segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O MEDO EM CRIANÇAS E ALGUMAS DE SUAS RAZÕES


O medo é uma emoção de importante função para o ser humano. Graças a ele, nosso corpo se prepara para situações de fuga ou luta diante de um perigo, quer seja real ou imaginário.

Falo perigo real ou imaginário, pois é possível sentir medo mesmo fora de uma cena concreta de perigo.

Uma criança vítima de violência, por exemplo, pode se sentir ameaçada e ter comportamentos de medo, inibição e desconfiança diante de qualquer adulto e não, necessariamente, somente diante do agressor. Isso quer dizer que o medo, mesmo que ele seja imaginário, é referido a uma situação que tenha deixado (e ainda deixa) o corpo ameaçado.

Um adulto, por exemplo, que sua as mãos ou sente uma constante vontade de fazer xixi quando está para passar por uma entrevista importante. Isso quer dizer que o entrevistador seja uma ameaça real?
 
Não, ele a representa. Este ponto é importante porque mostra que o medo está condicionado a experiências culturais, familiares e sociais.

Assim, é possível sentir medo, por exemplo, pela experiência do outro: “minha mãe me dizia que passar com o carro em zona desconhecida era perigoso. Naquele dia, quando me perdi, passei a tremer e não conseguia refletir qual era a melhor saída.”.

Os medos são, portanto, formados externamente e internamente. Nos exemplos abaixo, dará para perceber que cada medo tem fatores de influência externos (o que disseram, o que foi lido, o que foi visto e o que realmente aconteceu) e fatores internos (como cada um representa e valoriza o que disseram, o que foi lido, o que foi visto e o que aconteceu realmente).

Portanto, na criança, e em alguns adultos, existem alguns medos comuns e esperados (mais frequentes):
1. Medo de Monstros, Bruxas e Fantasmas: são representantes do que é “mau”. As crianças, por ainda terem grande contato com a imaginação e criatividade, são capturadas por histórias que possuem esses personagens.

2. Medo de que as pessoas amadas morram: as crianças, somente após os décimo ano de vida, adquirem o conceito de irreversibilidade da morte. Até esta idade (em média), sentem o medo da morte pelo impacto que a morte faz em seu entorno e por saber que a pessoa irá desaparecer.

3. Medo do escuro: este é o grande representante do desconhecido e da ausência de controle. Pessoas que gostam de saber de tudo, estar sob vigilância, provavelmente, irão ter este medo.

4. Medo dos médicos e dentistas: este medo depende de como foram as experiências com estes profissionais e o que foi dito sobre eles. Além disso, são representantes da dor, da doença e do remédio e, por isso, como dizem as crianças, “são maus”.

5. Medo da ausência dos pais: desde pequeno, os pais são as grandes referências de mundo das crianças (isso, obviamente, se estes pais cumprirem verdadeiramente seus papéis dentro do que é considerado dever a favor dos direitos das crianças).

6. Medo de estar sozinho ou ser abandonado: crianças dependentes dos pais, ou de outras pessoas, tem, frequentemente, este medo.

7. Medo de desconhecidos: este é o medo que mais tem correlação com a influência cultural, com falas típicas daquele que cuida de uma criança. Por exemplo, diante do medo da criança falar com estranhos, é comum dizer “cuidado, pode ser o homem do saco e ele pode te levar embora”.

8. Medo de pessoas disfarçadas: assim como no medo de monstros, bruxas e fantasmas, este medo favorece a criatividade e imaginação das crianças e, portanto, pessoas disfarças podem representar “coisas más”.

9. Medo de animais: principalmente, dos animais desconhecidos, os quais a criança não está acostumada.

Ao mesmo tempo, existem crianças que tem fobias, um medo exagerado, de animais próximos e conhecidos. Isso tem relação com o tipo de experiência que a criança teve com este animal, seja de convivência concreta ou do que os adultos falam do animal.

10. Medo de situações perigosas: normalmente, as situações perigosas são as que o adulto inventou para amedrontar a criança e, assim, protegê-la. Uma vez, uma garotinha me disse: “sabe o que eu fiz? Atravessei a rua sozinha! Fiquei com muito medo, mas consegui.”.

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