segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

AMOR DOENTIO

  

Historicamente o amor doentio tem sido visto como uma doença mental ocasionada pelas mudanças intensas associadas ao amor.  

O polímata persa Avicena, reconhecido como o "pai da medicina moderna", via a obsessão como principal sintoma e causa do amor doentio. 

O diagnóstico caiu em desuso desde que  o modelo dos quatro humores foi abandonado com o advento da psiquiatria científica moderna. 

O conceito de estar "louco" de amor não é simplesmente uma conotação poética.  

Para alguns, os altos e baixos do amor doentio podem ter similaridades de diagnóstico com as doenças mentais. 

Pessoas que passam por um amor muito intenso podem sofrer de um "amor doentio" com sensações de forte ansiedade, apresentando sintomas de mania, transtorno obsessivo-compulsivo, auto-estima excessivamente alta e depressão. 

Um estudo da The Psychologist, uma publicação oficial da British Psychological Society, concluiu que o amor doentio deveria ser levado mais a sério pelos profissionais.  

De acordo com o autor do estudo, Frank Tallis, "muitas pessoas necessitam de ajuda por não poder lidar com a intensidade do amor e têm sido desestabilizadas por causa disso, ou sofrem pela não-correspondência de seu amor". 

Alguns dos sintomas associados ao amor doentio incluem:
• Mania — humor anormalmente elevado, auto-estima excessivamente alta, presentes extravagantes;
• Depressão — choro excessivo, insônia, perda de concentração;
• transtorno obsessivo-compulsivo — preocupação, verificação constante de mensagens de texto e e-mails, acumulação de objetos;
• Sintomas físicos de fundo psicológico, como dores de estômago, mudanças no apetite, tontura e confusão mental.
• Sintomas de abstinência (como angústia, taquicardia e suor) na ausência ou no distanciamento (mesmo afetivo) do amado.
• Preocupação excessivamente com o outro.
• Atitudes para reduzir ou controlar o comportamento de cuidar do parceiro são mal-sucedidas.
• É despendido muito tempo para controlar as atividades do parceiro.
• Abandono de interesses e atividades antes valorizadas.
 

Mais especificamente, os níveis estimados de serotonina em pessoas que se apaixonam decaem ao mesmo nível de pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo.

As investigações da atividade do cérebro mostraram que indivíduos que se disseram "verdadeiramente, profundamente e loucamente" apaixonados têm atividade em várias estruturas cerebrais compatíveis com o transtorno obsessivo-compulsivo, como o núcleo caudado e certas áreas do córtex.  

O amor patológico é uma doença que causa dependência como se fosse uma droga, só que nesse caso, a droga não é um produto químico ou álcool, é o parceiro ou parceira. 

"Pesquisas mostram que as áreas do cérebro que são ativadas quando se está interessado por alguém são as mesmas da obsessão. É uma sensação química e quando o amor passa a ser doentio a pessoa tem crises se está longe ou sem o parceiro, tem sentimentos de culpa. É como se fosse uma droga que não se pode ficar sem". 

O amor patológico atinge com mais freqüência as mulheres, mas os homens também podem sofrer desse mal. 

O amor patológico pode atingir principalmente as mulheres com mais de 30 anos e que não têm um relacionamento estável. 

Para saber se alguém tem amor doentio é só analisar o relacionamento. "Chega a um ponto que o amor fica obcecado e a pessoa deixa a sua vida para viver a do outro ou não permite que o parceiro tenha vida própria". 

Quando a pessoa deixa os amigos, o parceiro passa a ocupar mais espaço do que a família, o trabalho e outros afazeres, ou o medo da relação acabar é incontrolável e se começa a seguir e vigiar o outro, é certo que o amor deixou de ser algo saudável e se transformou num vício. 

É difícil perceber que o limite saudável de uma relação está sendo ultrapassado devido a uma questão cultural de que em um relacionamento amoroso, principalmente no início, é normal amar exageradamente, demonstrar que ama e fazer uma série de coisas pelo outro.  

"É como o consumo de álcool que é uma droga aceitável e consumida socialmente. No começo você bebe e não percebe nada porque está dentro do normal, com o passar do tempo sua vida começa a girar em torno disso e você não percebe que está passando do limite". 

A pessoa doente se torna impulsiva e compulsiva devido ao vício. O amor se transforma em um sentimento destrutivo para o casal e que em alguns casos pode ocasionar tragédias como crimes e suicídios. 

Esse amor doentio não fica restrito a relação homem-mulher. Pode atingir também pais, irmãos, filhos e amigos. "Algumas mães gostam tanto dos filhos que acabam com o relacionamento amoroso deles e alguns amigos têm ciúme doentio pelo outro". 

Psicoterapia (de pode ser feito com psicólogo ou psicanalista), medicação psiquiátrica, ou remédios homeopáticos, uso de florais, etc. 

O amor doentio que ocorre pela insegurança e por baixa auto-estima provocada pelo conceito distorcido que a pessoa tem de si, do outro ou da relação é um fator determinante para a persistência da dúvida, da desconfiança e até mesmo da traição entre casais.
 O incentivo da mídia através das músicas, novelas, filmes e do romantismo exagerado. 

Traumas, com históricos de perdas ao longo da vida. 

O amor doentio, assim como o ciúme pode estar ligado a formas de amar que necessitam da posse e do controle sobre o outro como meio de não perde-lo ou de minimizar o sentimento de rejeição. 

As conseqüências podem ir desde as brigas e conflitos até o rompimento do relacionamento, ou até mesmo uma tragédia como crime passional, suicídio, etc. 

Primeiro, reconhecer que existe um problema sério e que a questão deve ser tratada. 

Segundo,  buscar ajuda de um profissional.

Terceiro, submeter-se ao tratamento.



Um comentário:

Passeios em joão pessoa disse...

Ótimo post. Me identifiquei muito com o texto!