INTRODUÇÃO
O estudo da evolução dos critérios diagnósticos para o
autismo no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) revela
um panorama complexo e dinâmico sobre a compreensão desse transtorno.
Desde a primeira edição do DSM, em 1952, até as revisões mais
recentes, o diagnóstico do autismo passou por diversas alterações, refletindo
avanços nas pesquisas e mudanças nas abordagens clínicas.
Inicialmente associado à esquizofrenia infantil, o autismo
gradualmente se consolidou como um diagnóstico independente, expandindo-se ao
longo das edições do DSM para incluir uma variedade de manifestações dentro do
espectro.
Este texto explora essas mudanças e analisa como as
definições e critérios evoluíram, permitindo uma compreensão mais ampla e
inclusiva do transtorno do espectro autista.
1952 – DSM – I (22 CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 106 TRANSTORNOS MENTAIS)
A primeira edição do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais) foi publicada em 1952.
Na primeira edição do DSM, publicada em 1952, o autismo não
era reconhecido como um diagnóstico separado.
Em vez disso, comportamentos e sintomas que hoje associamos
ao autismo eram classificados sob o termo "REAÇÃO ESQUIZOFRÊNICA, TIPO
INFANTIL".
Nessa classificação, acreditava-se que crianças que
apresentavam esses comportamentos estavam manifestando uma forma de
esquizofrenia infantil.
Foi apenas nas edições posteriores do DSM que o autismo
começou a ser reconhecido como um transtorno distinto e recebeu critérios
diagnósticos específicos.
TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – I, DE 1952
O DSM-I (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, Primeira Edição), publicado em 1952, descreveu um total de 106
transtornos mentais, organizados em 22 categorias diagnósticas principais.
Os transtornos no DSM – I eram categorizados de acordo com a
compreensão e terminologia da época, que diferem significativamente das
classificações utilizadas nas edições mais recentes do manual.
As categorias diagnósticas eram amplas e, muitas vezes,
baseadas em conceitos psicanalíticos e influências da psiquiatria da época.
1968 – DSM – II (11 CATEGORIAS
DIAGNÓSTICAS COM 182 TRANSTORNOS MENTAIS)
A segunda edição do DSM foi publicada em 1968.
No DSM-II, o autismo ainda não era reconhecido como um
diagnóstico separado.
Os comportamentos e sintomas que hoje identificamos como
autismo eram classificados sob o termo "ESQUIZOFRENIA INFANTIL".
Nesta edição, acreditava-se que crianças que exibiam esses
sintomas estavam manifestando uma forma de esquizofrenia.
Foi somente na terceira edição do DSM, publicada em 1980, que
o autismo foi reconhecido como um transtorno distinto com critérios
diagnósticos próprios.
TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM
– II, de 1968
O DSM-II (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, Segunda Edição), publicado em 1968, descreveu um total de 182
transtornos mentais, organizados em 11 categorias diagnósticas principais.
Esta edição expandiu o número de diagnósticos em comparação
com o DSM-I, refletindo os avanços e mudanças na compreensão dos transtornos
mentais na época.
As categorias diagnósticas do DSM-II ainda eram influenciadas
por teorias psicanalíticas e psicodinâmicas, e muitas das classificações eram
menos precisas do que nas edições subsequentes.
A expansão da lista de transtorno do DSM – II, de 1968,
permitiu uma abordagem mais detalhada dos sintomas e condições observadas na
prática clínica daquele período.
1980 – DSM – III (17 CATEGORIAS
DIAGNÓSTICAS COM 265 TRANSTORNOS MENTAIS)
Em 1980, no DSM-III, o autismo infantil ocupa três páginas
(pp. 97 – 100) e é considerado bastante raro: “Prevalência: O transtorno é
bastante raro: (2 a 4 casos para cada 10:000). É aparentemente mais frequente
nas classes socioeconômicas favorecidas, mas sua causa não é clara”.
No DSM – III, O autismo está alojado na rubrica “TRANSTORNOS
GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO” (TGD), sendo que essa rubrica substitui a das
psicoses infantis já que as manifestações das psicoses adultas são consideradas
como sendo de natureza diferente.
Os diagnósticos diferenciais eleitos para o autismo na época
eram: o “Retardo Mental”, a “Esquizofrenia” ocorrida na infância”, o
“Transtorno global do desenvolvimento iniciado na infância”, a “Deficiência
auditiva” e o “Transtorno de aquisição da linguagem”.
TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – III, de 1980
O DSM-III (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, Terceira Edição), publicado em 1980, descreveu aproximadamente 265
transtornos mentais, organizados em 17 categorias diagnósticas principais.
Esta edição representou uma mudança significativa na
classificação dos transtornos mentais, introduzindo um sistema multiaxial e
critérios diagnósticos mais específicos baseados em pesquisas empíricas.
O aumento no número de diagnósticos refletiu um esforço para
melhorar a precisão e a consistência dos diagnósticos psiquiátricos,
facilitando a comunicação entre profissionais e promovendo avanços na pesquisa
e no tratamento dos transtornos mentais.
1987 – DSM – III – R (17
CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 292 TRANSTORNOS MENTAIS.)
No DSM-III-R (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, Terceira Edição Revisada), publicado em 1987, o autismo foi descrito
como "Transtorno Autístico".
No DSM-III-R, publicado em 1987, a descrição do Transtorno
Autístico ocupa aproximadamente 4 a 5 páginas.
Esta edição representou um refinamento dos critérios
diagnósticos em relação ao DSM-III de 1980, visando melhorar a precisão e a consistência
no diagnóstico do autismo.
O Transtorno Autístico era classificado dentro dos
TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO (TID), caracterizados por déficits
graves e generalizados em várias áreas do desenvolvimento.
Para o diagnóstico de Transtorno Autístico no DSM-III-R, era
necessário que o indivíduo apresentasse pelo menos 8 dos 16 critérios listados,
com pelo menos dois critérios de déficits na interação social, um de déficits
na comunicação e um de padrões restritos e repetitivos de comportamento.
ALTERAÇÕES EM RELAÇÃO AO DSM-III (1980):
Expansão dos Critérios Diagnósticos: O DSM-III-R aumentou o
número de critérios diagnósticos de 6 para 16, permitindo uma avaliação mais
abrangente dos sintomas.
Flexibilidade na Combinação de Sintomas: Ao exigir 8 dos 16
critérios, com mínimos específicos em cada área, o DSM-III-R reconheceu a
diversidade na apresentação clínica do autismo.
Detalhamento dos Sintomas: Os critérios foram descritos com
mais detalhes, facilitando a identificação de comportamentos específicos
associados ao autismo.
Remoção de Subtipos: O DSM-III-R não utilizou subtipos dentro
do Transtorno Autístico, diferentemente de edições posteriores que introduziram
categorias como a Síndrome de Asperger.
IMPORTÂNCIA DO DSM-III-R NO CONTEXTO DO AUTISMO:
O DSM-III-R contribuiu para o aumento do reconhecimento
clínico do autismo, possibilitando diagnósticos mais consistentes.
Os critérios mais detalhados forneceram uma base sólida para
pesquisas epidemiológicas e clínicas, aprofundando a compreensão do transtorno.
Com critérios diagnósticos mais claros, houve avanços nas
estratégias de intervenção precoce e educacional para indivíduos com autismo.
A descrição do autismo no DSM-III-R refletiu um avanço
significativo na compreensão do transtorno, enfatizando a necessidade de
identificar déficits específicos em interação social, comunicação e
comportamentos restritos e repetitivos. Essa edição do manual ajudou a moldar a
prática clínica e a pesquisa sobre o autismo, influenciando as edições
subsequentes do DSM e contribuindo para uma melhor assistência aos indivíduos
afetados e suas famílias.
TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – III - R, de 1987.
O DSM-III-R (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, Terceira Edição Revisada), publicado em 1987, descreveu um total de 17
categorias diagnósticas principais e aproximadamente 292 transtornos mentais.
1994 – DSM – IV (17 CATEGORIAS
DIAGNÓSTICAS COM 297 TRANSTORNOS MENTAIS)
Em 1994, o DSM IV, o autismo continuou como “TRANSTORNO AUTÍSTICO”
(TA), como no DSM – III – R. Esta denominação permite absorver dois outros
diagnósticos: o Retardo MENTAL E OS MOVIMENTOS ESTEREOTIPADOS. O TRANSTORNO
AUTÍSTICO passa, assim, a cobrir duas vezes mais espaço (pp. 79 a 85).
Aqui, a categoria que comporta o autismo é também renomeada
para constituir os “TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO” (TID), acolhendo
também a Síndrome de Asperger, diagnóstico que faz sua aparição nesse momento,
abrangendo aquilo que a psiquiatria clássica denominava como “PSICOSE CRÔNICA,
MAS SE DÉFICIT INTELECTUAL”. Mais uma vez, uma nova denominação, com intuito de
apagar a palavra “psicose”.
No DSM IV o Transtorno continua sendo bastante raro, já que
sua frequência é notada como sendo de “2 a 5 casos para cada 10.000 pessoas”,
mas aqui, já não é mais mencionado como um signo das classes ricas.
No DSM IV os diagnósticos diferenciais eleitos são nomeados
como “Outros transtornos invasivos do desenvolvimento”. Encontramos sempre a
Esquizofrenia Infantil, à qual se acrescenta a Síndrome de Asperger. Mas outros
diagnósticos diferenciais fazem sua aparição na época: a “Sindrome de Rett”, o
“Mutismo Seletivo” e um outro transtorno de linguagem.
No DSM IV, o antigo “TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO DA
INFÂNCIA” é rebatizado como TRANSTORNO DESINTEGRATIVO DA INFÂNCIA”.
TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – IV, de 1994.
O DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, Quarta Edição), publicado em 1994, descreveu aproximadamente 297
transtornos mentais, organizados em 17 categorias diagnósticas principais.
A edição DSM - I continuou a expandir e refinar as categorias
diagnósticas, oferecendo critérios mais detalhados e baseados em evidências
para cada transtorno.
O DSM-IV também manteve e aprimorou o sistema multiaxial
introduzido no DSM-III, permitindo uma avaliação abrangente dos pacientes em
cinco eixos diferentes: transtornos clínicos, transtornos da personalidade e
retardo mental, condições médicas gerais, problemas psicossociais e ambientais,
e avaliação global do funcionamento.
2000 – DSM - IV – TR (17
CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 297 TRANSTORNOS MENTAIS)
Em 2000, no DSM-IV-TR, o Transtorno Autístico continua a
crescer e se estende, a partir de então, por oito páginas (pp. 81 – 88).
No DSM IV TR nota-se uma tentativa de aumento da frequência,
e sua ocorrência é nesse momento notada assim: “5 casos para cada 10.000 indivíduos;
as frequências relatadas variam entre 2 e 20 para cada 10.000 indivíduos. Não
se sabe ainda se as maiores frequências refletem as diferenças metodológicas ou
a um aumento na frequência da doença”.
Aqui um novo diagnóstico diferencial surge de “TRANSTORNO DA
LINGUAGEM”, vem se somar aos precedentes. Sendo que a novidade se situa,
principalmente do lado da SÍNDROME DE ASPERGER, e os diagnósticos diferenciais
dessa nova denominação criada pelo DSM se estendem em duas direções opostas: de
um lado, as personalidades esquizoides com as quais ele pode se confundir; e,
de outro lado, as FOBIAS SOCIAIS”, “Outros TRANSTORNOS DE ANSIEDADE” e os
TRANSTORNOS OBSESSIVOS-COMPULSIVOS” (TOC).
A primeira vertente acentua a patologia psicótica, enquanto a
segunda tenta banaliza-la.
TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – IV - TR de 2000
O DSM-IV-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, Quarta Edição, Revisão de Texto), publicado em 2000, descreveu
aproximadamente 297 transtornos mentais, organizados em 17 categorias
diagnósticas principais.
O DSM-IV-TR (Revisão de Texto) foi uma atualização que
aprimorou as descrições, informações epidemiológicas e dados de pesquisa sobre
os transtornos, mas não adicionou novos transtornos nem alterou
significativamente os critérios diagnósticos existentes.
Portanto, o número de transtornos permaneceu essencialmente o
mesmo entre o DSM-IV e o DSM-IV-TR.
2013 – DSM – 5 (22 CATEGORIAS
DIAGNÓSTICAS COM 157 TRANSTORNOS MENTAIS)
No DSM – 5 a situação o autismo tem um acréscimo considerável
e recebe um novo nome, “TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA” (TEA).
Nessa edição do DSM – 5 “TRANSTORNO
DO ESPECTRO AUTISTA” (TEA) torna-se compatível com outro transtorno, o
“TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH), algo até então
incompatível.
A seção dedicada ao “TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA” TEA
abrange aproximadamente 10 páginas.
No DSM-5, publicado em 2013, o Transtorno do Espectro Autista
(TEA) é descrito como um único transtorno que abrange uma variedade de
manifestações, reconhecendo que o autismo é um espectro com diferentes níveis
de gravidade e apresentações clínicas.
A seguir, detalho como o TEA é descrito no DSM-5 e as
principais alterações em relação ao DSM-IV-TR de 2000.
Descrição do TEA no DSM-5:
O diagnóstico de TEA é baseado em dois domínios principais:
Déficits persistentes na comunicação
social e na interação social em múltiplos contextos, manifestados por:
Padrões restritos e repetitivos de
comportamento, interesses ou atividades, manifestados por pelo menos dois dos seguintes:
Movimentos motores estereotipados ou
repetitivos:
Flapping das mãos, alinhamento de
brinquedos, ecolalia.
Insistência nas mesmices:
Adesão inflexível a rotinas, padrões
ritualizados de comportamento verbal ou não verbal.
Interesses fixos e altamente
restritos:
Forte apego ou preocupação com objetos
incomuns, interesses excessivamente circunscritos.
Hiper ou hiporreatividade a estímulos
sensoriais:
Aparente indiferença à dor/temperatura,
resposta adversa a sons ou texturas específicas, fascínio visual com luzes ou
movimento.
Critérios adicionais:
Os sintomas devem estar presentes no
início do período de desenvolvimento, mas podem não se manifestar completamente
até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas.
Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no
funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes.
Esses distúrbios não são melhor explicados por deficiência
intelectual ou atraso global do desenvolvimento.
ALTERAÇÕES EM RELAÇÃO AO DSM-IV-TR:
Unificação dos Diagnósticos:
DSM-IV-TR:
O autismo era parte dos Transtornos
Invasivos do Desenvolvimento (TID), que incluíam:
Transtorno Autista; Transtorno de
Asperger; Transtorno Desintegrativo da Infância; Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
Sem Outra Especificação (PDD-NOS); Transtorno de Rett.
DSM-5:
Todos esses subtipos foram integrados
sob o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A exceção é o Transtorno de Rett, que
foi removido dos TID devido à sua base genética distinta.
Reestruturação dos Domínios
Diagnósticos:
DSM-IV-TR:
Os critérios eram divididos em três
domínios:
Déficits na interação social; Déficits
na comunicação; Comportamentos, interesses e atividades restritos e repetitivos.
DSM-5:
Os critérios foram consolidados em
dois domínios:
Déficits na comunicação social e
interação social (os dois primeiros domínios anteriores foram combinados);
Padrões restritos e repetitivos de
comportamento, interesses ou atividades.
Introdução de Especificadores e
Níveis de Gravidade:
Especificadores:
O DSM-5 permite adicionar detalhes ao
diagnóstico de TEA, como:
Com ou sem deficiência intelectual
associada;
Com ou sem comprometimento de linguagem
associado;
Associado a uma condição médica ou
genética conhecida ou a um fator ambiental;
Associado a outro transtorno do
neurodesenvolvimento, mental ou comportamental;
Com catatonia.
Níveis de Gravidade:
Foram introduzidos para indicar o
suporte necessário em cada domínio:
Nível 1: Necessita de apoio
Nível 2: Necessita de apoio substancial
Nível 3: Necessita de apoio muito
substancial
Remoção do Transtorno de Asperger
como Diagnóstico Separado:
O Transtorno de Asperger não é mais um
diagnóstico separado. Indivíduos anteriormente diagnosticados com Asperger
agora são incluídos no espectro do TEA, com especificação do nível de suporte
necessário e da presença ou ausência de comprometimento de linguagem ou
intelectual.
Reconhecimento de Sintomas
Sensoriais:
O DSM-5 inclui hiper ou hiporreatividade
a estímulos sensoriais como parte dos critérios diagnósticos, reconhecendo a
importância das diferenças sensoriais no TEA.
Ênfase na Manifestação ao Longo da
Vida:
Reconhecimento de que os sintomas do TEA
podem se manifestar de forma diferente conforme a idade e que o diagnóstico
deve considerar o histórico de desenvolvimento do indivíduo.
Objetivos das Alterações:
Melhorar a Precisão Diagnóstica:
A unificação dos diagnósticos visa
reduzir inconsistências e melhorar a confiabilidade entre os profissionais de
saúde.
Refletir a Natureza do Espectro:
Reconhecer que o autismo se manifesta em
um continuum de severidade e apresentação, permitindo uma abordagem mais
personalizada.
Facilitar o Acesso a Serviços:
Com um diagnóstico unificado, espera-se
que os indivíduos tenham melhor acesso a intervenções e suporte adequados às
suas necessidades.
Incorporar Avanços Científicos:
As alterações refletem a pesquisa atual
sobre o TEA, incluindo aspectos genéticos, neurológicos e comportamentais.
As mudanças do DSM-IV-TR para o DSM-5
representam um avanço na compreensão e abordagem do Transtorno do Espectro
Autista.
Ao consolidar os subtipos em um único
diagnóstico com especificadores e níveis de gravidade, o DSM-5 oferece um
framework mais flexível e abrangente para avaliar e atender às necessidades
individuais das pessoas no espectro autista.
TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – 5, de 2013
O DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, 5ª Edição), publicado em 2013, descreve aproximadamente 157
transtornos mentais, organizados em 22 categorias diagnósticas principais.
O DSM-5 introduziu mudanças significativas em relação às
edições anteriores, incluindo a reestruturação de categorias diagnósticas, a
introdução de novos transtornos e a revisão de critérios diagnósticos
existentes.
Algumas categorias
foram combinadas ou subdivididas, o que pode afetar a contagem exata de
transtornos dependendo de como eles são classificados.
2022 – DSM-5-TR (22
CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 157/160 TRANSTORNOS MENTAIS)
O DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, 5ª Edição, Revisão de Texto), foi publicado em março de 2022.
Atualizações e Revisões de Texto: O DSM-5-TR inclui
refinamentos nas descrições e critérios diagnósticos de vários transtornos,
baseados em novas pesquisas e evidências clínicas acumuladas desde 2013.
Foi adicionado um novo transtorno, o Transtorno de Luto
Prolongado, reconhecendo a necessidade de critérios específicos para indivíduos
que experimentam um luto persistente e intenso.
O manual atualiza os códigos do CID-10 (Classificação
Internacional de Doenças) para alinhá-los com as versões mais recentes,
facilitando a padronização internacional.
Expansão e atualização das informações sobre como fatores
culturais, raciais e de gênero podem influenciar a apresentação, diagnóstico e
tratamento dos transtornos mentais.
Esforço para utilizar terminologia que seja mais inclusiva e
sensível, refletindo uma compreensão atualizada das questões relacionadas à
identidade de gênero, orientação sexual e diversidade cultural.
Embora o DSM-5-TR não seja uma nova edição completa, ele
serve como uma atualização importante que reflete os avanços na pesquisa
psiquiátrica e na prática clínica desde a publicação do DSM-5.
As revisões de texto e adições ajudam os profissionais de
saúde mental a:
Com descrições atualizadas, os profissionais podem realizar
avaliações mais precisas e adequadas às necessidades dos pacientes.
A atualização dos códigos diagnósticos garante a
compatibilidade com os sistemas internacionais de classificação de doenças.
Reconhecendo a influência dos fatores culturais e sociais, o
DSM-5-TR promove uma prática clínica mais sensível e eficaz.
Se você estiver trabalhando ou estudando na área de saúde
mental, é recomendável consultar o DSM-5-TR para assegurar que está utilizando
as informações e critérios diagnósticos mais atualizados. Isso contribuirá para
uma melhor compreensão dos transtornos mentais e para a prestação de cuidados
mais eficazes e empáticos aos pacientes.
O DSM – 5 – TR, DE 2022, EM RELAÇÃO AO AUTISMO
No DSM-5-TR de 2022, o Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA) é abordado com algumas atualizações em relação ao DSM-5 de 2013. Aqui
estão os principais pontos a considerar:
O DSM-5-TR possui uma seção específica que discute o
Transtorno do Espectro do Autismo em detalhe, abrangendo aproximadamente de 12
a 15 páginas, dependendo da edição e do layout.
A denominação oficial permanece como Transtorno do Espectro
do Autismo (TEA). Essa denominação foi adotada inicialmente no DSM-5 de 2013 e
é mantida no DSM-5-TR, que busca representar o transtorno como um espectro
contínuo de características e gravidades.
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES EM RELAÇÃO AO DSM-5 – TR (2013) EM
RELAÇÃO DSM – 5, 2013
No DSM-5-TR, a linguagem foi ajustada para maior precisão e
clareza.
Por exemplo, há uma ênfase renovada em descrever o TEA como
um espectro, destacando a variação nos níveis de suporte necessários.
Critérios Diagnósticos Mantidos: Os critérios diagnósticos
para o TEA permaneceram amplamente os mesmos, divididos em duas áreas
principais:
(1) Déficits persistentes na comunicação social e na
interação social;
(2) Padrões restritos e repetitivos de comportamento,
interesses ou atividades.
No entanto, o texto revisado aprofunda a explicação de cada
critério para aumentar a clareza e facilitar a aplicação clínica.
O DSM-5-TR traz mais detalhes sobre comorbidades comuns ao
TEA, como transtornos de ansiedade, TDAH e déficits intelectuais.
O novo texto orienta os profissionais a avaliarem e
identificarem condições co-ocorrentes para um diagnóstico mais abrangente.
O DSM-5-TR incorpora mais orientações sobre a avaliação de
TEA em contextos culturais variados e populações que possam apresentar
barreiras linguísticas ou culturais para garantir uma avaliação mais inclusiva.
Embora o DSM-5-TR não forneça diretrizes de tratamento
específicas, ele menciona brevemente a importância de abordagens baseadas em
evidências, o que é uma adição em comparação ao DSM-5.
Essas revisões visam auxiliar os clínicos na aplicação dos
critérios diagnósticos e na compreensão mais abrangente das necessidades dos
indivíduos com TEA, incentivando abordagens que considerem tanto a
variabilidade do transtorno quanto as necessidades de suporte de cada pessoa.
ALTERAÇÕES NO DSM-5-TR, 2022 EM RELAÇÃO AO DSM-5, DE 2013
O DSM-5-TR (2022) trouxe algumas atualizações importantes em
relação ao DSM-5 de 2013, incluindo novos transtornos, mudanças de terminologia
e exclusões.
Aqui estão as principais alterações:
Novos Transtornos Acrescentados
Transtorno da Luto Prolongado:
Incluído na seção de Transtornos
Relacionados a Trauma e Estressores, o Transtorno da Luto Prolongado descreve
sintomas persistentes de luto que duram mais de 12 meses para adultos e 6 meses
para crianças, com sofrimento significativo e comprometimento funcional.
Distúrbios de Ansiedade Induzidos por
Substâncias/Medicação e Outros Especificados:
Foram feitas adições e revisões para
descrever melhor os transtornos de ansiedade relacionados ao uso de substâncias
e medicamentos.
Mudanças na Terminologia
Transtorno Disruptivo de Disregulação
do Humor:
Esse transtorno foi renomeado para
Transtorno de Disregulação do Humor para clarificar seu enfoque e evitar
confusões com outras condições disruptivas ou comportamentais.
Transtorno de Identidade de Gênero:
Em um esforço para ser mais inclusivo e
menos estigmatizante, foi substituído pelo termo Incongruência de Gênero.
Transtornos relacionados ao uso de
substâncias:
Pequenas mudanças nas descrições e
critérios foram feitas para padronizar a linguagem e facilitar uma compreensão
mais clara dos sintomas.
Revisões de Critérios e Ajustes
Textuais
Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH):
Houve uma atualização nos critérios para
adultos e crianças, buscando melhorar a precisão diagnóstica.
Transtornos Depressivos:
Foi feito um ajuste na descrição dos
critérios e sintomas, incluindo a melhor descrição de manifestações em
diferentes grupos etários.
Transtornos de Ansiedade:
Revisões foram feitas para incorporar
uma abordagem mais inclusiva em relação a diferentes culturas e para melhorar a
compreensão dos sintomas de maneira adaptada ao contexto sociocultural do
paciente.
Transtornos Neurocognitivos e
Neurodesenvolvimentais:
Os textos foram ampliados para incluir
especificações e diagnósticos em diferentes populações, incluindo maiores
orientações para comorbidades.
Essas mudanças refletem um esforço do DSM-5-TR para aprimorar
a precisão diagnóstica, reduzir estigmas e melhorar a aplicabilidade dos
critérios em contextos clínicos e culturais variados.
TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – 5 - TR de 2022
O DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, 5ª Edição, Revisão de Texto), publicado em 2022, mantém as mesmas 22
categorias diagnósticas principais do DSM-5 de 2013. Em relação ao número total
de transtornos mentais descritos, o DSM-5-TR inclui aproximadamente 157 a 160
transtornos mentais.
O DSM-5-TR inclui um novo Transtorno de Luto Prolongado.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
Edições Traduzidas para o Português:
As edições DSM-IV, DSM-IV-TR e DSM-5
foram oficialmente traduzidas para o português e publicadas pela Artmed Editora
no Brasil.
Edições em Inglês (Não Traduzidas):
As edições DSM-I, DSM-II, DSM-III e
DSM-III-R não possuem traduções oficiais em português e são referenciadas em
seu idioma original.
CONCLUSÃO
A evolução das classificações do autismo
no DSM representa não apenas um avanço no campo da psiquiatria, mas também um
reflexo das transformações culturais e científicas no entendimento dos
transtornos mentais.
Com a consolidação do Transtorno do
Espectro Autista (TEA) no DSM-5 e as subsequentes revisões, o autismo passou a
ser visto como um espectro contínuo, que abarca diferentes graus de
comprometimento e especificidades. Essa
A reestruturação encontrada no DSM-R-TR
houve uma ampliação das possibilidades
de diagnóstico e tratamento, promovendo um enfoque mais inclusivo e sensível às
necessidades dos indivíduos com autismo.
A análise dessas mudanças históricas
reforça a importância de critérios diagnósticos que acompanhem o progresso
científico e as demandas de uma prática clínica adaptada à diversidade humana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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