domingo, 5 de maio de 2024

EROTOMANIA: O QUE É, ORIGEM, SINTOMAS E TRATAMENTO

 


O QUE É EROTOMANIA

A Síndrome de De Clèrambault, ou Erotomania é um transtorno psicológico caracterizado por delírios persistentes em que o indivíduo acredita que outra pessoa, frequentemente de status mais alto ou uma figura pública, está apaixonada por ele.

Este transtorno insere-se na categoria mais ampla de transtornos delirantes, e é marcado por uma convicção irrealista e inflexível, que persiste mesmo frente a evidências contrárias claras.

Erotomania é um tipo de transtorno delirante em que uma pessoa tem a crença infundada de que outra pessoa está apaixonada por ela, apesar de evidências claras do contrário.

Esta outra pessoa geralmente é de status social mais elevado ou uma celebridade, e o indivíduo com erotomania frequentemente acredita que essa pessoa está se comunicando seu amor por meio de gestos sutis ou mensagens secretas.

Os delírios de erotomania podem ser bastante específicos e detalhados, e a pessoa que sofre desse transtorno pode interpretar ações completamente normais ou neutras como provas de amor ou convites para um relacionamento.

Por exemplo, a pessoa pode acreditar que olhares casuais, interações sociais corriqueiras ou até a ausência de contato são formas de comunicação secretas.

ORIGEM DO TERMO

A origem do termo "erotomania" vem do grego "Eros", referindo-se ao amor, e "mania", indicando loucura ou obsessão.

Historicamente, a condição foi primeiramente descrita pelo psiquiatra francês Gaëtan Gatian de Clérambault no início do século 20, cujo estudo sobre o transtorno delirante formou a base para a compreensão moderna da condição, muitas vezes referida como Síndrome de Clérambault.

A Síndrome de Clérambault, também conhecida como erotomania, recebe esse nome em homenagem ao psiquiatra francês Gaëtan Gatian de Clérambault, que foi o primeiro a descrever essa condição de forma detalhada no início do século 20.

Clérambault especializou-se em psiquiatria e desenvolveu um interesse particular pelos transtornos psicóticos, incluindo aqueles com características delirantes.

Em seus estudos, ele descreveu um padrão específico de delírio no qual uma pessoa erroneamente acredita que outra pessoa, geralmente de status social superior ou inatingível, está profundamente apaixonada por ela.

Este delírio ocorre apesar de não haver evidência real ou interesse romântico por parte da pessoa alvo. Clérambault detalhou essa condição em sua obra sobre os estados psicóticos e, por suas contribuições significativas ao entender essa particular forma de delírio, a condição foi nomeada em sua honra.

SINTOMAS PRINCIPAIS

Os principais sintomas da erotomania incluem uma crença delirante de que outra pessoa está secretamente apaixonada pelo indivíduo, interpretações errôneas de gestos ou palavras neutras como declarações de amor, e uma resposta emocional intensa que pode variar de euforia a desespero, dependendo da reação percebida do objeto de seu afeto.

Muitas vezes, esses delírios são acompanhados por comportamentos de perseguição ou tentativas de contato, o que pode levar a implicações legais e sociais sérias.

AS POSSÍVEIS CAUSAS

As causas exatas da erotomania são desconhecidas, mas acredita-se que fatores biológicos, psicológicos e sociais possam contribuir para o desenvolvimento do transtorno.

Alterações neuroquímicas no cérebro, experiências de vida traumáticas, isolamento social e predisposição genética são considerados fatores de risco potenciais.

CLASSIFICAÇÃO DE EROTOMANIA NO CID – 10 E DSM-5

A condição está inserida na CID-10 como subtipo de Transtorno Delirante Persistente (F22.0).

A erotomania é classificada como um transtorno delirante no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), que é o guia padrão usado por profissionais de saúde mental para diagnosticar transtornos mentais.

TRATAMENTO

O tratamento da erotomania é desafiador e geralmente requer uma abordagem multifacetada.

A psicoterapia é central, com o objetivo de ajudar o paciente a reconhecer e questionar a validade de suas crenças delirantes, melhorar suas habilidades de interação social e lidar com sentimentos de rejeição ou isolamento.

Medicamentos antipsicóticos podem ser prescritos para controlar os delírios e reduzir a intensidade dos sintomas psicóticos. Os neurolépticos são as drogas mais indicadas, e alguns estudos mostram boa resposta à risperidona.

O envolvimento de familiares e a construção de uma rede de apoio social também são cruciais para o sucesso do tratamento, proporcionando um ambiente que promova a realidade e o bem-estar emocional do paciente.

A cooperação entre psiquiatras, psicólogos e outros profissionais de saúde é essencial para abordar todos os aspectos do transtorno.

Resumindo, tratar a erotomania geralmente envolve psicoterapia e, em alguns casos, medicamentos antipsicóticos para ajudar a controlar os delírios. É importante que o tratamento seja acompanhado por profissionais de saúde mental devido à complexidade e às implicações do transtorno no bem-estar e na vida social do indivíduo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

BERRIOS, G. E.; KENNEDY, N. Erotomania: a conceptual history. History of Psychiatry, [S.l.], v. 13, n. 50, p. 117-150, 2002. Disponível em: <link>. Acesso em: [data de acesso].

MUNRO, A. Deducional disorder: paranoia and related illnesses. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.

REVISTA PSIQUIÁTRICA RIO GRANDE DO SUL. A síndrome de De Clérambault. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rprs/a/xJcmrrndSW7S4Lcs4zDm4zK/. Acesso em: [04/05/2024].

sexta-feira, 21 de abril de 2023

A GESTALT E GESTALT-TERAPIA: FUNDADORES, CARACTERÍSTICAS E APLICABILIDADE CLÍNICA


INTRODUÇÃO

A Gestalt e a Gestalt-terapia são abordagens psicológicas que enfatizam a importância da percepção da totalidade da experiência e da integração da mente e do corpo para a compreensão e resolução de problemas emocionais e comportamentais.

A Gestalt surgiu na década de 1920 como uma alternativa à psicologia comportamentalista predominante na época, enquanto a Gestalt-terapia foi desenvolvida na década de 1950 como uma aplicação terapêutica da abordagem Gestalt.

Ambas as abordagens têm uma forte relação com a filosofia e a arte, valorizando a percepção da totalidade, a organização da experiência em padrões significativos e a criatividade.

Gestalt e Gestalt-terapia são conceitos diferentes, embora relacionados entre si.

GESTALT

Gestalt é uma palavra alemã que significa "forma" ou "configuração" e refere-se a uma abordagem da psicologia que enfatiza a importância da percepção da totalidade ou "configuração" de um objeto ou experiência, em oposição à análise de suas partes isoladas.

A Gestalt busca compreender como as pessoas organizam suas percepções em padrões significativos e como isso afeta a maneira como elas experienciam o mundo ao seu redor.

A Gestalt pode ser aplicada em diversas áreas, como na arte, na psicologia e na filosofia.

GESTALT-TERAPIA

Já a Gestalt-terapia é uma abordagem psicoterapêutica que se baseia na teoria da Gestalt para tratar problemas emocionais e comportamentais.

A Gestalt-terapia valoriza o "aqui e agora" e a experiência direta, enfatizando a importância do momento presente.

A terapia visa ajudar o paciente a se tornar mais consciente de suas emoções, pensamentos e comportamentos, a fim de promover a auto-exploração e o autoconhecimento.

Os terapeutas gestaltistas utilizam uma variedade de técnicas, incluindo diálogo, role-playing, expressão corporal e outras intervenções que visam ajudar o paciente a se conectar mais plenamente com sua experiência.

Em resumo, a Gestalt é uma abordagem mais ampla que se concentra na percepção e organização da experiência em um nível mais geral, enquanto a Gestalt-terapia é uma aplicação específica da teoria da Gestalt na psicoterapia.

OS FUNDADORES DA GESTALT E DA GESTALT-TERAPIA

A Gestalt e a Gestalt-terapia foram criadas por diferentes fundadores, com abordagens distintas.

DA GESTALT

A Gestalt foi fundada por um grupo de psicólogos e filósofos alemães na década de 1920, entre os quais se destacam Max Wertheimer "maks vert-haím-er", Wolfgang Köhler "volf-gâng keu-ler" e Kurt Koffka "kurt kóf-ka".

Eles desenvolveram a teoria da Gestalt como uma alternativa à psicologia comportamentalista predominante na época.

A teoria da Gestalt enfatiza que a mente percebe a totalidade de uma experiência, em vez de apenas suas partes, e que a organização e o significado da experiência são determinados pela percepção do todo, e não pelas partes isoladas.

A teoria da Gestalt também destaca a importância do contexto e da situação para a compreensão da experiência.

DA GESTALT-TERAPIA

A Gestalt-terapia foi desenvolvida por Fritz Perls "frits perls", Laura Perls "laura pér-ls)e Paul Goodman "pól gud-mãn" na década de 1950.

A Gestalt-terapia é baseada na teoria da Gestalt, mas enfatiza a aplicação da abordagem no contexto terapêutico.

Fritz Perls é geralmente considerado o fundador da Gestalt-terapia, e suas principais teses incluem a ênfase no momento presente, a importância da autenticidade, a conexão entre corpo e mente e a responsabilidade pessoal.

Perls também enfatizou a importância da relação terapêutica e da experiência direta para o processo terapêutico.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA GESTALT

A Gestalt é uma abordagem da psicologia que se concentra na percepção e organização da experiência em um nível mais geral, em vez de analisar as partes isoladas de uma experiência. Entre as principais características da Gestalt, podemos destacar:

Ênfase na percepção da totalidade:

A Gestalt enfatiza que a mente percebe a totalidade de uma experiência, em vez de apenas suas partes isoladas. A organização e o significado da experiência são determinados pela percepção do todo, e não pelas partes isoladas.

Importância do contexto e da situação:

A teoria da Gestalt destaca a importância do contexto e da situação para a compreensão da experiência. A experiência é influenciada pelo ambiente em que ocorre e pelo contexto em que é percebida.

Fenômenos perceptuais:

A Gestalt se concentra em fenômenos perceptuais, como a figura e o fundo, a proximidade, a similaridade, a continuidade e o fechamento. Esses fenômenos perceptuais ajudam a explicar como as pessoas organizam sua percepção em padrões significativos.

Processo de organizar e reorganizar a experiência:

A Gestalt destaca que o processo de organizar e reorganizar a experiência é um processo contínuo e dinâmico. As pessoas estão sempre ativamente envolvidas na organização de sua experiência.

Abordagem holística:

A Gestalt é uma abordagem holística que valoriza a totalidade e a integração da experiência. A terapia Gestalt-terapia, por exemplo, busca ajudar o paciente a se tornar mais consciente de sua experiência como um todo, incluindo seus pensamentos, emoções e comportamentos.

Em resumo, a Gestalt é uma abordagem que valoriza a percepção da totalidade e a organização da experiência em padrões significativos. A abordagem tem aplicações em áreas como a psicologia, a arte e a filosofia.

AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA GESTALT-TERAPIA

A Gestalt-terapia é uma abordagem psicoterapêutica que se baseia na teoria da Gestalt para tratar problemas emocionais e comportamentais. Entre as principais características da Gestalt-terapia, podemos destacar:

Abordagem centrada no momento presente:

A Gestalt-terapia enfatiza o momento presente, a experiência direta e a consciência daqui e agora. O terapeuta ajuda o paciente a se concentrar no momento presente para explorar as emoções, pensamentos e comportamentos em tempo real.

Ênfase na autenticidade:

A Gestalt-terapia valoriza a autenticidade e a sinceridade, encorajando os pacientes a serem honestos consigo mesmos e com os outros. A terapia ajuda o paciente a se conectar com sua verdadeira identidade e a assumir a responsabilidade por suas ações.

Foco na relação terapêutica:

A Gestalt-terapia enfatiza a importância da relação terapêutica entre o terapeuta e o paciente. A relação é vista como um microcosmo da vida do paciente, que permite a exploração e resolução de problemas pessoais.

Abordagem experiencial:

A Gestalt-terapia utiliza técnicas experienciais, como role-playing, expressão corporal e outras intervenções que visam ajudar o paciente a se conectar mais plenamente com sua experiência. As experiências vivenciadas pelo paciente são exploradas para ajudá-lo a compreender e resolver problemas.

Responsabilidade pessoal:

A Gestalt-terapia enfatiza a responsabilidade pessoal e o empoderamento do paciente. O terapeuta ajuda o paciente a assumir a responsabilidade por suas escolhas e ações e a trabalhar para mudar a si mesmo em vez de esperar que os outros mudem.

Em resumo, a Gestalt-terapia é uma abordagem terapêutica centrada no momento presente, que valoriza a autenticidade, a relação terapêutica e a responsabilidade pessoal. A terapia utiliza técnicas experienciais para ajudar o paciente a se conectar mais plenamente com sua experiência e a trabalhar para a mudança pessoal.

APLICABILIDADE DA GESTALT COMO ABORDAGEM TERAPÊUTICA

A Gestalt é uma linha psicoterapêutica com ampla aplicabilidade em diferentes contextos, pois valoriza a compreensão da totalidade da experiência do paciente, incluindo seus pensamentos, emoções, comportamentos e o contexto em que a experiência ocorre. Algumas das principais aplicações da Gestalt como uma linha psicoterapêutica incluem:

Tratamento de problemas emocionais e comportamentais:

A Gestalt-terapia é uma abordagem psicoterapêutica eficaz para o tratamento de uma ampla gama de problemas emocionais e comportamentais, como ansiedade, depressão, problemas de relacionamento, dificuldades de comunicação e traumas.

Aperfeiçoamento pessoal e profissional:

A Gestalt também é aplicável para pessoas que buscam aperfeiçoamento pessoal e profissional, ajudando-os a desenvolver a autenticidade, a autoconsciência e a responsabilidade pessoal. A Gestalt pode ajudar as pessoas a lidar com mudanças, tomar decisões importantes e alcançar objetivos pessoais e profissionais.

Desenvolvimento humano:

A Gestalt também pode ser aplicada no desenvolvimento humano, incluindo o desenvolvimento infantil, adolescentes e adultos em diferentes fases de suas vidas. A abordagem ajuda as pessoas a se tornarem mais conscientes de suas emoções, pensamentos e comportamentos, desenvolver a autoestima e a autoconfiança, além de melhorar a comunicação e a relação interpessoal.

Promoção da criatividade:

A Gestalt tem uma forte relação com a criatividade, pois a abordagem valoriza a percepção da totalidade e a organização da experiência em padrões significativos. A abordagem é aplicada na arte, música, literatura e outras áreas criativas para ajudar os artistas a explorar novas formas de expressão e criatividade.

Em resumo, a Gestalt é uma linha psicoterapêutica com ampla aplicabilidade em diferentes contextos, pois enfatiza a compreensão da totalidade da experiência do paciente, a autenticidade, a responsabilidade pessoal e a relação terapêutica.

A abordagem pode ser aplicada no tratamento de problemas emocionais e comportamentais, aperfeiçoamento pessoal e profissional, desenvolvimento humano e promoção da criatividade.

A APLICABILIDADE DA GESTALT-TERAPIA COMO LINHA TERAPÊUTICA

A Gestalt-terapia é uma linha psicoterapêutica com ampla aplicabilidade em diferentes contextos, pois enfatiza a compreensão da totalidade da experiência do paciente, a autenticidade, a responsabilidade pessoal e a relação terapêutica. Algumas das principais aplicações da Gestalt-terapia como uma linha psicoterapêutica incluem:

Tratamento de problemas emocionais e comportamentais:

A Gestalt-terapia é uma abordagem psicoterapêutica eficaz para o tratamento de uma ampla gama de problemas emocionais e comportamentais, como ansiedade, depressão, problemas de relacionamento, dificuldades de comunicação e traumas.

Aperfeiçoamento pessoal e profissional:

A Gestalt-terapia pode ser aplicada para pessoas que buscam aperfeiçoamento pessoal e profissional, ajudando-os a desenvolver a autenticidade, a autoconsciência e a responsabilidade pessoal. A Gestalt-terapia pode ajudar as pessoas a lidar com mudanças, tomar decisões importantes e alcançar objetivos pessoais e profissionais.

Desenvolvimento humano:

A Gestalt-terapia é aplicável no desenvolvimento humano, incluindo o desenvolvimento infantil, adolescentes e adultos em diferentes fases de suas vidas. A abordagem ajuda as pessoas a se tornarem mais conscientes de suas emoções, pensamentos e comportamentos, desenvolver a autoestima e a autoconfiança, além de melhorar a comunicação e a relação interpessoal.

Promoção da criatividade:

A Gestalt-terapia tem uma forte relação com a criatividade, pois a abordagem valoriza a percepção da totalidade e a organização da experiência em padrões significativos. A abordagem é aplicada na arte, música, literatura e outras áreas criativas para ajudar os artistas a explorar novas formas de expressão e criatividade.

Abordagem integrativa:

A Gestalt-terapia é uma abordagem integrativa, que incorpora elementos de outras abordagens psicoterapêuticas, como a psicodinâmica, a cognitivo-comportamental e a humanista. A Gestalt-terapia é flexível e adaptável às necessidades individuais dos pacientes, podendo ser utilizada em combinação com outras abordagens.

Em resumo, a Gestalt-terapia é uma linha psicoterapêutica com ampla aplicabilidade em diferentes contextos, pois enfatiza a compreensão da totalidade da experiência do paciente, a autenticidade, a responsabilidade pessoal e a relação terapêutica.

A abordagem pode ser aplicada no tratamento de problemas emocionais e comportamentais, aperfeiçoamento pessoal e profissional, desenvolvimento humano e promoção da criatividade, além de ser integrada com outras abordagens psicoterapêuticas.

CONCLUSÃO:

A Gestalt e a Gestalt-terapia são abordagens psicológicas que se destacam por sua ênfase na percepção da totalidade e na integração da mente e do corpo para a compreensão e resolução de problemas emocionais e comportamentais.

A Gestalt é uma abordagem ampla, aplicável em áreas como a psicologia, a arte e a filosofia, enquanto a Gestalt-terapia é uma aplicação terapêutica da abordagem Gestalt, que tem uma ampla aplicabilidade no tratamento de problemas emocionais e comportamentais, aperfeiçoamento pessoal e profissional, desenvolvimento humano e promoção da criatividade.

Em conjunto, a Gestalt e a Gestalt-terapia contribuem para uma compreensão mais ampla e integrada da experiência humana e para a promoção de mudanças pessoais significativas e duradouras.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

1.       Perls, F. S., Hefferline, R. F., & Goodman, P. (2011). Gestalt-terapia: Excitações e mudanças. Summus Editorial.

2.       Polster, E., & Polster, M. (1973). Gestalt terapia integrada: Contornos teóricos da abordagem Gestalt. Perspectiva.

3.       Yontef, G. (1998). Gestalt therapy: An introduction. The Gestalt Journal Press.

4.       Wertheimer, M. (2012). Leis da organização perceptual. In Psicologia e teoria da Gestalt (pp. 63-82). Editora WMF Martins Fontes.

5.       Koffka, K. (2010). Princípios da psicologia da Gestalt. Editora Cultrix.

COMO LIDAR COM AS EMOÇÕES, SENTIMENTOS E COMPORTAMENTOS TÍPICOS E ATÍPICOS DAS CRIANÇAS EM SALA DE AULA

 


INTRODUÇÃO

Para que possamos entender o que vamos tratar hoje, vejamos algumas definições:

Emoção:

A emoção é uma reação imediata a um estímulo emocional competente, isto é, ela está relacionada com alguma coisa que mexe com você, podendo provocar uma sensação agradável ou desagradável.

Emoção, numa definição mais geral, é um impulso neural que move um organismo para a ação.

Sentimento:

O sentimento pode ser definido como os estados e as reações que o corpo humano é capaz de expressar diante dos acontecimentos que os indivíduos.

O sentimento é a emoção filtrada através dos centros cognitivos do cérebro, especificamente o lobo frontal, produzindo uma mudança fisiológica em acréscimo à mudança psicofisiológica.

Comportamento:

O comportamento é definido como o conjunto de reações de um sistema dinâmico face às interações e renovação propiciadas pelo meio onde está envolvido.

Comportamento atípico:

Os comportamentos atípicos, nomenclatura utilizada neste estudo, são comportamentos de autoagressão, heteroagressão, e outros comportamentos que podem ser considerados “estranhos” pela sociedade, causando a marginalização do emitente.

Alguns comportamentos atípicos podem ser decorrentes de distúrbios, transtornos ou dificuldades que uma pessoa enfrenta.

As emoções, os sentimentos e as necessidades normalmente precedem o comportamento.

ASSIM TEMOS: AS EMOÇÕES, OS SENTIMENTOS, AS NECESSIDADES INDIVIDUAIS E CONSEQUENTEMENTE O COMPORTAMENTO, PODENDO ESSE SER TÍPICO OU ATÍPICO.

Para um entendimento melhor, iremos aos tópicos principais, a saber:

PRIMEIRO TÓPICO

ENTENDENDO MAIS SOBRE AS EMOÇÕES, OS SENTIMENTOS E AS NECESSIDADES

EMOÇÃO E SENTIMENTO

AS EMOÇÕES

A emoção é biológica.

·         Emoção acontece no corpo.

As principais emoções

RAIVA, TRISTEZA, MEDO, PRAZER, AMOR, SURPRESA, NOJO/ASCO, VERGONHA.

SENTIMENTOS

O sentimento é psicológico.

·         Sentimento acontece na mente.

OS PRINCIPAIS SENTIMENTOS

Sentimentos ligados a RAIVA

Fúria, revolta, ressentimento, ira, exasperação, indignação, vexame, acrimônia, animosidade, aborrecimento, irritabilidade, hostilidade e, talvez no extremo, ódio e violência patológicos.

Sentimentos ligados a TRISTEZA

Mágoa, sofrimento, desânimo, desalento, melancolia, auto piedade, solidão, desamparo, desespero e, quando patológico, severa depressão.

Sentimentos ligados ao MEDO

Ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, consternação, cautela, escrúpulo, inquietação, pavor, susto, terror; e, como psicopatologia, fobia e pânico.

Sentimentos ligados ao ALEGRIA

Felicidade, prazer, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgulho, prazer sensual, emoção, arrebatamento, gratificação, satisfação, bom humor, euforia, êxtase e, no extremo, mania.

Sentimentos ligados ao AMOR

Aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração, paixão, ágape.

Sentimentos ligados a SURPRESA

Choque, espanto, pasmo, maravilha.

Sentimentos ligados ao NOJO

Desprezo, desdém, antipatia, aversão, repugnância, repulsa.

Sentimentos ligados a VERGONHA

Culpa, vexame, mágoa, remorso, humilhação, arrependimento, mortificação e contrição.

NECESSIDADES

As necessidades são coisas que uma pessoa precisa para estar bem, fisicamente, organicamente, mentalmente, emocionalmente e sentimentalmente.

As principais necessidades são:

Honestidade, autenticidade, integridade, presença, autonomia, escolha, liberdade, espaço, espontaneidade, expressão, significado, compreensão, conexão, empatia, aceitação, pertencimento, cooperação, comunicação, interdependência, comprometimento, coerência, reconhecimento, respeito, segurança, ordem, expressão espiritual, lazer, diversão, diversão, humor, facilidade, variedade, ar, alimento, movimento descanso, celebração, clareza, contribuição, sentido, luto, inspiração, realização, evolução, esperança, aprendizado, desafio, descoberta, criatividade, valorização, crescimento, estabilidade, apoio, suporte, afeto, conforto, confiança, sustentabilidade, proteção, paz, beleza comunhão, bem-estar, equidade, harmonia, inspiração, sono, expressão sexual, abrigo, toque, saúde.

SENTIMENTOS QUE ADVÉM QUANDO AS NECESSIDADES SÃO ATENDIDAS

Calma, relaxamento, conexão, descanso, renovo, contentamento, felicidade, alegria, animação, esperança, inspiração, energia, disposição, gratidão, emponderamento, motivação, concentração, curiosidade, interesse, bom humor, amor, centralidade, segurança, alivio, otimismo, satisfação, plenitude, atenção.

SENTIMENTOS QUANDO AS NECESSIDADES NÃO SÃO ATENDIDAS:

Raiva, fúria, aborrecimento, exaustão, estafa, depressão, tristeza, solidão, falta e coragem, desamino, desesperança, irritação, receio, desconforto, chateação, agitação, frustração, desconcentração, surpresa, tensão, medo, preocupação, pessimismo, cansaço, fragilidade, vergonha, confusão, ansiedade.

Diante do que foi visto, esse é o padrão que nosso cérebro usa para ter um COMPORTAMENTO TÍPICO OU ATÍPICO.

SEGUNDO TÓPICO

AS DUAS MENTES COM AS QUAIS OS PROFESSORES LIDAM EM SALA DE AULA

Duas mentes?

Sim. Por incrível que pareça, todos nós temos duas mentes, a saber: A mente emocional e a mente racional.

A mente racional, é o modo de compreensão de que, em geral, temos consciência: é mais destacado na consciência, mais atento e capaz de ponderar e refletir.

A mente emocional, é o modo impulsivo e poderoso, embora às vezes ilógico.

A dicotomia emocional/racional aproxima-se da distinção que popularmente é feita entre “coração” e “cabeça”.

Essas duas mentes, a emocional e a racional, na maior parte do tempo operam em estreita harmonia, entrelaçando seus modos de conhecimento para que nos orientemos no mundo.

Em geral, há um equilíbrio entre as mentes emocional e racional, como a emoção alimentando e informando as operações da mente racional, e a mente racional refinando e, às vezes, vetando a entrada das emoções.

Em muitos ou na maioria dos momentos, essas mentes se coordenam de forma bela e delicada; os sentimentos são essenciais para o pensamento e vice-versa.

Mas, quando surgem as paixões, esse equilíbrio se desfaz: é a mente emocional que assume o comando, inundando a mente racional.

CARACTERÍSTICAS DA MENTE EMOCIONAL

A mente emocional tem as seguintes características:

ü  Mais rápida que a mente racional;

ü  Exclui a reflexão deliberada, analítica que caracteriza a mente racional;

ü  Forte em sensação de certeza, que é subproduto de um tipo de comportamento simplificado;

ü  Pobre em precisão para ganhar rapidez;

ü  Conta sempre com as primeiras impressões e reage ao panorama global ou aos seus aspectos mais gritantes;

ü  Serve como um radar para o perigo, garantindo a perpetuação da espécie;

ü  Tem a duração de segundos.

A LINGUAGEM DA MENTE EMOCIONAL

A linguagem da mente emocional tem as seguintes características:

ü  A linguagem da mente emocional é simbólica;

ü  A mente emocional possui uma lógica associativa; elementos que simbolizam uma realidade ou que de alguma forma lembrem essa realidade são, para a mente emocional, a própria realidade;

ü  Aos símiles, as metáforas e imagens têm comunicação direta com a mente emocional, e também a arte – romances, filmes, poesia, música, teatro, ópera;

ü  A mente emocional atua, sob muitas formas, feito criança e, quanto mais criança, mais intenso é o seu comportamento;

ü  A mente emocional considera que suas crenças são totalmente verdadeiras e, portanto, descarta qualquer coisa que lhe seja contrária;

ü  Os sentimentos são mais fortes que as percepções e as provas convincentes.

SIM, E DAÍ?

COMO LIDAR COM AS EMOÇÕES, SENTIMENTOS E COMPORTAMENTOS TÍPICOS E ATÍPICOS DAS CRIANÇAS EM SALA DE AULA?

Para responder a pergunta é bom dizer:

Não existe uma fórmula mágica, ou uma receita de bolo que possa ser feita e deixar tudo resolvido.

O que existe são propostas que podem ser colocadas em prática, levando em conta a faixa etária, a idade, a situação social e econômica, o ambiente familiar e social das pessoas envolvidas.

Aqui entra também o preparo, os interesses, o proposito e objetivos dos profissionais envolvidos no processo.

Vejamos algumas propostas:

O QUE DEVER SER CONSIDERADO:

O histórico de vida da pessoa

Considere que por trás de um comportamento de qualquer pessoa existe uma história de vida e essa história de vida deve ser considerada.

O estágio/faixa etária em que a pessoa se encontra

Considere o estágio ou a faixa etária em que a pessoa se encontra, pois do contrário surge o risco do cometimento de erros, injustiças e preocupações desnecessárias.

Vejamos alguns estágios socioafetivos que merecem atenção:

Estágios socioafetivos que devem ser considerados no tratar com pessoas de 2 – 10 anos.

2 anos

ü  Já há certo equilíbrio emocional;

ü  A criança é tranquila, pelo menos mais calma em relação ao ano anterior;

ü  É tímida e colabora muito pouco no jogo;

ü  Demonstra afeto pela mãe, principalmente na hora de dormir;

ü  Pode cuidar afetuosamente dos seus brinquedos;

ü  Tem ideia de posse de coisas, mas não sente ciúme das demais crianças.

3 anos

ü  É bem equilibrado;

ü  Feliz e satisfeita, se entretém tranquilamente;

ü  Domínio de si mesma, tanto emocional como fisicamente;

ü  Afável, serviçal, acessível;

ü  Pode demonstrar ciúme dos irmãos ais novos;

ü  Goza com os jogos de palavras.

4 anos

ü  O menino é tanto polemista quanto brigador;

ü  Meninos e meninas mostram-se egoístas, rudes, impacientes com os irmãos menores;

ü  Expressam afeto pela mãe na hora de dormir;

ü  A criança de quatro anos pode sentir ciúme do pai e da mãe ao mesmo tempo;

ü  Sente-se orgulhosa dos seus próprios trabalhos e criações;

ü  Quando joga, ri sem reserva;

ü  Sente-se alegre quando houve ou faz rimas e jogos de palavras;

ü  Agrada-lhe chamar os outros pelo apelido ou trocando o nome;

ü  Insulta, profere algumas palavras obscenas e ameaça crianças e adultos.

5 anos

ü  Criança séria, acomodada;

ü  Afável, compreensiva, afetuosa, mais realista;

ü  É serviçal, orgulha-se do seu aspecto e de suas roupas bonitas;

ü  É curiosa e gosta de informações;

ü  Diz à mãe que gosta de ouvir histórias;

ü  Fica alegre quando lhe falam do futuro;

ü  Sabe o que quer e se atém ao que deseja;

ü  Insulta outras crianças.

6 anos

ü  Criança sumamente emocional;

ü  Acentuado desequilíbrio nas relações com outras crianças;

ü  Fica agitada quando a criticam;

ü  É expansiva;

ü  Ama e odeia a mãe;

ü  É brincalhona e se considera sabida demais;

ü  Gosta de elogio e da apreciação que fazem ao seu trabalho ou às suas “artes”;

ü  Sofre acessos de cólera;

ü  Cai em prantos facilmente;

ü  Irritável, rebelde, dominadora, agitada, ri sem motivo;

ü  E conformista;

ü  Dominadora que é, acusa e critica os demais;

ü  Em certas horas, é carinhosa, angelical, generosa, boa companheira para adultos;

ü  Tem ciúme dos seus brinquedos e de outras crianças;

ü  Emprego agressivo da linguagem;

ü  Insulta, ameaça, contradiz, discute, emprega alguns termos obscenos.

7 anos

ü  Retraída e distraída, principalmente no lar;

ü  Apresenta ainda certo negativismo e uma certa insegurança para enfrentar os problemas diários;

ü  Começa a tomar atitudes de desafio, mormente em relação à mãe, quando ameaçada;

ü  Devido ao desenvolvimento mental, começa a meditar obre o que lhe acontece;

ü  Busca a perfeição e mostra-se encolerizada quando erra ou é perturbada pelos irmãos menores;

ü  Revela vergonha dos seus erros;

ü  É escrupulosa, menos egoísta;

ü  Começa a sentir e analisar as influências externas sobre seu comportamento;

ü  Já aparecem os devaneios nas horas de cansaço e insatisfação.

8 anos

ü  Menos sensível, menos retraída e voltada mais aos outros;

ü  Prefere os empreendimentos difíceis, mas revela impaciência;

ü  Continua se opondo às ordens da mãe;

ü  Chora menos por motivos internos que por razões sociais;

ü  Parece mais interessada em discutir e ter melhor senso crítico;

ü  Ri sem preocupação com o que pensem os demais;

ü  Gosta de servir os outros na escola;

ü  Gosta de competir com os colegas e pode chorar quando perde uma disputa;

ü  Quando há compreensão no lar, a criança de 8 é bondosa, companheira e empreendedora.

9 anos

ü  Assume responsabilidade;

ü  É obediente;

ü  Apreensiva quanto aos seus possíveis tropeços na escola.

ü  Sua impaciência e os ataques de cólera são de curta duração;

ü  Tem vergonha de certos atos passados;

ü  Começa a julgar seus familiares;

ü  Sente-se orgulhosa em cuidar de suas próprias coisas;

ü  Reage emocionalmente ante todas as histórias que lhe contam;

ü  Muito sensível às críticas, deseja sempre agradar os mais velhos.

10 anos

ü  Simpática, feliz, tranquila, despreocupada, generosa e franca;

ü  Gosta da vida;

ü  Tem mais ações de que pensamentos;

ü  Revela pouco temor das coisas do mundo;

ü  Tem ataques de ira;

ü  Não aceita injustiças e manifesta suas opiniões;

ü  Nas expressões de alegria revela a mesma eficiência;

ü  Gosta do lar e quer receber os presentes que os amigos ganham dos pais;

ü  Diminui o desejo de competir;

ü  Gosta de piadas, mas não sabe contá-las muito bem;

ü  Tem um repertório de reações emocionais desejáveis para a prática de esportes em conjunto.

As emoções, sentimento e necessidades da pessoa

Considere que diante do comportamento de qualquer pessoa existe, uma emoção, um sentimento, uma necessidade que foi ou não atendida.

Considere que diante de um comportamento de qualquer pessoa existe uma necessidade imediata que foi ou não atendida.

O QUE DEVE SER IDENTIFICADO:

As emoções, sentimentos e necessidades que estão por trás desse comportamento típico ou atípico devem ser identificados.

As necessidades que não foram atendidas e que tem levado a pessoa a ter o comportamento típico ou atípico deve ser identificado.

TERCEIRO TÓPICO

O QUE DEVE SER FEITO PARA EVITAR PREJUÍZOS NO DESENVOLVIMENTO DA PESSOA:

Uma estratégia, com um plano, método e objetivos devem ser elaborado.

UM EXEMPLO DE ESTRATÉGIA DE MANEJO DE COMPORTAMENTO

As medidas podem ser usadas tanto para comportamento típicos, como atípicos

Alguns autores (Antony & Ribeiro, 2004; Barkley, 2000; Benczik & Bromberg, 2003; Silva, 2003; Phelan, 2004) sugerem:

ü  Algumas concessões necessárias para gerenciar esse comportamento e promover o bom andamento da sala, como por exemplo: permitir que se movimente por breves períodos, consentir que se desloque de uma cadeira para outra para fazer a tarefa, dar pequenas pausas para toda a sala.

ü  Valorizar os pontos fortes;

ü  Informar previamente à criança as regras e consequências de cada comportamento e ação;

ü  Recompensar e incentivar devem ser utilizadas de forma rápida e imediata em vez de punições.

ü  Nessas estratégias de manejo, Barkley (2000) considera as reprimendas como sendo, possivelmente, as consequências negativas mais usadas em sala de aula, variando consideravelmente em grau de eficiência.

ü  “Reprimendas breves, específicas, dadas rapidamente, sem muita emoção (metódicas) e consistentemente auxiliadas por outras punições podem ser eficientes (...)” (p.254).

ü  Esse autor apresenta ainda as penalidades como envolvendo a perda ou remoção de uma recompensa baseada na demonstração de mau comportamento (p.255).

ü  Conforme a reflexão de Welch (Phelan, 2004), existem duas regras básicas que podem ser aplicadas à sala de aula:

o   os alunos estão na escola para trabalhar /aprender;

o   o comportamento do aluno não deve intervir no trabalho/aprendizado das outras.

ü  Os alunos com TDAH, do tipo predominantemente desatento, costumam ter dificuldades com a primeira regra e as do tipo combinado apresentam problemas com ambas.

ü  De acordo com essa pesquisadora, o professor deve dividir as atitudes, comportamentos desses alunos em três categorias:

o   Comportamento que pode ser ignorado (não viola nenhuma regra);

o   Comportamento não destrutivo, mas apenas desatento (infringe apenas a primeira regra);

o   Comportamento destrutivo (transgride a segunda regra e, muitas vezes, a primeira também).


ü  O comportamento considerado não destrutivo, mas desatento, pode ser contornado com simples intervenção do professor.

Exemplos:

1) Quando um aluno apresenta dificuldades em fazer as tarefas, mas não está comprometendo o andamento da sala, um sinal secreto que tenha sido combinado previamente entre os dois pode resolver serenamente a questão;

2) Se a criança está sonhando acordada, por exemplo, o professor deve se posicionar num local onde possa   ser visto e gesticular, fazer um sinal para trazê-la de volta.

ü  O gesto simples de colocar a mão no ombro da criança ou o dedo em sua carteira garantem grandes resultados (Phelan, 2004).

3) No caso da conduta do aluno que interfere na aprendizagem das outras, o considerado comportamento destrutivo, Phelan (2004) aponta os seguintes procedimentos como o mais apropriado:

ü     Passar um curto período, em uma área predeterminada da sala;

ü     Passar um período afastado, em outra sala de aula, com outro professor que concordou em cooperar;

ü    Perda de privilégios ou recompensas.

Segundo ele (Phelan), advertências verbais ou abertura de contagem devem ser feitas imediatamente após o comportamento em foco.

ü  Oferecer estrutura à criança com comportamentos atípicos (como por exemplo, com TDAH é fundamental.

ü  Isso quer dizer organizar a sala de aula de tal forma que a criança saiba o que deve fazer, o que se espera dela. Essas crianças não sabem se estruturar sozinhas.

ü  Ajudá-las a se estruturar significa estabelecer uma rotina, fazer as mesmas coisas em igual hora e idêntico lugar, fornecer instruções verbais antes de iniciar uma tarefa (Phelan, 2004).

 

ü  Um sistema de controle externo é imprescindível para os indivíduos com esse transtorno:

ü  A estrutura está relacionada a lista, lembretes, anotações, cadernos de apontamentos, sistemas de arquivamento, quadros de avisos, cronogramas, recibos, caixas de entrada e saída de correspondência, secretárias eletrônicas, sistemas de computação, despertadores de mesa e pulso.

ü   A estrutura diz respeito ao conjunto de controles externos que a pessoa estabelece para compensar seus controles internos, nos quais não pode confiar.

ü  A maioria das crianças com TDAH não podem depender de seus controles internos para manter as coisas em ordem e para manter suas tarefas dentro do cronograma.

ü  Aplicação do planejamento-padrão, um sistema que pode organizar a vida da criança.

ü  O planejamento padrão consiste de:

o   Introdução de certos compromissos ou obrigações regulares no padrão de uma semana, de maneira a atendê-los automaticamente;

o   Inicia-se fazendo uma lista dessas tarefas regulares; em seguida, organiza-se uma grade da semana, encaixando cada obrigação fixa em um tempo regular.

ü  O ambiente propício para essa criança é uma sala de aula bem estruturada que receba um número menor de alunos, com um profissional instruído acerca dessa problemática, auxiliado pelo corpo técnico da instituição oferecendo suporte emocional e pedagógico.

ü  A localização do aluno no espaço da sala de aula constitui estratégia cognitiva e comportamental extremamente relevante.

ü  Encontrar-se próximo à professora, aos alunos de comportamento calmo, ao quadro e/ou local utilizado pela professora para desenvolver as atividades;

ü  Estar longe das janelas, de situações que favoreçam a distração são táticas eficazes que ajudam a conter a desatenção do aluno (em especial para alunos com TDHA).

QUARTO TÓPICO

MÉTODOS E TÉCNICAS

O QUE FAZER PARA ACOLHER MELHOR OS ALUNOS COM COMPORTAMENTO ATÍPICOS

ü  Identifique quais os talentos que seu aluno possui;

ü  Estimule, aprove, encoraje e ajude no desenvolvimento deste;

ü  Elogie sempre que possível o minimize ao máximo evidenciar os fracassos;

ü  Estimule o interesse do aluno para que este encontre prazer na sala de aula;

ü  Solicite ajuda de especialistas no assunto sempre que necessário.

O QUE FAZER PARA ORGANIZAR O ESPAÇO E MONITORAR O PROCESSO

ü  Organize o máximo possível o ambiente externo em que o aluno se encontra. Faça sempre alertas e lembretes ao aluno;

ü  Mantenha o aluno sempre perto de você e longe de estímulos distratores;

ü  Estabeleça combinados de maneira clara e direta;

ü  Deixe claras as regras e os limites prevendo consequências ao descumprimento destes;

ü  Seja firme e seguro na aplicação das punições quando necessárias, optando por uma modalidade educativa, por exemplo, em situações de briga no parque, afaste-o do conflito, porém, mantenha-o no ambiente para que ele possa observar como seus pares interagem;

ü  Avalie diariamente com seu aluno o seu comportamento e desempenho estimulando a autoavaliação;

ü  Informe frequentemente os progressos alcançados por seu aluno, buscando estimular avanços ainda maiores.

ü  Dê ênfase a tudo o que é permitido e valorize cada ação dessa natureza.

ü  Ajude seu aluno a descobrir por si próprio as estratégias mais funcionais.

ü  Estimule que seu aluno peça ajuda e dê auxílios apenas quando necessário.

O QUE FAZER PARA FACILITAR A APRENDIZAGEM

Estabeleça contato visual sempre que possível

ü  Isto possibilitará uma maior sustentação da atenção.

Proponha uma programação diária e tente cumpri-la

ü  Além de falar coloque-as no quadro.

ü  Em caso de mudanças ou situações que fogem a rotina, comunique o mais previamente possível.

Use a repetição para melhorar o desempenho do aluno

ü  Estimule o desenvolvimento de técnicas que auxiliem a memorização. Use listas, rimas, músicas, etc.

ü  Determine intervalos entre as tarefas como forma de recompensa pelo esforço feito.

ü  Combine saídas de sala estratégicas e assegure o retorno.

ü  Monitore o grau de estimulação proporcionando por cada atividade.

ü  Adote um sistema de pontuação. Incentivos e recompensas, em geral, dão bons resultados.

QUINTO TÓPICO

ORIENTAÇÕES DIVERSAS

Estabeleça prioridades quanto ao lidar e orientar

ü  Qual é a dificuldade mais importante da pessoa?

ü  O que incomoda mais?

ü  O que atrapalha mais o paciente em casa e na escola?

ü  Pense e escreva todas as dificuldades da criança, faça um ranking, colocando-as em ordem de prioridades. Daí estabeleça uma estratégia de manejo para as dificuldades maiores.

Pense antes de agir

ü  Nunca tome decisão sem pensar antes. Quanto mais pensar, mais chance os pais tem de tomar uma medida de bom senso.

Reforce positivamente antes de punir

ü  Os alunos com comportamento atípicos respondem melhor ao reforço positivo do que as estratégias punitivas. Evite as críticas constantes. Procure reforçar o que há melhor na criança.

Mantenha a estratégia constante

ü  Observe os seguintes: não abandonar rapidamente a estratégia proposta; mantê-la constante independentemente do ambiente e certificar-se de que ambos os pais estão executando-a de forma similar.

Determine uma rotina diária

ü  Proporcione à criança um ambiente com rotina diária (hora fixa para fazer o dever de casa, para almoço e jantar e para outras tarefas).

Antecipe os problemas

ü  Use a experiência do dia-a-dia para orientar a criança do que pode acontecer em determinadas situações.

Estabeleça uma comunicação clara e eficiente

ü  Estabeleça de forma clara os limites toleráveis para o comportamento da criança. As instruções devem ser passadas e os pedidos feitos um a um e relembrados sempre que possível.

Proporcione uma atividade física regular para o paciente

ü  A atividade física regular é fundamental para a criança. Gastar as energias de uma forma produtiva é muito importante para pacientes portadores do TDAH.

Escolha uma escola que seja apropriada

ü  Procure escolas que valorizem o desenvolvimento global da criança e que a avaliem individualmente, levando mais em conta seus progressos ao longo do tempo do que a comparação rígida com a média dos colegas.

OUTRAS

Considerando o grau de inteligência da criança, bem como a orientação que recebe dos pais e professores, o mesmo deve ser estimulado a lidar com o seu comportamento atípico.

Ou melhor, a criança deve ter a orientação dos pais e professores para lidar com a sua impulsividade.

A criança pode (não é obrigado) ser acompanhamento por um Neuropediatra ou Psiquiatra para confirmação do diagnóstico, através de exames de praxe.

As dificuldades da criança no rendimento escolar devem ser tratadas pela Psicopedagogia.

CONCLUSÃO

Outras orientações certamente seriam bem vindas, bem como por exemplo:

Orientação para melhorar a atenção sustentada;

Orientação para melhorar a atenção focalizada;

Orientação para aulas de reforço.

 Mas tudo isso pode ficar para outra ocasião.