domingo, 5 de maio de 2024

EROTOMANIA: O QUE É, ORIGEM, SINTOMAS E TRATAMENTO

 


O QUE É EROTOMANIA

A Síndrome de De Clèrambault, ou Erotomania é um transtorno psicológico caracterizado por delírios persistentes em que o indivíduo acredita que outra pessoa, frequentemente de status mais alto ou uma figura pública, está apaixonada por ele.

Este transtorno insere-se na categoria mais ampla de transtornos delirantes, e é marcado por uma convicção irrealista e inflexível, que persiste mesmo frente a evidências contrárias claras.

Erotomania é um tipo de transtorno delirante em que uma pessoa tem a crença infundada de que outra pessoa está apaixonada por ela, apesar de evidências claras do contrário.

Esta outra pessoa geralmente é de status social mais elevado ou uma celebridade, e o indivíduo com erotomania frequentemente acredita que essa pessoa está se comunicando seu amor por meio de gestos sutis ou mensagens secretas.

Os delírios de erotomania podem ser bastante específicos e detalhados, e a pessoa que sofre desse transtorno pode interpretar ações completamente normais ou neutras como provas de amor ou convites para um relacionamento.

Por exemplo, a pessoa pode acreditar que olhares casuais, interações sociais corriqueiras ou até a ausência de contato são formas de comunicação secretas.

ORIGEM DO TERMO

A origem do termo "erotomania" vem do grego "Eros", referindo-se ao amor, e "mania", indicando loucura ou obsessão.

Historicamente, a condição foi primeiramente descrita pelo psiquiatra francês Gaëtan Gatian de Clérambault no início do século 20, cujo estudo sobre o transtorno delirante formou a base para a compreensão moderna da condição, muitas vezes referida como Síndrome de Clérambault.

A Síndrome de Clérambault, também conhecida como erotomania, recebe esse nome em homenagem ao psiquiatra francês Gaëtan Gatian de Clérambault, que foi o primeiro a descrever essa condição de forma detalhada no início do século 20.

Clérambault especializou-se em psiquiatria e desenvolveu um interesse particular pelos transtornos psicóticos, incluindo aqueles com características delirantes.

Em seus estudos, ele descreveu um padrão específico de delírio no qual uma pessoa erroneamente acredita que outra pessoa, geralmente de status social superior ou inatingível, está profundamente apaixonada por ela.

Este delírio ocorre apesar de não haver evidência real ou interesse romântico por parte da pessoa alvo. Clérambault detalhou essa condição em sua obra sobre os estados psicóticos e, por suas contribuições significativas ao entender essa particular forma de delírio, a condição foi nomeada em sua honra.

SINTOMAS PRINCIPAIS

Os principais sintomas da erotomania incluem uma crença delirante de que outra pessoa está secretamente apaixonada pelo indivíduo, interpretações errôneas de gestos ou palavras neutras como declarações de amor, e uma resposta emocional intensa que pode variar de euforia a desespero, dependendo da reação percebida do objeto de seu afeto.

Muitas vezes, esses delírios são acompanhados por comportamentos de perseguição ou tentativas de contato, o que pode levar a implicações legais e sociais sérias.

AS POSSÍVEIS CAUSAS

As causas exatas da erotomania são desconhecidas, mas acredita-se que fatores biológicos, psicológicos e sociais possam contribuir para o desenvolvimento do transtorno.

Alterações neuroquímicas no cérebro, experiências de vida traumáticas, isolamento social e predisposição genética são considerados fatores de risco potenciais.

CLASSIFICAÇÃO DE EROTOMANIA NO CID – 10 E DSM-5

A condição está inserida na CID-10 como subtipo de Transtorno Delirante Persistente (F22.0).

A erotomania é classificada como um transtorno delirante no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), que é o guia padrão usado por profissionais de saúde mental para diagnosticar transtornos mentais.

TRATAMENTO

O tratamento da erotomania é desafiador e geralmente requer uma abordagem multifacetada.

A psicoterapia é central, com o objetivo de ajudar o paciente a reconhecer e questionar a validade de suas crenças delirantes, melhorar suas habilidades de interação social e lidar com sentimentos de rejeição ou isolamento.

Medicamentos antipsicóticos podem ser prescritos para controlar os delírios e reduzir a intensidade dos sintomas psicóticos. Os neurolépticos são as drogas mais indicadas, e alguns estudos mostram boa resposta à risperidona.

O envolvimento de familiares e a construção de uma rede de apoio social também são cruciais para o sucesso do tratamento, proporcionando um ambiente que promova a realidade e o bem-estar emocional do paciente.

A cooperação entre psiquiatras, psicólogos e outros profissionais de saúde é essencial para abordar todos os aspectos do transtorno.

Resumindo, tratar a erotomania geralmente envolve psicoterapia e, em alguns casos, medicamentos antipsicóticos para ajudar a controlar os delírios. É importante que o tratamento seja acompanhado por profissionais de saúde mental devido à complexidade e às implicações do transtorno no bem-estar e na vida social do indivíduo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

BERRIOS, G. E.; KENNEDY, N. Erotomania: a conceptual history. History of Psychiatry, [S.l.], v. 13, n. 50, p. 117-150, 2002. Disponível em: <link>. Acesso em: [data de acesso].

MUNRO, A. Deducional disorder: paranoia and related illnesses. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.

REVISTA PSIQUIÁTRICA RIO GRANDE DO SUL. A síndrome de De Clérambault. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rprs/a/xJcmrrndSW7S4Lcs4zDm4zK/. Acesso em: [04/05/2024].

Nenhum comentário: