segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

ANOTAÇÕES EM PSICANÁLISE - PARTE 2: OS MECANISMOS DE DEFESA


Mecanismos de defesa:
Foi este o nome que Freud adotou para apresentar os diferentes tipos de manifestações que as defesas do Ego podem apresentar, já que este não se defronta só com as pressões e solicitações do Id e do Superego, pois aos dois se juntam o mundo exterior e as lembranças do passado. 

Há vários mecanismos de defesa, sendo alguns mais eficientes do que outros. Há os que exigem menos dispêndio de energia para funcionar a contento. Outros há que são menos satisfatórios, mas todos requerem gastos de energia psíquica.

As defesas do ego podem dividir-se em: 
a)Defesas bem sucedidas, que geram a cessação daquilo que se rejeita; 
b)Defesas ineficazes, que exigem repetição ou perpetuação do processo de rejeição, a fim de impedir a irrupção dos impulsos rejeitados. As defesas patogênicas, nas quais se radicam as neuroses, pertencem a segunda categoria.

OS VÁRIOS TIPOS DE DEFESAS
Sublimação
É o mais eficaz dos mecanismos de defesa, na medida em que canaliza os impulsos libidinais para uma postura socialmente útil e aceitável.

As defesas bem sucedidas podem colocar-se sob o título de sublimação, expressão que não designa mecanismo específico; vários mecanismos podem usar-se nas defesas bem sucedidas; por exemplo, a transformação da passividade em atividade; o rodeio em volta do assunto, a inversão de certo objetivo no objetivo oposto. 

O fator comum está em que, sob a influência do ego, a finalidade ou o objeto (ou um e outro) se transforma sem bloquear a descarga adequada. ( O fator de valoração que habitualmente se inclui na definição de sublimação é melhor omitir ). 

Deve-se diferenciar a sublimação das defesas que usam contracatexias; os impulsos sublimados descarregam-se, se bem que drenados por uma trilha artificial, enquanto os outros não se descarregam.

Repressão
É a operação psíquica que pretende fazer desaparecer, da consciência, impulsos ameaçadores, sentimentos, desejos, ou seja, conteúdos desagradáveis, ou inoportunos.

Em sentido amplo, é uma operação psíquica que tende a fazer desaparecer da consciência um conteúdo desagradável ou inoportuno: idéia, afeto, etc.Neste sentido, o recalque seria uma modalidade especial de repressão.

Racionalização
É uma forma de substituir por boas razões uma determinada conduta que exija explicações, de um modo geral, da parte de quem a adota. Os Psicanalistas, em tom jocoso, dizem que racionalização é uma mentira inconsciente que se põe no lugar do que se reprimiu.

A racionalização é um processo muito comum, que abrange um extenso campo que vai desde o delírio ao pensamento normal.

Projeção
Manifesta-se quando o Ego não aceita reconhecer um impulso inaceitável do Id e o atribui a outra pessoa. É o caso do menino que gostaria de roubar frutas do vizinho sem entretanto ter coragem para tanto, e diz que soube que um menino, na mesma rua, esteve tentando pular o muro do vizinho.

Termo utilizado num sentido muito geral em neurofisiologia e em psicologia para designar a operação pela qual um fato neurológico ou psicológico é deslocado e localizado no exterior, quer passando do centro para a periferia, quer do sujeito para o objeto. 

No sentido propriamente psicanalítico, operação pela qual o sujeito expulsa de si e localiza no outro- pessoa ou coisa- qualidades, sentimentos, desejos e mesmo “objetos”que ele desconhece ou recusa nele. 

Trata-se aqui de uma defesa de origem muito arcaica, que vamos encontrar em ação particularmente na paranóia, mas também em modos de pensar “normais”, como a superstição.

Deslocamento
É um processo psíquico através do qual o todo é representado por uma parte ou vice-versa.Também pode ser uma ideia representada por uma outra, que, emocionalmente, esteja associada à ela. Esse mecanismo não tem qualquer compromisso com a lógica. 

É o caso de alguém que tendo tido uma experiência desagradável com um policial, reaja desdenhosamente, em relação a todos os policiais.

É muito corrente nos sonhos, onde uma coisa representa outra. Também se manifesta na Transferência, fazendo com que o indivíduo apresente sentimentos em relação a uma pessoa que, na verdade, lhe representa uma outra do seu passado.

Identificação
É o processo psíquico por meio do qual um indivíduo assimila um aspecto, um característica de outro, e se transforma, total ou parcialmente, apresentando-se conforme o modelo desse outro. A personalidade constitui-se e diferencia-se por uma série de identificações.

Freud descreve como característico do trabalho do sonho o processo que traduz a relação de semelhança, o “tudo como se”, por uma substituição de uma imagem por outra ou “identificação”. 

A identificação não tem aqui valor cognitivo : é um processo ativo que substitui uma identidade parcial ou uma semelhança latente por uma identidade total.

Regressão
É o processo psíquico em que o Ego recua, fugindo de situações conflitivas atuais, para um estágio anterior. É o caso de alguém que depois de repetidas frustrações na área sexual, regrida, para obter satisfações, à fase oral, passando a comer em excesso.

No seu sentido temporal, a regressão supõe uma sucessão genética e designa o retorno do sujeito a etapas ultrapassadas do seu desenvolvimento (fases libidianis, relações de objeto, identificações, etc.).

Isolamento
É um processo psíquico típico da neurose obsessiva, que consiste em isolar um comportamento ou um pensamento de tal maneira que as suas ligações com os outros pensamentos, ou com o auto-conhecimento, ficam absolutamente interrompidas, já que foram ( os pensamentos, os comportamentos), completamente excluídos do consciente.

Certos doentes defendem-se contra uma idéia, uma impressão, uma ação, isolando-as do contexto por uma pausa durante a qual “…nada mais tem direito a produzir-se, nada é qualificada de mágica por Freud; aproxima-a do processo normal de concentração no sujeito que procura não deixar que o seu pensamento se afaste do seu objeto atual.

O isolamento manifesta-se em diversos sintomas obsessivos. 

Formação Reativa
É um processo psíquico que se caracteriza pela adoção de uma atitude de sentido oposto a um desejo que tenha sido recalcado, constituindo-se, então, numa reação contra ele. Uma definição: é o processo psíquico, por meio do qual um impulso indesejável é mantido inconsciente, por conta de uma forte adesão ao seu contrário.

Muitas atitudes neuróticas existem que são tentativas evidentes de negar ou reprimir alguns impulsos, ou de defender a pessoa contra um perigo instintivo. 

Substituição
Processo pelo qual um objeto valorizado emocionalmente, mas que não pode ser possuído, é inconscientemente substituído por outro, que geralmente se assemelha ao proibido. É uma forma de deslocamento.

Fantasia
É um processo psíquico em que o indivíduo concebe uma situação em sua mente, que satisfaz uma necessidade ou desejo, que não pode ser, na vida real, satisfeito.

É um roteiro imaginário em que o sujeito está presente e que representa, de modo mais ou menos deformado pelos processos defensivos, a realização de um desejo e, em última análise, de um desejo inconsciente.

A fantasia apresenta-se sob diversas modalidades:
a)Fantasias conscientes ou sonhos diurnos; 
b)Fantasias inconscientes como as que a análise revela, como estruturas subjacentes a um conteúdo manifesto;
c)Fantasias originárias.

Compensação
É o processo psíquico em que o indivíduo se compensa por alguma deficiência, pela imagem que tem de si próprio, por meio de um outro aspecto que o caracterize, que ele, então, passa a considerar como um triunfo.

Expiação
É o processo psíquico em que o indivíduo quer pagar pelo seu erro imediatamente. 

Negação
A tendência a negar sensações dolorosas é tão antiga quanto o próprio sentimento de dor. Nas crianças pequenas, é muito comum a negação de realidades desagradáveis, negação que realiza desejos e que simplesmente exprime a efetividade do princípio do prazer.

A capacidade de negar pares desagradáveis da realidade é a contrapartida da “realização alucinatória dos desejos”. Anna Freud chamou este tipo de recusa do reconhecimento do desprazer em geral “pré-estádios da defesa”.

Introjeção
Originalmente, a ideia de engolir um objeto exprime afirmação; e como tal é o protótipo de satisfação instintiva, e não de defesa contra os instintos. No estádio do ego prazeroso purificado, tudo quanto agrada é introjetado. Em última análise, todos os objetos sexuais derivam de objetivos de incorporação. 

Do mesmo passo, a projeção é o protótipo da recuperação daquela onipotência que foi projetada para os adultos. Contudo, a incorporação, embora exprima “amor”, destrói objetivamente os objetos como tais, como coisas independentes do mundo exterior. 

Simbolismo
É uma representação de um fato psicológico por outro equivalente.

Conversão
É o tipo de expressão simbólica. Manifestações somáticas podem representar desejos e sentimentos inconscientes.

Generalização
É a mecanismo através do qual o indivíduo atribui à muitas pessoas ou ao gênero humano certas verdades desagradáveis do seu ego.

Adiamento da satisfação
É o processo pelo qual o indivíduo adia a realização de seus desejos tendo algo bem melhor em mente para o amanhã.

Catitimia
É o mecanismo que impede o individuo de visualizar os defeitos das pessoas com as quais tem envolvimento sentimental.

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