A Dupla Personalidade é reconhecida entre os profissionais de saúde mental como Transtorno Dissociativo de Identidade, ou Transtorno Múltiplas personalidades.
DEFINIÇÃO
É uma condição mental onde um único indivíduo demostra características de duas ou mais personalidade ou identidade distintas, cada uma com sua maneira de perceber e interagir com o meio.
Desintegração do ego, uma explicação para a dupla personalidade
Define-se dissociação como um processo mental complexo que promove aos indivíduos um mecanismo que possibilita-os enfrentar situações traumáticas e/ou dolorosas. É caracterizada pela desintegração do ego.
A integração do ego, sendo o ego o centro da personalidade, pode ser definido como a habilidade de um indivíduo em incorporar à sua percepção, de forma bem-sucedida, eventos ou experiência externas, e então lidar com elas consistentemente através de eventos ou situações sociais.
Alguém incapaz disso pode passar por uma desregulagem emocional, bem como um potencial colapso do ego.
Em outras palavras, tal estado de desregulagem emocional é, em alguns casos, tão intenso a ponto de precipitar uma desintegração do ego, ou o que, em casos extremos, tem sido diagnosticado como uma dissociação.
Porque o indivíduo que sofre uma dissociação não se desliga totalmente da realidade, ele pode aparentar ter múltiplas personalidades para lidar com diferentes situações.
Quando um alter não pode lidar com uma situação particularmente estressante, a consciência do indivíduo acredita estar dando à outra personalidade a chance de eliminar a causa da situação.
A dissociação não é sociopática ou compulsiva. O estresse biológico causado pelo trauma original é aliviado pelo afastamento parcial da resposta emocional, que faz com que o mesencéfalo aprenda a dissociar como forma de reação.
Isto faz com que a recuperação do Transtorno dissociativo de identidade seja o caso de um retreinamento do mesencéfalo, ao invés de uma função mais social do neo-córtex.
Uma vez que o agente causador é um estresse biológico ao invés de eventos externos específicos, as causas exatas de uma dissociação reativa são eventos particularmente difíceis de se descobrir.
O QUE PODE CAUSAR
• Stress extremo e intenso;
• Falta de compreensão ao enfrentar situações limites na infância;
• Falta de proteção frente a situações limites, também na infância
• Dissociações aonde são alteradas a capacidade de memória, percepção e identidade pessoal;
• Defesa negativa;
• Sofrimento intenso;
• Traumas impactantes podem causar o transtorno.
Por exemplo:
Os traumas vivenciados normalmente antes dos 7 anos de idade;
Os traumas ligados a: incestos; abusos sexuais ou situações semelhantes que causam estresse.
Lembrando que:
Crianças não nascem com um senso de identidade unificado — ele se desenvolve a partir de muitas fontes e experiências.
Em crianças oprimidas, tal desenvolvimento é obstruído, e muitas partes que deveriam ser fundidas numa única identidade relativa acabam por permanecer em separado.
Situações que chamam atenção:
O abuso sexual apontada como maior causa da enfermidade
Estudos norte-americanos mostraram que 97 a 98% dos adultos com Transtorno dissociativo de identidade relataram abuso durante a infância e que tal abuso pode ser documentado em 85% dos adultos e 95% das crianças e adolescentes com outras formas de transtornos dissociativos.
Embora estes dados estabeleçam o abuso infantil como grande causa entre pacientes norte-americanos (em algumas culturas, as conseqüências de uma guerra ou um desastre podem ter um maior papel), eles não significam que todos os pacientes sofreram abuso ou que todos os abusos relatados realmente ocorreram.
Perdas recentes e ou sofrimento na infância
Da mesma forma, alguns pacientes não sofreram abuso, mas sofreram perdas recentes — como a morte de um parente —, sérias doenças ou eventos notadamente estressantes.
Por exemplo, um paciente que passou por muitos internamentos hospitalares e cirurgias na infância pode ter sido severamente oprimido, mas não sofrido nenhum abuso — embora os pais, no intuito de ajudar, possam ter agido opressivamente como forma de proteção.
O desenvolvimento humano requer que as crianças sejam capazes de integrar informações e experiências complicadas e de vários tipos com sucesso.
À medida que a criança obtém apreciações coesas de si própria e de outros, ela vai passando por fases onde diferentes percepções e emoções vão se acumulando juntas. Cada fase de desenvolvimento pode gerar diferentes "eus".
Lembrando que cada caso, é um caso
Nem todas as crianças que passam por abusos ou grandes traumas possuem a capacidade de desenvolver múltiplas personalidades.
CRITÉRIO PARA O DIAGNÓSTICO
Quando a pessoa perde a memória associada (tempo perdido) ou amnésia dissociativa aguda.
Sintomas:
Pacientes geralmente demonstram uma grande variedade de sintomas que podem remeter a outros transtornos neurológicos e psiquiátricos, como transtornos de ansiedade, personalidade, humor ou esquizofrenia. Os sintomas deste transtorno, em particular, podem incluir:
• Depressão;
• Ansiedade (suores, pulso acelerado, palpitações);
• Fobias;
• Ataques de pânico;
• Cefaleias ou dores em outras partes do corpo;
• Nível instável das funções, de altamente efetivas a inoperantes;
• Lapsos e distorções na percepção do tempo, amnésia dissociativa;
• Disfunção sexual;
• Transtornos alimentares;
• Estresse pós-traumático;
• Preocupações ou tentativas suicidas;
• Uso ou abuso de substâncias psicoativas.
Outros sintomas podem incluir: despersonalização — que se refere a sentir-se irreal, removido de si próprio e desconectado do processo físico e mental do "eu"; o paciente sentir-se como um espectador ou observador de sua vida e pode enxergar a si próprio como se estivesse assistindo a um filme; desrealização — que se refere à percepção de pessoas familiares como se elas fossem estranhas ou mesmo irreais.
Cuidados:
Novamente, aqueles que tratam do paciente devem ser cautelosos quanto a assumir que o paciente possui o transtorno simplesmente por ele apresentar alguns ou todos os sintomas acima relacionados.
Por exemplo, alguém pode manifestar ideias claramente suicidas e auto-mutilação — ambos os sintomas listados acima —, mas não pode ser diagnosticado com o transtorno pois é necessário que haja duas ou mais personalidades.
Outros detalhes importantes no diagnóstico
As personalidades podem se descrever como possuindo idade, gênero, memórias e conhecimentos distintos.
Indivíduos com Transtorno dissociativo de identidade geralmente relatam coisas que eles não se lembram de terem feito ou mudanças notáveis em seu comportamento.
Eles podem descobrir objetos, produções ou manuscritos que eles não reconhecem; eles podem se referir a si próprio na primeira pessoa do plural (nós) ou na terceira pessoa (ele, eles); e eles podem apresentar amnésia para eventos que ocorreram entre meados de sua infância e o início de sua adolescência. Amnésia para eventos recentes é normal e esporádico.
EXEMPLOS NA LITERATURA DO TRANSTORNO
Psicose, o filme;
O incrível Huck, o filme;
Fernando Pessoa (seus heterônimos)
TRATAMENTO
Psicoterapia de orientação analítica ou comportamental podem ajudar muito pessoas com transtorno, sendo a psicanálise a mais indicada.
A abordagem psicológica mais comum em relação ao tratamento leva em consideração os sintomas, para assegurar a integridade do próprio indivíduo e reconectá-lo às múltiplas identidades, estimulando-o a melhorar.
Este processo é geralmente chamado de "integração". Existem, entretanto, outras modalidades respeitadas de tratamento que não dependem da integração das identidades separadas. A integração pode não ser a abordagem certa para todos, e o terapeuta deve chegar a um acordo com o paciente sobre o melhor caminho a seguir.
O tratamento também pode ajudar o indivíduo a expressar e processar de forma segura suas memórias dolorosas, desenvolvendo novos estilos de vida, restaurando a funcionalidade e melhorando os relacionamentos.
A melhor abordagem de tratamento depende do indivíduo e do grau de severidade de seus sintomas.
O tratamento geralmente inclui uma combinação dos seguintes métodos:
• Cooperação
Uma alternativa à integração com o objectivo de, invés de tentar reconectar as diversas personalidades, ajudá-las a estarem cientes da existência umas das outras e cooperarem para obter estabilidade.
Este processo é moroso, pois envolve (a) estabelecer contacto entre as personalidades e criar uma linha de comunicação para que possam coordenar-se e cooperar; (b) abordar as memórias reprimidas, que são muitas vezes descobertas ao lidar abertamente com as diferentes alter-personalidades;
• Terapia cognitiva-comportamental
Foca na mudança de padrões de pensamentos não saudáveis e no desenvolvimento de ;
• Medicação
Embora não exista medicação específica, o paciente pode sofrer de depressão ou ansiedade, que podem ser tratados com antidepressivos e ansiolíticos;
• Terapia familiar
Ajuda a educar a família sobre o transtorno e suas causas, bem como a reconhecer os sintomas de uma recorrência e trabalhar como lidar melhor com a situação;
• Arte terapia ou musicoterapia
Permite ao paciente explorar e expressar seus pensamentos e sentimentos de forma criativa e segura;
• Hipnoterapia
Utiliza relaxamento intenso, concentração e atenção focada para obter um estado alterado de consciência;
• Terapia Comportamental
Envolve a obrigação do paciente a responder a um único nome, recusando-se qualquer conversação com o paciente se ele é de outro sexo, idade, ou qualquer outra diferença da pessoa inicialmente apresentada.
À medida que o paciente começa a responder mais consistentemente a um determinado nome, falando na primeira pessoa, uma terapia mais tradicional para o trauma pode ter início.
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