quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

TOC – TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO


O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), distúrbio obsessivo-compulsivo (DOC) ou Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC), é um Transtorno de Ansiedade caracterizado por pensamentos obsessivos e compulsivos, no qual o indivíduo tem comportamento considerado estranhos pela sociedade ou por si próprio; normalmente trata-se de ideias exageradas e irracionais de saúde, higiene, organização, simetria, perfeição ou manias e "rituais" que são incontroláveis ou dificilmente controláveis.

O transtorno obsessivo-compulsivo é considerado o quarto diagnóstico psiquiátrico mais frequente na população.

De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), até o ano 2020 o transtorno obsessivo-compulsivo estará entre as dez causas mais importante de comprometimento por doença.

Além da interferência nas atividades, os sintomas obsessivo-compulsivos (SOC) causam incômodo e angústia aos pacientes e seus familiares.

Apesar de ter sido descrito há mais de um século, e dos vários estudos publicados até o momento, o transtorno obsessivo-compulsivo ainda é considerado um "enigma". 

Questões como a descoberta de possíveis fatores etiológicos, diversidade de sintomas e como respondem aos tratamentos continuam sendo um desafio para os pesquisadores.

Estudos indicam que uma das dificuldades para encontrar essas respostas deve-se ao caráter heterogêneo do transtorno. 

Vários estudos têm apontado para a importância da identificação de subgrupos mais homogêneos de pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo. 

Esta abordagem visa a buscar fenótipos mais específicos que possam dar pistas para a identificação dos mecanismos etiológicos da doença, incluindo genes de vulnerabilidade e, por fim, o estabelecimento de abordagens terapêuticas mais eficazes.

TIPOS DE MANIFESTAÇÃO
TIPO OBSESSIVO
No tipo Obsessivo, o indivíduo apresenta um pensamento fixo ou repetitivo, sendo normalmente negativo ou contrário a sua ética, moral, sexual, religião ou a sua cultura.

Nesse caso a pessoa sofre por nao puder parar ou deixar de pensar o que ela julga ruim, pecaminoso ou absurdo.

Obsessões podem ser definidas também como ideias, imagens ou pensamentos que invadem a mente do indivíduo, independentemente da sua vontade. Causam incômodo, desconforto ou sofrimento para a pessoa, que embora perceba o seu caráter irracional, dificilmente tem sucesso em conseguir afastá-las.

Algumas obsessões em casos mais sérios podem ser pensamentos e impulsos de fazer alguma atrocidade indesejável, como agredir crianças, atingir alguém com algo e quebrar objetos de valor, causando medo de que se possa perder o controle.

TIPO COMPULSIVO
No tipo compulsivo, o indiviíduo apresenta comportamentos e/ou atos mentais repetitivos e estereotipados que o indivíduo é levado a executar voluntariamente para reduzir a ansiedade ou mal-estar causado por uma obsessão ou para prevenir algum evento temido. 

Aqui o paciente apresenta um comportamento consciente e repetitivo, como contar, verificar ou evitar um pensamento que serve para anular uma obsessão. 

Outros exemplos de compulsão são o ato de lavar as mãos ou tomar banho repetidamente, conferir reiteradamente se esqueceu algo como uma torneira aberta ou a porta de casa sem trancar. 

Deve-se deixar claro porém que para que esses comportamentos sejam considerados compulsivos, devem ocorrer em uma frequência bem acima do necessário diante de qualquer padrão de avaliação.

TIPO OBSESSIVO- COMPULSIVO
Aqui o individuo apresenta tanto a obsessão como e compulsão juntas. 

Em minha opinião esse é o caso mais complicado, tendo em vista o sogrimento e o gasto de energia que a pessoa tem no tentar controlar a enfermidade.

Vale salientar que em todos os tipos citados indivídu reconhece o caráter irracional do comportamento, apesar de dificilmente conseguir evitar sua ocorrência.

SUBTIPOS DE TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO
Alguns subtipos de transtorno obsessivo-compulsivo têm sido propostos. 

Dentre eles, dois subtipos bastante estudados correspondem aos pacientes com início precoce dos sintomas obsessivo-compulsivos e o subtipo de transtorno obsessivo-compulsivo associado à presença de tiques e/ou Síndrome de Tourette (ST);

Esses dois subgrupos de pacientes apresentam características clínicas, neurobiológicas, de neuroimagem, genéticas e de resposta aos tratamentos distintos e que os diferenciam de outros pacientes. 

É importante ressaltar também que esses dois subtipos apresentam características semelhantes, o que dificulta a interpretação de sua natureza, ou seja, torna-se difícil diferenciar se as características encontradas são devido ao início precoce dos sintomas obsessivo-compulsivos ou à presença de tiques.

PERCENTUAL DE PESSOAS ATINGIDAS PELA ENFERMIDADE
Acomete 2 a 3% da população geral. 

A idade média de início costuma ser por volta dos 20 anos e acomete tanto homens como mulheres.

Calcula-se que entre 2,5% a 3% das pessoas irão deenvolver ao longo de sua existência a Obsessão-Compulsiva.

Depressão Maior e Fobia Social podem acometer os pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo ao longo da vida.

A partir desses estudos com metodologia mais cuidadosa, foi possível demonstrar que o Transtorno obsessivo-compulsivo é um transtorno comum na população em geral, inclusive em crianças.

Estima-se que um terço dessas taxas nos estudos sejam crianças e/ou adolescentes, e que cerca de 50% dos adultos com Transtorno obsessivo-compulsivo tenham apresentado o início dos TOC na infância. 

SINTOMAS
Frequentemente as pessoas acometidas por este transtorno escondem de amigos e familiares essas ideias e comportamentos, tanto por vergonha quanto por terem noção do absurdo das exigências autoimpostas. 

Muitas vezes desconhecem que esses problemas fazem parte de um quadro psicológico tratável e cada vez mais responsivo a medicamentos específicos e à psicoterapia. 

As obsessões tendem a aumentar a ansiedade da pessoa ao passo que a execução de compulsões a reduz. Porém, se uma pessoa resiste a realização de uma compulsão ou é impedida de fazê-la surge intensa ansiedade. 

A pessoa pode perceber que a obsessão é irracional e reconhecê-la como um produto de sua mente, experimentando tanto a obsessão quanto a compulsão como algo fora de seu controle e desejo, o que causa muito sofrimento. 

Pode ser um problema incapacitante porque as obsessões podem consumir tempo (muitas horas do dia) e interferirem significativamente na rotina normal do indivíduo, no seu trabalho, em atividades sociais ou relacionamentos com amigos e familiares.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
O diagnóstico é clínico, ou seja, com base nos sintomas do paciente.

De acordo com a quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico da Associação Psiquiátrica da América (DSM-IV), o transtorno obsessivo-compulsivo é um transtorno crônico caracterizado pela presença de obsessões e/ou compulsões, que consomem ao menos uma hora por dia, e causam sofrimento ao paciente e/ou seus familiares.

O Código Internacional de Doenças, da Organização Mundial de Saúde, 10a edição, CID-10, apresenta os mesmos critérios diagnósticos, exceto pelo fato de que o CID- 10 exige que as obsessões e/ou compulsões estejam presentes na maioria dos dias por um período de no mínimo duas semanas. 

Tanto no DSM-IV quanto no CID-10 não existem diferenças nos critérios para o diagnóstico de crianças, adolescentes e adultos.

OS CONTEÚDOS OBSESSIVOS E COMPULSIVOS
Os temas das obsessões relatados pelos pacientes são variados, já que estas podem ser criadas a partir de qualquer substrato que possa aparecer na mente, sejam palavras, imagens, cenas, sons, preocupações e medos. 

Dessa forma, não existem limites para a variedade possível do conteúdo das obsessões.

Apesar disso, alguns temas são considerados como mais frequentes, tais como: obsessões com temas de contaminação, de agressão, pensamentos religiosos, sexuais, obsessões com simetria e com colecionismo.

As compulsões também podem variar bastante. Entre as mais frequentes, podemos citar: rituais de limpeza, de verificação, de repetição, de contagem, colecionismo e ordenação, e arranjo.

Alguns exemplos de compulsões que muitas vezes são difíceis de serem identificadas são os rituais mentais e os comportamentos de evitação. Rituais mentais são atos mentais, ou rituais que se fazem internamente, "na cabeça", tais como rezar ou pensar um pensamento bom para anular um pensamento ruim. 

Existem também os comportamentos de evitação são realizados pelo paciente com o objetivo de não entrar em contato com o objeto ou situação temida. 

Por exemplo, o indivíduo evita tocar em lugares que considera sujos, ou evita olhar para lugares que possam desencadear obsessões.

O início dos sintomas pode ser agudo ou insidioso, não havendo um padrão de evolução determinado.

O quadro do transtorno obsessivo-compulsivo frequentemente inicia-se apenas com uma obsessão e/ou compulsão, havendo posteriormente uma sobreposição dos sintomas.

O curso da doença tende a ser crônico, com baixas taxas de remissão completa, como demonstram estudos de seguimento.

QUALIDADE DE VIDA
A qualidade de vida dos portadores de transtorno obsessivo-compulsivo fica comprometida com o grau de sofrimento e a interferência que este causa, também pelo seu caráter crônico.

Várias áreas da vida da pessoa são afetadas, a saber: auto-estima, atividades profissionais, escolares e recreativas; há prejuízo significativo nas relações sociais e sexuais.

TRATAMENTO
Psicoterapia
O tratamento deve ser individualizado, dependendo das características e da gravidade dos sintomas que o paciente apresenta. 

Em linhas gerais, contudo, utiliza-se a psicoterapia de orientação cognitivo-comportamental associada com tratamento farmacológico às vezes, em doses bem mais elevadas que as utilizadas no tratamento da depressão. 

A psicanálise ou psicoterapia de linha analítica pode ser útil, pois existe um aprofundamento no incosnciente do indivíduo, já que as obsessões e as compulsões foge do controle da consciência.

Medicação
Entre os fármacos preconizados, destacam-se os Inibidores da Recaptação de Serotonina (IRS), tanto os seletivos como os não seletivos. A Clomipramina é a droga padrão-ouro, e muitos Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS), como fluoxetina, sertralina e paroxetina, são utilizados com boa eficácia.

Pode ser usada também a Homeopatia e o Florais que ajuda em muito a diminuir a ansiedade e consequentemente o TOC.

Métodos Alternativos
A Acupuntura, meditação, relaxamento, massagens e outros métodos podem ser usado para ajudar no tratamento do TOC.

O TEMPO DE TRATAMENTO
O tratamento leva tempo, em média de 1 a 3 anos, em alguns casos, em outros, a pessoa pode passar anos de tratando do toque, logo, quem espera uma resposta imediata para o TOC, deve mudar de opinião, pois isso deminui a frustração.

DIFICULDADE NO TRATAMENTO
As dificuldades no trataento das pessoas que sofrem de TOC existemr e consequentemente atrapalhar o tratamento, gerando prejuízo para a pessoa, a família e o profissional.

Vejamos algumas dificuldades:
Falta de apoio por parte dos familiares;
Falta de conhecimento dos familiares sobre a enfermidade;
Falta de paciencia por parte dos familiares;
Busca pelo imediatismo por parte paciente e também familiar;
Troca de profissionais em curto espaço de tempo;
Teimosia do paciente e dos familiares que insistem em seguir orientação dos populares, em vez dos especialistas;
Troca de medicação no curto espaço de tempo;
Intervenção de religiosos e de crenças comuns no meio do convívio em que a pessoa vive.
Preconceito e ignorância para com as doenças mentais.

AS CAUSAS
A etiologia (causas) do TOC ainda é desconhecida. 

O TOC é provavelmente resultante de fatores causais diferentes. 

Algumas formas de TOC são familiares e podem estar associadas a uma predisposição genética. Outras se apresentam como casos esporádicos. 

Entre os casos familiares, parte parece estar relacionada aos transtornos de tiques, como por exemplo a Síndrome de Tourette (ST). 

Os tiques são movimentos, sons ou vocalizações repetitivos, abruptos e estereotipados que envolvem grupos musculares distintos. São caracterizados pelos clínicos pela sua localização anatômica, número, frequência, intensidade e complexidade.

O TOC de início precoce está associado com uma preponderância masculina e um risco aumentado de transtornos de tiques.

Estudos neuroquímicos (com mensageiros químicos que transmitem os impulsos nervosos) têm implicado neurotransmissores conhecidos como monoaminas e neuropeptídeos na fisiopatologia (mecanismo que estabelece a doença) do TOC, ST, e doenças relacionadas. 

A principal evidência disponível relaciona-se com a eficácia bem estabelecida dos Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina (ISRS) no tratamento do TOC. A dopamina (outro neurotransmissor) e substâncias conhecidas como opióides também têm sido implicados. 

Recentemente, surgiu a hipótese do excesso de atividade de um sistema cerebral envolvendo o hormônio ocitocina (OT) em pacientes com TOC sem tiques. Especula-se que pacientes com TOC associado à OT podem ser mais responsivos aos ISRS do que os pacientes com TOC associado a tiques.

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