primeira pesquisa revelou que o composto pode estimular a libido em homens e mulheres.
 
Os pesquisadores esperam que, em um futuro não muito distante, esse derivado de ferormônios possa servir como tratamento efetivo e seguro para determinadas disfunções sexuais. Inclusive como complemento de remédios como o Viagra.

"Alguns derivados dos ferormônios já são usados para casos de frigidez feminina e ajudam na primeira etapa da sexualidade, que é o desejo", afirma García Medina. "Isso pode ter um grande potencial em outros tipos de disfunções sexuais, mas ao mesmo tempo, reacende questões éticas: É lícito interferir dessa forma no comportamento de uma pessoa?"

Não há duas pessoas que possuam exatamente o mesmo cheiro, embora haja algumas semelhanças entre membros de uma mesma etnia.
 
O odor corporal é fortemente influenciado pelo tipo de alimentação e influencia nossas preferências por certos aromas. Pessoas que gostam de comidas muito temperadas também preferem fragrâncias fortes e penetrantes, como as que contêm patchuli, sândalo ou gengibre. Aquelas que consomem mais laticínios preferem fragrâncias florais, como lavanda e néroli (flor de laranjeira).
 
A alimentação branda porém saudável dos japoneses, baseada principalmente em peixes, verduras e arroz, em conjunto com os banhos freqüentes e meticulosos, é uma das razões pelas quais seu odor corporal é praticamente inexistente, ao menos para o olfato de outras etnias.
 
Os japoneses são atraídos por fragrâncias delicadas. E, enquanto os esquimós são tidos como tendo cheiro de peixe e os africanos cheiro de amoníaco, o resto do mundo concorda que o cheiro azedo dos europeus é o mais nauseante (neste caso não seria pela conhecida carência de banho?).

Há duas décadas atrás, cientistas europeus conseguiram reproduzir os ferormônios em laboratório.
 
Alguns anos mais tarde, empresários americanos compraram a fórmula, fabricaram o produto em quantidades industriais e o engarrafaram em belos vidrinhos. Agora, os tais ferormônios estão à venda na Internet.
 
O representante brasileiro do perfume americano The Scent promete: "É garantido! Você vai conquistar a mulher dos seus sonhos pelo cheiro".
 
No site da empresa, o extrato de ferormônios é promovido como um "afrodisíaco natural", uma "química revolucionária", um "grande segredo vindo da natureza"; em síntese: "um estimulante sexual da mulher", que foi "inteligentemente mascarado como uma colônia masculina". 
 
Segundo seus fabricantes, este produto mágico age diretamente no subconsciente da mulher, despertando seu desejo sexual sem que ela saiba o porquê de se sentir loucamente atraída pelo galã perfumado. Mesmo sem explicações válidas, o site jura que "ela ficará totalmente a sua mercê".
 
Ficou curioso?
 
As belas promessas continuam: "você usa, é invisível, não tem cheiro, ninguém ficará sabendo, só você. É a ciência médica interferindo na nossa vida sexual, uma arma que ajudará nas suas conquistas".
 
Segundo os responsáveis pelo produto, o sujeito que utilizar a poderosa colônia atrairá todos os olhares femininos, gerando "mais contatos imediatos e, sem dúvida, uma vida sexual mais ativa do que poderia um dia imaginar, não importa a sua aparência, não importa o nível social.

Onde quer que você esteja, passará a chamar muita atenção, como um imã". Mas será que funcionam mesmo? Como você já deve ter percebido, o mesmo perfume ou loção após a barba, exala diversos cheiros em diferentes pessoas, especialmente naquelas do sexo oposto. À medida que a fragrância vaporiza e interage com nossa química própria, várias mudanças do aroma tornam-se perceptíveis.

Apesar de todas as pesquisas e descobertas, existe no ar uma sensação de que a evolução, por algum motivo, deu-se no sentido de que o amor não-associado à procriação surgisse – calcula-se que isto se deu há aproximadamente 10.000 anos.
 
Os homens passaram realmente a amar as mulheres, e algumas destas passaram a olhar os homens como algo mais além de máquinas de proteção.

A despeito de todos os tubos de ensaio de sofisticados laboratórios e reações químicas e moléculas citoplasmáticas, afinal, deve haver algo mais entre o céu e a terra.

De qualquer forma, quando decidimos que temos química com alguém, o mais provável é que estejamos literalmente certos.

O STRESS E SUA FISIOLOGIA

 
A realidade do stress
“No Stress”. Não há quem nunca tenha ouvido, dito ou mesmo lido em algum lugar essa expressão em inglês; que se popularizou no Brasil e até virou jargão.
 
Quem já viajou pelo nordeste, com certeza já viu camisetas, adesivos e todos os tipos de artigos para turistas com essa estampa, que traduzida para o português quer dizer “Sem Estresse”.
 
O lado bom e o lado ruim do stress
Mas, para o espanto de muitos, o temido estresse pode ser um fator positivo e necessário na vida de qualquer um.
 
Como assim? Segundo especialistas, a vida seria muito monótona sem estresse.
 
Um pouco dele traz certa dose de emoção, de desafio, necessários para que as pessoas sintam-se mais estimuladas a vencer os obstáculos do cotidiano.
 
A ansiedade pode ser um fator de crescimento, não só de destruição. Se você não tem angústias, desafios a serem vencidos não têm estímulo para produzir.
 
A ansiedade em fazer um bom trabalho, por exemplo, pode ser algo positivo, dentro dessa colocação, esclarece o presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília, doutor Antônio Geraldo da Silva.

É claro que os limites para o “estresse positivo” devem ser controlados.
 
Quando o stress começa a ser prejudicial
Quando um indivíduo começa a sofrer muita pressão no dia-a-dia, o resultado é exatamente o contrário; ao invés de estímulo, o estresse provoca uma queda de produção no trabalho, mal estar físico e muitos outros fatores nocivos.
 
Por isso, é sempre bom monitorar os níveis de estresse para que não cheguem a ser prejudiciais. “Um grande desafio neste estressante mundo atual é fazer o estresse na vida trabalhar a seu favor e não contra você”, destaca o doutor Antônio Silva.

Cada um tem o seu limite para o estresse. A mesma situação pode causar reações diferentes, dependendo das particularidades de cada pessoa.
 
Se você for um executivo que gosta de se manter ocupado o tempo todo,” ficar ocioso” na praia, em um lindo dia, pode fazê-lo sentir-se extremamente frustrado, não-produtivo e chateado”, explica o doutor.

Portanto, antes de tudo, é preciso detectar as situações que desencadeiam um alto nível de estresse, evitando-a.
 
Reconhecer os primeiros sinais de tensão e então fazer algo a respeito pode significar uma importante diferença na qualidade de vida.

Um dos primeiros cientistas a demonstrar experimentalmente a ligação do estresse com o enfraquecimento do sistema imunológico foi Louis Pasteur (1822-1895). Em estudo pioneiro no final do século 19, ele observou que galinhas expostas a condições estressantes eram mais suscetíveis a infecções bacterianas que galinhas não estressadas.
 
Doenças que podem ser causadas pelo stress
Desde então, o estresse é tido como um fator de risco para inúmeras patologias que afligem as sociedades humanas, como patologias cardiovasculares (arteriosclerose, derrame), metabólicas (diabetes insulino-resistente ou tipo 2), gastrointestinais (úlceras, colite), distúrbios do crescimento (nanismo psicogênico, aumento do risco de osteoporose), reprodutivas (impotência, amenorréia, aborto espontâneo), infecciosas (herpes labial, gripes e resfriados), reumáticas (lupus, artrite reumatóide), câncer e depressão.
 
Incidência de stress no mundo atualmente
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o estresse afeta mais de 90% da população mundial e é considerado uma epidemia global. Na verdade, sequer é uma doença em si: é uma forma de adaptação e proteção do corpo contra agentes externos ou internos. 
 
Tipos de estressores
Primeiro tipo
Estressores sensoriais ou físicos envolvem um contato direto com o organismo. Estaria incluídos, nesse caso, subir escadas, correr uma maratona, sofrer mudanças de temperatura (calor ou frio em excesso), fazer vôo livre ou bungee jumping etc.
 
Segundo tipo
Já o estresse psicológico acontece quando o sistema nervoso central é ativado através de mecanismos puramente cognitivos, como brigar com o cônjuge, falar em público, vivenciar luto, mudar de residência, fazer exames na escola ou de vestibular, cuidar de parentes com doenças degenerativas (como mal de Alzheimer, que causa demência) e outros.
 
Terceiro tipo
Um terceiro tipo de estressor pode ainda ser considerado: as infecções. Vírus, bactérias, fungos ou parasitas que infectam o ser humano induzem a liberação de citocinas (proteínas com ação regulatória) pelos macrófagos, glóbulos brancos especializados na destruição por fagocitose de qualquer invasor do organismo.  As citocinas, por sua vez, ativam um importante mecanismo endócrino de controle do sistema imunológico.
 
Os estágios do stress no organismo humano
A reação do organismo aos agentes estressores pode ser dividida em três estágios, a saber:
 
Primeiro estágio
No primeiro estágio (alarme), o corpo reconhece o estressor e ativa o sistema neuroendócrino.
Inicialmente há envolvimento do hipotálamo, que ativa o sistema nervoso autônomo, em sua porção simpática.
 
O hipotálamo também secreta alguns neurotransmissores, como dopamina, noradrenalina e fator liberador de corticotrofina. Esse último estimula a liberação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise, que também aumenta a produção de outros hormônios, tais como ADH, prolactina, hormônio somatotrófico (STH ou GH - hormônio de crescimento), hormônio tireotrófico (TSH).

O ACTH estimula as glândulas supra-renais a secretarem corticóides e adrenalina (catecolamina).
 
As glândulas adrenais passam  então a produzir e liberar os hormônios do estresse (adrenalina e cortisol), que aceleram o batimento cardíaco, dilatam as pupilas, aumentam a sudorese e os níveis de açúcar no sangue, reduzem a digestão (e ainda o crescimento e o interesse pelo sexo), contraem o baço (que expulsa mais hemácias para a circulação sangüínea, o que amplia a oxigenação dos tecidos) e causa imunodepressão (redução das defesas do organismo).
 
A função dessa resposta fisiológica é preparar o organismo para a ação, que pode ser de “luta” ou “fuga”.
 
Nessa fase também pode ocorrer tento uma inibição quanto um aumento desmedido de hormônios gonadotróficos.
 
Segundo estagio
No segundo estágio, (adaptação), o organismo repara os danos causados pela reação de alarme, reduzindo os níveis hormonais.
 
Terceiro estágio
No entanto, se o agente ou estímulo estressor continua, o terceiro estágio (exaustão) começa e pode provocar o surgimento de uma doença associada à condição estressante, pois nesse estágio começam a falhar os mecanismos de adaptação e ocorre déficit das reservas de energia.
 
As modificações biológicas que aparecem nessa fase assemelham-se àquelas da reação de alarme, mas o organismo já não é capaz de equilibrar-se por si só.

O estresse agudo, repetido inúmeras vezes pode, por essa razão, trazer conseqüências desagradáveis, incluindo disfunção das defesas imunológicas.

O estresse pode provocar também mudança nos receptores pós-sinápticos normais de GABA (principal neurotransmissor inibidor do SNC), levando a superestimulação de neurônios e resultando em irritabilidade do sistema límbico.
 
A presença de GABA diminui a excitabilidade elétrica dos neurônios ao permitir um fluxo maior de íons cloro. A perda de uma das sub-unidades-chave do receptor GABA prejudica sua capacidade de moderar a atividade neuronal.


De modo geral, pode-se afirmar que o organismo humano está muito bem adaptado para lidar com estresse agudo, se ele não ocorre com muita freqüência. Mas quando essa condição se torna repetitiva ou crônica, seus efeitos se multiplicam em cascata, desgastando seriamente o organismo.

DEPENDÊNCIA (VÍCIO) DA INTERNET NA ADOLESCÊNCIA


A dependência da internet foi pesquisada pela primeira em 1996. Nesta ocasião foram estudados 600 casos de pessoas que apresentavam sintomas de dependência, sendo usando na época uma versão adaptada dos critérios usados para o Jogo de Azar do DSM –IV.
 
A terminologia ainda é algo debatido entre os estudiosos e profissionais, alguns usam termos como “dependência da internet”, outros “vícios da internet” e ou “uso compulsivo da internet” O diagnóstico ainda se encontra ligado a outras dependências estabelecidas, tais como transtornos do controle dos impulsos.
 
A dependência da internet tem características para ser reconhecida como um transtorno de espectro impulsivo – compulsivo, envolvendo uso excessivo da internet para jogos e preocupações sexuais.
 
As características mais importantes no diagnóstico
Este transtorno inclui quatro componentes, a saber:
1. Uso excessivo, envolvendo a perda da noção do tempo e negligências de impulsos básicos;
2. Abstinência, incluindo o sentimento de raiva, tensão e/ou depressão quando não se encontra diante do computador;
3. Tolerância, incluindo a necessidade de equipamentos melhores, mais tecnologia e software e/ou mais horas de uso;
4. Repercussão negativa, incluindo briga, mentiras, baixo desempenho, isolamento social e fadiga.
 
Tipos de dependência
Existem dois tipos de dependência, a saber: A específica e a generalizada.
 
A específica envolve o uso excessivo de conteúdos específicos da internet, como por exemplo, jogo de azar, jogos, vídeo games, filmes pornôs, etc.
 
A generalizada envolve o uso multidimensional e excessivo da internet, resultando em consequências negativas para a pessoa na área pessoal e profissional.
 
Sintomas de alerta para uma possível dependência
Caso você tenha uma adolescente ou jovem com esses sintomas ou comportamento, deve estar atento para uma possível dependência.

• Preocupação excessiva com a internet;
• Necessidade de aumentar o tempo conectado com a internet (online) para ter a mesma satisfação;
• Exibi esforços repetitivos para diminuir o tempo de uso da internet;
• Fica irritado quando não usa a internet;
• Fica depressivo quando não usa internet;
• Quando o uso da internet é restringido apresenta labilidade emocional (a internet como forma de reguladora emocional);
• Permanece mais conectado (online) do que o tempo programado;
• Trabalho e relações sociais em risco pelo excesso de uso da internet;
• Mente aos outros a respeito da quantidade de horas que usa com a internet (online);
• Acessa mais jogos de azar na internet do que qualquer outra coisa;
• Acessa mais jogos comuns na internet do que qualquer outra coisa;
• Acessa mais filmes na internet do que qualquer outra coisa;
• Acessa mais filmes e vídeos pornográficos na internet do que qualquer outra coisa;
• Acessa tudo que existe na internet, sem preferência;
• Perdeu a rotina diária em decorrência da internet;
• Descuida da higiene do corpo por estar muito tempo diante da internet (online);
• Ganho de peso por estar muito tempo sentado, sem fazer movimentação;
• Tem dito baixo rendimento escolar por estar muito tempo na internet (online);
• Perde sono ou tem sono insônia por não usando a internet (online);
• Tem preferência pelos contatos virtual em vez dos contatos reais, face a face;
• Prefere ficar em casa a sair com os pais, amigos ou familiares para ficar na internet (online);
• Tem poucos contatos virtuais do que sociais reais (face a face);
• Fica isolado, não apresentando nenhuma preocupação com o mundo real;
• Age de maneira agressiva quando perde um jogo ou quando alguém chama ou incomoda quando estar diante da internet (online);
• Fica ansioso e quer voltar logo para casa quando sai de casa com os pais ou parentes;
• Dispensa comumente os amigos e pessoas do convívio familiar para ficar diante da internet (online);
• Apresenta sinais de disfunções cognitivas;
• Apresenta sinais de tique nervosos (roer unhas, morder partes do corpo, puxa roupa, etc);
• Apresenta um amento da ansiedade quando não estar diante da internet (online);
• Tem dificuldade de se alimentar ou sentar na mesa com os demais familiares e prefere estar diante da internet (online);
• Tem mais interesse na internet do que em atividade outras como passei, televisão, amigos, etc;
• Apresenta desespero e angustia com a possibilidade de ficar sem internet;
• Apresenta surtos quando na falta a internet, ao ponto de gritar, desmaiar ou sair correndo;
• Responde pai, mãe e outras pessoas adultas pelo fato dessas pessoas lhe pedirem que saia da internet;
• Apresenta um comportamento rebelde, ao ponto de agredir pai, mãe, irmãos ou outras pessoas pelo fato; dessas pessoas tentarem coibir o uso da internet;
• Evita e recusa a  ir lugares que não tenham internet;
• Esqueça ou deixa de ir a compromissos sérios, normais e diários devido ao uso da internet;
• Muda rotina, agenda e desmarca compromisso tendo como motivo maior o uso da internet.
 
Prevalência entre adolescentes e jovens
De modo geral as estatísticas indicam que a prevalência de dependência para com a internet entre os adolescentes varia entre 4,6% a 4,7%, já entre universitários os números aumentam e chegam a 13% a 18,5%, deixando claro que essa população corre mais riscos.
 
As consequências da dependência
As consequências da dependência são várias, mas as que mais chamam a atenção são:
• Baixo rendimento escolar, tendo em vista a procrastinação acadêmica, sendo em algumas pesquisas, o Facebook o que tira mais a atenção dos estudantes;
• Aumento da agressividade e irritabilidade diante das cobranças dos pais, parentes e amigos;
• Ansiedade aumentada em decorrência do sentimento de culpa, bem como o desejo de usar o computador por mais tempo;
• Perda de tempo para com a execução de atividades necessárias para a sobrevivência;
• Perda de oportunidades que atrapalham o desenvolvimento estudantil e profissional;
• Descuido para com as necessidades básicas como alimentação, higiene do corpo, sono, descanso e lazer;
• Isolamento social e perda de amigos no campo da realidade, tornando a pessoa incessível para com as coisas do dia a dia;
• Sintomas da abstinência que leva a pessoa a sofrer constantemente de variação de humor, podendo ser agressivos com os pais, irmãos e amigos.
 
Quem corre risco de ficar dependente do computador e internet?
É claro que qualquer pessoa pode e corre o risco de se tornar um dependente do computador e da internet, mas seguramente, existem algumas pessoas que correm mais risco, vejamos:
• Pessoas com múltiplas dependências como de álcool, cigarros, drogas, comida ou sexo são as correm mais risco de se tornarem dependentes da internet. Essa situação acontece pelo fato dessas pessoas estarem fugindo da realidade, sendo assim, a internet um meio de distração conveniente, atrativa e fisicamente segura dos problemas da vida real.

• Pessoas com baixa autoestima, com falta de habilidade social, depressão e que sofrem de solidão. Essas pessoas recorrem ao computador e a internet para fazer a compensação e diminuir a dor e sofrimento.

• Pessoas que sofreram perdas e/ou passaram por divórcios ou separação. Essas pessoas podem fazer uso do computador e da internet além do normal e também como meio de fuga da realidade tornando-se dependentes.
 
A causa da dependência
O desenvolvimento sofre causas situacionais como problemas pessoais, mudança de vida (divórcio recente, recolocação profissional, perdas e morte de alguém da família). Essas pessoas buscam o computador e a internet como fuga psicológica que o distrai de uma situação dolorosa, ou uma situação difícil da vida real.
 
O tratamento
A psicoterapia é essencial no tratamento. Ela vai ser importante para tratar à dependência e os sintomas psicossociais (por exemplo, fobia social, insônia, insatisfação conjugal, ou esgotamento profissional) que normalmente estão acoplados a primeira situação.
 
As técnicas cognitiva e comportamental são por demais usadas no tratamento, no entanto, outras técnicas são também de grande valia como psicoterapia analítica e a psicanálise.
 
O apoio e psicoterapia familiar são de grande valia, pois dão aos familiares as informações, as técnicas de como lidar com o problema e a dimensão do mesmo para melhor ser administrado por todos, visando a recuperação do dependente.
 
Em alguns casos usa-se medicação para diminuir a ansiedade e sintomas da abstinência em situação graves de agressividade e irritação.