segunda-feira, 28 de julho de 2014

ANOTAÇÕES SOBRE A PSICANÁLISE – PARTE I

 
Psicanálise
A psicanálise é um procedimento para investigação de processos mentais que, de outra forma, são, praticamente, inacessíveis.

É um método baseado numa investigação para o tratamento de distúrbios neuróticos.

É uma série de concepções psicológicas adquiridas por esse meio (investigação) e que se somam umas as outras, para formarem progressivamente, uma nova disciplina cientifica.

A psicanálise tem por objeto a personalidade normal e anormal, bem como a abordagem para um tratamento apropriado, considerando, enfaticamente, os determinantes oriundos da primeira infância e os aspectos inconscientes.

O principal objetivo prestar serviços e transmitir conhecimentos, preconizados como métodos de pesquisa, para os pacientes, uma forma de introspecção informal e para os psicanalistas, uma análise lógica e a observação acurada visando descobrir o quer que haja que possa ser classificado como material inconsciente.

Os objetivos terapêuticos da psicanálise compreendem a reconstrução ou uma modificação importante dos padrões de personalidade e defesa básicas do paciente, bem como alívio dos sintomas.
A psicanálise criou uma revolução na concepção e no tratamento dos problemas afetivos, gerando, entre os acadêmicos um grande interesse pela motivação inconsciente, pela personalidade, pelo comportamento anormal e pelo desenvolvimento infantil.

As principais teses defendidas pelos seguidores de Freud
Há que se estudar as leis e os determinantes da personalidade (normal e anormal) e elaborar-se métodos de tratamento para as desordens da personalidade;
Os motivos inconscientes, as lembranças, os medos, os conflitos e as frustrações, são aspectos importantes da personalidade. Trazer esses fenômenos à consciência é uma terapia crucial par as desordens da personalidade;
A personalidade é formada durante a primeira infância. A exploração das lembranças dos primeiros cinco anos de vida é essencial ao tratamento;
A forma mais apropriada de si estudar a personalidade é dentro de um contexto de um relacionamento íntimo e prolongado entre paciente e analista.

Ferramentas de trabalho do analista
As ferramentas do trabalho do analista consistem em: conhecimento prático, conhecimento teórico, o inconsciente e a empatia do analista.

Na verdade não tem como fazer a separação entre o conhecimento prático e o teórico.

Valor da empatia
A empatia é a apreciação emocional (afetiva) dos sentimentos alheios, ou a abstração da própria vida interior, para aceitar um conteúdo psíquico diferente.

Na verdade a empatia é muito importante no tratamento psicanalítico.

O surgimento da técnica psicanalítica
A psicanálise surgiu com Sigmund Freud e começou de modo bem simples: um consultório, uma cadeira, um divã e uma atitude de interesse pelo problema do paciente.

Sigmund Freud
Ele era um médico neurologista em Viena, especialista em doenças nervosas, que descobriu que poderia entender mais o sofrimento dos seus pacientes ouvindo o inconsciente.

Inicialmente ele usou o método de CHARCOT que usava a hipnose no tratamento das histerias; depois com BREUER, que levava seus pacientes à CARTASE, solicitando deles que falassem dos seus sintomas.

Munidos das experiências, Freud começou a formular o método da ASSOCIAÇÃO LIVRE (que consistia de dizer, sem censura o que quer que venha à mente) e a interpretação dos sonhos.

Freud conseguiu formular teoria abrangente tanto sobre a personalidade normal, quanto sobre a anormal, teorias essas, que, de forma incansável, continuou a revisar por toda a sua vida, sempre em função das observações clínicas.

O processo terapêutico
O processo terapêutico é uma série de inter-relacionamento de fatos, que, no caso, teriam de ser psíquicos, os quais, apropriadamente investigados pós-processos técnicos, ensejarão efeitos terapêuticos.

Como processo terapêutico temos os seguintes:
a) da-reação;
b) a compreensão interna;
c) o resgate das lembranças antigas.

A distinção da disciplina fundada por Freud
A disciplina fundada por Freud se distingue em três níveis, a saber:
a) Um método de investigação que consiste em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginarias de um indivíduo, baseado principalmente nas associações livres;
b) Um método psicoterápico, especificado pela acurada interpretação da resistência, da transparência e do desejo;
c) Um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que são sistematizadas os dados introduzidos pelo método psicanalítico de investigação e de tratamento.

Associação livre
É um dos métodos básicos da psicanálise.

A associação livre consiste do paciente dizer sem qualquer censura, o que quer que venha a mente.

Os métodos básicos da psicanálise
Os métodos básicos da psicanálise são a Associação Livre e a Interpretação dos Sonhos.

Sentido geral de Psicanálise
É a análise psicológica; ou a identificação de motivos inconscientes e pré-conscientes.

Estrutura e dinâmica da personalidade
Freud imaginava a psique (ou aparelho psíquico) do ser humano como um sistema de energia: Cada pessoa é movida, segundo ele, por uma quantidade limitada de energia psíquica.

Isso significa, por um lado, que se grande parte da energia for necessária para a realização de determinado objetivo (ex. expressão artística) ela não estará disponível para outros objetivos (ex. sexualidade); por outro lado, se a pessoa não puder dar vazão à sua energia por um canal (ex. sexualidade), terá de fazê-lo por outro (ex. expressão artística). Essa energia provém das pulsões (às vezes chamadas incorretamente de instintos).

 Segundo Freud, o ser humano possui duas pulsões inatas, a sexual e a agressiva. Essas duas pulsões opõem-se ao ideal da sociedade e, por isso, precisam ser controladas através da educação, de forma que a energia gerada pelas pulsões não podem ser liberadas de maneira direta.

O ser humano é, assim, sexual e agressivo por natureza e a função da sociedade é amansar essas tendências naturais do homem.

O não poder dar vazão a essa energia gera no indivíduo um estado de tensão interna que necessita ser resolvido.

Toda ação do homem é motivada, assim, pela busca hedonista de dar vazão à energia psíquica acumulada.

Teoria psicodinâmica da personalidade
A teoria busca explicar a natureza e o desenvolvimento da personalidade, dando-se ênfase na importância das motivações, dos afetos e de outras forças internas.

A Teoria Psicodinâmica da Personalidade presume que o desenvolvimento da personalidade só se desencadeia quando o conjunto dos conflitos psicológicos são resolvidos, sabendo-se, que todos eles, tem suas raízes no início da infância e que são absolutamente inconscientes.

Os níveis da consciência ou modelo topológico da mente
O ser humano, no entanto, não se dá conta de todo esse processo de geração e liberação de energia.
 
Para explicar esse fato, Freud descreve três níveis de consciência:
• O consciente (al. das Bewusste), que abarca todos os fenômenos que em determinado momento podem ser percebidos de maneira conscientes pelo indivíduo;
• O pré-consciente (al. das Vorbewusste), refere-se aos fenômenos que não estão conscientes em determinado momento, mas podem tornar-se, se o indivíduo desejar se ocupar com eles;
• O inconsciente (al. das Unbewusste), que diz respeito aos fenômenos e conteúdos que não são conscientes e somente sob circunstâncias muito especiais podem tornar-se. (O termo subconsciente é muitas vezes usado como sinônimo, apesar de ter sido abandonado pelo próprio Frued.).

Freud não foi o primeiro a propor que parte da vida psíquica se desenvolve inconscientemente. Ele foi, no entanto, o primeiro a pesquisar profundamente esse território.

Segundo ele, os desejos e pensamentos humanos produzem muitas vezes conteúdos que causariam medo ao indivíduo, se não fossem armazenados no inconsciente. Este tem assim uma função importantíssima de estabilização da vida consciente.

Sua investigação levou-o a propor que o inconsciente é alógico (e por isso aberto a contradições); atemporal e a espacial (ou seja, conteúdos pertencentes a épocas ou espaços diferentes podem estar próximas). Os sonhos são vistos como expressão simbólica dos conteúdos inconscientes.

Através da compreensão do conceito de inconsciente torna-se clara a compreensão da motivação na psicanálise clássica: Muitos desejos, sentimentos e motivos são inconscientes, por serem muitos dolorosos para se tornarem conscientes. No entanto esse conteúdo inconsciente influencia a experiência consciente da pessoa, por exemplo, através de atos falhos, comportamentos aparentemente irracionais, emoções inexplicáveis, medo, depressão, sentimento de culpa.

Assim, os sentimentos, sonhos, desejos e motivos inconscientes influenciam e guiam o comportamento consciente.

Mais detalhes sobre consciente.Cs., Pré-Consciente.PCs., Inconsciente.Ics.

Segundo Freud, o consciente é somente uma pequena parte da mente, incluindo tudo do que estamos cientes num dado momento. O interesse de Freud era muito maior com relação às áreas da consciência menos expostas e exploradas, que ele denominava Pré-Consciente e Inconsciente.

Pré-consciente. Estritamente falando, o Pré-Consciente é uma parte do Inconsciente, uma parte que pode tornar-se consciente com facilidade. As porções da memória que nos são facilmente acessíveis fazem parte do Pré-Consciente. Estas podem incluir lembranças de ontem, o segundo nome, as ruas onde moramos, certas datas comemorativas, nossos alimentos prediletos, o cheiro de certos perfumes e uma grande quantidade de outras experiências passadas. O Pré-Consciente é como uma vasta área de posse das lembranças de que a consciência precisa para desempenhar suas funções.

Inconsciente. A premissa inicial de Freud era de que há conexões entre todos os eventos mentais e quando um pensamento ou sentimento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precedem, as conexões estariam no inconsciente. Uma vez que estes elos inconscientes são descobertos, a aparente descontinuidade está resolvida. "Denominamos um processo psíquico inconsciente, cuja existência somos obrigados a supor - devido a um motivo tal que inferimos a partir de seus efeitos - mas do qual nada sabemos" (1933, livro 28, p. 90 na ed. bras.).

No inconsciente estão elementos instintivos não acessíveis à consciência. Além disso, há também material que foi excluído da consciência, censurado e reprimido. Este material não é esquecido nem perdido mas não é permitido ser lembrado. O pensamento ou a memória ainda afetam a consciência, mas apenas indiretamente.

O inconsciente, por sua vez, não é apático e inerte, havendo uma vivacidade e imediatismo em seu material. Memórias muito antigas quando liberadas à consciência, podem mostrar que não perderam nada de sua força emocional. "Aprendemos pela experiência que os processos mentais inconscientes são em si mesmos intemporais. Isto significa em primeiro lugar que não são ordenados temporalmente, que o tempo de modo algum os altera, e que a idéia de tempo não lhes pode ser aplicada" (1920, livro 13, pp. 41-2 na ed. bras.).

Assim sendo, para Freud a maior parte da consciência é inconsciente. Ali estão os principais determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica, as pulsões e os instintos.
 
A formação do inconsciente
O inconsciente se forma desde os primeiros momentos da vida extra-uterina.

Na primeira infância, os impulsos instintivos de orientação, as vezes, com violência, para o primeiro indivíduo capaz de satisfazê-los, resultando este fenômeno, no que se poderia comparar com uma forte enlaçamento, sendo que o intenso ímpeto deste direcionamento, nas duas que se seguirão, acabando por determinar que ocorrerão conflitos relacionados com outros impulsos do mesmo modelo com outras tendências.

O processo não e encerra por ai, pois tudo o que se tornou inconsciente continua operante, como operantes também são todos os esquemas implantados em forma de defesa, conquanto sejam também estas, absolutamente inconscientes.

Características do Inconsciente
1. Inacessíveis à consciência;
2. Funciona através do processo primário;
• A energia psíquica se escoa livremente, passando, sem barreiras, de uma representação para outra, em função de mecanismos de deslocamento e de condensação, reinvestindo-se nas representações ligadas às vivências de satisfação constitutivas do desejo.

3. Pela natureza não verbal dos seus resíduos mnêmicos;
• É uma lembrança de uma cena ou de um rosto de alguém, que tenha ficado oriundo de um tempo em que não havia o recurso da palavra para descrever a percepção.

4. Pelo fato de ser incapaz de outra forma de mentalização além do desejo, que seja, pelo fato de operar de conformidade com o princípio do prazer;
5. Por sua relação com a vida infantil;
6. Por seu caráter infantil, do que se deve juntar, para se ressaltar pela repetição, que os seus conteúdos são de grande significação na determinação da conduta e do pensamento.

Maneiras de acessar os elementos inconscientes
• Via sintomas
No caso a censura se encontra enfraquecida, ou quer que seja reprimido, vier a se tornar muito forte, alguns elementos componentes de reprimido, podem, eventualmente, superar a censura e então, abrir caminho até a consciência, não obstante toda a oposição.

• Via chistis e pilhéria
É o mesmo que o reprimido tem de obter acesso à consciência sem danos à mente (saúde mental): é quando acontece por meio do humorismo.

• Via sonhos
Os elementos do Inconsciente, quando reprimidos, podem, durante o sono, obter acesso à consciência sob forma de sonhos, já que ocorre um relaxamento da censura durante o sono.

A possibilidade de acesso, nesse caso, dá-se porque durante o sono, o sistema inconsciente pode atravessar o aparelho psíquico em direção inversa e  catexiar resíduos mnêmicos visuais com intensidade suficiente para torná-los conscientes com percepções sensitivas, ou melhor, como as imagens do sonho.

Pulsões ou Instintos
Instintos são pressões que dirigem um organismo para determinados fins particulares. Quando Freud usa o termo, ele não se refere aos complexos padrões de comportamento herdados dos animais inferiores, mas aos seus equivalentes humanos. Tais instintos são "a suprema causa de toda atividade" (1940, livro 7, p. 21 na ed. bras.). Freud reconhecia os aspectos físicos dos instintos como necessidades, enquanto denominava seus aspectos mentais de desejos. Os instintos são as forças propulsoras que incitam as pessoas à ação.

Todo instinto tem quatro componentes: uma fonte, uma finalidade, uma pressão e um objeto. A fonte é quando emerge uma necessidade, podendo ser uma parte ou todo corpo. A finalidade é reduzir essa necessidade até que nenhuma ação seja mais necessária, é dar ao organismo a satisfação que ele deseja no momento. A pressão é a quantidade de energia ou força que é usada para satisfazer o instinto e é determinada pela intensidade ou urgência da necessidade subjacente. O objeto de um instinto é qualquer coisa, ação ou expressão que permite a satisfação da finalidade original.

Tomamos como exemplo uma pessoa com sede. O corpo desidrata-se até o ponto em que precisa de mais líquido, portanto, a fonte é a necessidade crescente de líquidos. À medida que a necessidade se torna maior, torna-se consciente como a sensação de sede. Enquanto esta sede não for satisfeita, torna-se mais pronunciada e, ao mesmo tempo em que aumenta sua intensidade, também aumenta a pressão ou energia disponível para fazer algo no sentido de aliviar a sede.

A finalidade é reduzir a tensão e o objeto não é simplesmente um líquido, seja leite, água ou cerveja, mas todo o ato que busca reduzir essa tensão. Isto inclui levantar-se, ir a um determinado lugar, escolher entre várias bebidas, preparar uma delas e bebê-la.

Enquanto as reações iniciais de busca podem ser instintivas, o ponto crítico a ser lembrado é que há a possibilidade de satisfazer o instinto de várias maneiras. A capacidade de satisfazer necessidades nos animais é via de regra limitada a um padrão de comportamento estereotipado de cada espécie. Os instintos humanos servem apenas para iniciar a ação. Mas esta, por sua vez, não é predeterminada pela biologia de nossa espécie e nem se caracteriza sempre numa determinada ação particular.

O número de soluções possíveis para um ser humano satisfazer uma finalidade instintiva é uma soma de sua necessidade biológica inicial, mais seu desejo mental (que pode ou não ser consciente) e mais uma grande quantidade de idéias anteriores, hábitos e opções disponíveis.

Freud assume que o modelo mental e comportamental normal e saudável tem a finalidade de reduzir a tensão a níveis previamente aceitáveis. Uma pessoa com certa necessidade continuará buscando atividades que possam reduzir esta tensão original. O ciclo completo de comportamento que parte do repouso para a tensão e a atividade, e volta para o repouso, é denominado modelo de tensão-redução.
 
As tensões são resolvidas pela volta do corpo ao nível de equilíbrio que existia antes da necessidade emergir.

Ao examinar analiticamente um determinado comportamento, Freud considerava que a pessoa procurava satisfazer, por essa atividade, suas pulsões psicofísicas subjacentes. Se observarmos pessoas comendo, supomos que elas estão satisfazendo sua fome, da mesma forma como se estão chorando será provável que algo as perturbou. O trabalho analítico envolve a procura das causas dos pensamentos e comportamentos, de modo que se possa lidar de forma mais adequada com uma necessidade que está sendo imperfeitamente satisfeita por um pensamento ou comportamento particular.

No entanto, vários pensamentos e comportamentos parecem não reduzir esta tensão. De fato, eles aparecem para criar mais tensão ou ansiedade. Estes comportamentos podem indicar que a expressão direta de um instinto pode ter sido bloqueada. Embora seja possível catalogar uma série ampla de instintos, Freud tentou reduzir esta diversidade a alguns instintos que chamou de básicos.

Instintos Básicos
Num primeiro momento Freud descreveu duas forças instintivas opostas, a sexual (erótica ou fisicamente gratificante) e a agressiva ou destrutiva. Suas últimas descrições, mais globais, encararam essas forças ou como mantenedoras da vida ou como incitadoras da morte. Essas formulações supõem dois conflitos instintivos básicos, biológicos, contínuos e não-resolvidos. Tal antagonismo básico não costuma ser visível ou consciente, e a maioria de nossos pensamentos e ações é evocada por estas ambas forças instintivas em combinação.

Freud impressionou-se com a diversidade e complexidade do comportamento que emerge da fusão das pulsões básicas. Por exemplo, ele escreve: "Os instintos sexuais fazem-se notar por sua plasticidade, sua capacidade de alterar suas finalidades, sua capacidade de se substituírem, permitindo uma satisfação instintiva ser substituída por outra, e por sua possibilidade de se submeterem a adiamentos . . . " (1933, livro 28, p. 122 na ed. bras.). Os instintos seriam então, canais através dos quais a energia pudesse fluir.

Libido e Energia Agressiva
Cada um destes instintos gerais teria uma fonte de energia separadamente. Libido (da palavra latina para "desejo" ou "anseio") é a energia aproveitável para os instintos de vida. "Sua produção, aumento ou diminuição, distribuição e deslocamento devem propiciar-nos possibilidades de explicar os fenômenos psicossexuais observados" ( 1905a, livro 2, p. 113 na ed. bras.). Outra característica importante da libido é sua mobilidade, ou a facilidade com que pode passar de uma área de atenção para outra.

A energia do instinto de agressão ou de morte não tem um nome especial, como tem o instinto da vida (Libido). Ela supostamente apresenta as mesmas propriedades gerais que a Libido, embora Freud não tenha elucidado este aspecto.

Catexia
Catexia é o processo pelo qual a energia libidinal disponível na psique é vinculada a ou investida na representação mental de uma pessoa, idéia ou coisa. A libido que foi catexizada perde sua mobilidade original e não pode mais mover-se em direção a novos objetos. Está enraizada em qualquer parte da psique que a atraiu e segurou.

Tomando a Libido como exemplo de uma dada quantidade de dinheiro, a Catexia seria o processo de investir esse dinheiro. Digamos, então, que uma porção do dinheiro foi investida (catexizada), permanecendo nessa hipotética aplicação e deixando algo a a menos do montante original para investir em outro lugar.

Estudos psicanalíticos sobre luto, por exemplo, interpretam o desinteresse das ocupações normais e a preocupação com o recente finado como uma retirada de Libido dos relacionamentos habituais e uma extrema Catexia na pessoa perdida.

A teoria psicanalítica se interessa em compreender onde a libido foi catexizada inadequadamente. Uma vez liberada ou redirecionada, esta mesma energia ficará disponível para satisfazer outras necessidades habituais.

A necessidade de liberar energias presas também se encontra nos trabalhos de Rogers e Maslow, assim como no Budismo. Cada uma dessas teorias chega a diferentes conclusões a respeito da fonte da energia psíquica, mas todos concordam com a alegação freudiana de que a identificação e a canalização dessa energia são uma questão importante na compreensão da personalidade.

Os sistemas ou instâncias da personalidade humana
Freud desenvolveu em (1923) um modelo estrutural da personalidade, em que o aparelho psíquico se organiza em três estruturas, a saber: Id, Ego e Superego.

No Id se tem o instintivo; No Ego o executivo e no Superego o juiz.

O Id
Id (al. es, "ele, isso"): O id é a fonte da energia psíquica (libido). O id é formado pelas pulsões - instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer (al. Lustprinzip), ou seja, busca sempre o que produz prazer e evita o que é aversivo, e somente segundo ele.

O Id não faz plano, nem espera, busca uma solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece inibição.

Ele não tem contato com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter o mesmo efeito de uma atingida através de uma ação.

O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral, sendo exigente, impulsivo, cego irracional, anti-social, egoísta e dirigido ao prazer. O id é completamente inconsciente.

É o sistema original da personalidade e compreendem todos os componentes psicológicos presentes no nascimento incluindo, os instintos e exprime o que quer que haja de impessoal, involuntário e inconsciente, nas formas mais profundas que governarão a vida.

O id é completamente inconsciente.
O Id é a fonte e o reservatório de toda energia psíquica que anima e operaciona os outros sistemas (Ego e Superego), que por sua vez, se origina dos processos físicos.

Característica do funcionamento do Id
O funcionamento do Id dá-se via processo primário do pensamento, ou seja: procura resposta direta e imediata ante um estímulo instintivo, não distinguindo entre a realidade e a fantasia.

Maneira do Id dar-se a conhecer
Nas pessoas sadias o Id dar-se a conhecer pelos sonhos, os sonhos funcionam como saída.

Nas pessoas enfermas o Id dar-se conhecer pelas alucinações, as alucinações funcionam como saída.

Papel do Id
É o Id que vai gerar os dois outros sistemas da personalidade, que são o Ego e o Superego.

O Ego
Ego (al. ich, "eu"): O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo: é o chamado princípio da realidade.

É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera ao comportamento humano: a satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de conseqüências negativas.

A principal função do ego é buscar uma harmonização inicialmente entre os desejos do id e a realidade e, posteriormente, entre esses e as exigências do superego.

O Ego é a parte executiva da personalidade e que compreende as partes conscientes da mesma e ela vem a se desenvolver por meio da diferenciação das capacidades psíquicas em contato com as realidades externas.

Parte do Ego é inconsciente.
A estrutura do Ego
O Ego e dominado pelo princípio da realidade, que é o fator que se incumbe do ajustamento ao ambiente e da solução dos conflitos entre o organismo e a realidade.

O Ego é o mediador entre o Id e o mundo exterior.

O Ego opera de acordo com o princípio da realidade, cujo objetivo é a avaliação da situação, pelo que pode ir a adiar a satisfação de uma necessidade, até que venha um método satisfatório seja encontrado.

Característica do funcionamento do Ego
Seu modo característico de funcionamento dá-se via processo secundário do pensamento, o que significa dizer que busca satisfazer os impulsos do Id, mas agindo sempre, através de meios indiretos e freqüentemente demorados, em função do fato estar avaliando as condições determinadas pela realidade ambiental.

A lógica e a objetividade caracterizam o pensamento verbal característico do Ego.
O Superego
Superego (al. Überich, "super-eu"): É a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade.

O superego tem três objetivos: (1) inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados (2) forçar o ego a se comportar de maneira moral (mesmo que irracional) e (3) conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e palavras.

O superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores recebidos dos pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar de uma maneira bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por pensamentos; outra característica sua é o pensamento dualista (tudo ou nada; certo ou errado, sem meio-termo).

O superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem ser procurado, e consciência (al. Gewissen), que determina o mal a ser evitado.

O superego é uma integração das forças sociais repressivas que o indivíduo encontra no decorrer do seu desenvolvimento. Sua atividade se evidencia nos conflitos do Ego, por afetos relacionados com a moralidade e muito principalmente, com a culpabilidade.

Parte do Superego é inconsciente.
A formação do Superego
O superego é formado pela identificação da criança com o genitor do mesmo sexo, o que se dá na resolução do Complexo de Édipo, momento em que a criança integra sua personalidade aquilo que crê sejam os princípios básicos e ideais dos seus pais.

Neste momento a criança desenvolve o auto-controle que substitui o controle parental.

As partes do Superego
São duas as parte do Superego:
Primeira, a chamada consciência que se baseia nos fatos ou coisas que sofreram desaprovação e punição, ao tempo da infância, pela ação dos pais e, ou de outros que intervirão na educação inicial.

Segunda, o chamado Ego Ideal que representa os fatos que coisas que receberão calorosa aprovação dos pais ou por outras pessoas.

A satisfação do Ego Ideal provoca intensos sentimentos de bem-estar e de orgulho.

O representante do Superego
O Superego é o representante internalizado daquilo que o indivíduo considera ser basicamente certo ou errado. Ou seja: é a porção moral da personalidade.

Relações entre os Três Subsistemas
A meta fundamental da psique é manter e recuperar, quando perdido, um nível aceitável de equilíbrio dinâmico que maximiza o prazer e minimiza o desprazer. A energia que é usada para acionar o sistema nasce no Id, que é de natureza primitiva, instintiva. 0 ego, emergindo do id, existe para lidar realisticamente com as pulsões básicas do id e também age como mediador entre as forças que operam no Id e no Superego e as exigências da realidade externa. O superego, emergindo do ego, atua como um freio moral ou força contrária aos interesses práticos do ego. Ele fixa uma série de normas que definem e limitam a flexibilidade deste último.

O id é inteiramente inconsciente, o ego e o superego o são em parte. "Grande parte do ego e do superego pode permanecer inconsciente e é normalmente inconsciente.

Isto é, a pessoa nada sabe dos conteúdos dos mesmos e é necessário despender esforços para torná-los conscientes" ( 1933, livro 28, p. 89 na ed. bras.).

Nesses termos, o propósito prático da psicanálise "é, na verdade, fortalecer o ego, fazê-lo mais independente do superego, ampliar seu campo de percepção e expandir sua organização, de maneira a poder assenhorear-se de novas partes do id" (1933, livro 28, p. 102 na ed. bras.).

Suposições básicas da psicanálise estabelecidas por Freud
Freud estabeleceu as seguintes suposições, a saber:
O determinismo, ou causalidade psíquica;
A teoria do inconsciente.
 
Conceito de determinismo
O conceito de determinismo psiquismo admite que cada evento psíquico é determinado pelos eventos que o precederão do mesmo modo que todos os eventos físicos tem determinante causais.
 
Conceito de processo mental inconsciente
O processo mental inconsciente é papel vital que por ele é exercido na conduta e nos processos de pensamento humano, não obstante parecer que outras causas estejam, atuando, ou que os fenômenos observados sejam sem sentido.
 
A exemplificação da importância do inconsciente
Freud comparou a mente a um iceberg, cuja porção menor aparece sobre a superfície da água, enquanto que a parte maior, aquela que é submersa, representa a região do inconsciente.
 
As neuroses
A palavra neurose foi criada pelo médico escocês, Dr. William Cullen, introduzido num tratado médico que foi publicado em 1777.
 
Freud ensinou que a neurose se baseia no conflito neurótico.
È o conflito neurótico que provoca a obstrução da descarga dos impulsos instituais que ocorrerão num estado em que estejam reprimidas.
 
A neurose acontece quando o Ego vai ficando cada vez menos capacitado para administrar as tensões sempre crescentes, o que acaba resultando na sua total sujeição.
 
O neurótico
Neurótico é quem porta um conflito inconsciente entre o EGO e o ID, conflito este, que, por sua vez, segue obstruindo as descargas instintuais.
 
A diferença entre uma pessoa neurótica e uma normal
As distinções psicológicas entre uma pessoa neurótica e uma pessoa normal são mais quantitativas que qualitativa, ou seja, uma diferença de grau e não de qualidade.
 
A sexualidade para Freud
Ele ousou a discordar que na sexualidade estavam todas as respostas às perguntas que por muito tempo, torturaram os grandes nomes da ciência de então.
 
As recordações para Freud
Freud descobriu que as vezes há que em recordações, conseguem aflorar à consciência lembranças muito antigas, que poderiam ser consideradas como feridas.
 
Os acontecidos nos primórdios da infância, não nos voltam à consciência, não será por que os tenhamos perdido, mas porquê, de alguma forma, não se adequaram a nossa vida atual, ou entre eles e a sua recepção, está firmemente implantado um obstáculo qualquer.
 
O acesso as recordações
O acesso as recordações ou lembranças infantis se conservam no inconsciente e que de lá podem ser trazidas, na vida adulta, ao exterior, mediante o procedimento analítico.
 
Para tanto, Freud valeu-se de sonhos, erros de linguagem, atos falhos e de um imenso número de manifestações absolutamente inconsciente.
 
Processo de repressão
É o processo que tem início na infância e que tem influencia do ambiente, cujos resultados repercutem por toda vida.
 
A neutralização da repressão
A maneira de neutralizar a repressão acontece através da análise, que é o único processo que pode neutralizar os motivos das repressões.
 

Objetivo do tratamento psicanalítico
Trazer à consciência dos pacientes aquilo que lhes era inconsciente e para tanto, usando milhares de horas de cuidadosa audiência, análise e auto-observação, para então formular hipóteses a respeito da personalidade que tiver no consultório.