quinta-feira, 13 de outubro de 2016

SUICÍDIO, A DESESPERANÇA QUE MATA... O QUE É E COMO PREVENIR


O suicídio é um fenômeno complexo que tem atraído a atenção de filósofos, teólogos, médicos, sociólogos e artistas através dos séculos.

Como um sério problema de saúde pública, este demanda nossa atenção, mas sua prevenção e controle, infelizmente, não são uma tarefa fácil.

A DIMENSÃO DA REALIDADE
A realidade do suicídio no Mundo e no Brasil é a seguinte:
A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo.
A cada 3 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida.
O suicídio está entre as três maiores causa de morte entre pessoas com idade entre 15-35 anos.
Cada suicídio tem um sério impacto em pelo menos outras seis pessoas.

O impacto psicológico, social e financeiro do suicídio em uma família e comunidade é imensurável.

O Brasil é o oitavo país com o maior número de suicídios. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 32 brasileiros morrem diariamente vítimas de suicídio. 

Os dados são ainda mais alarmantes em relação aos jovens. O suicídio mata mais pessoas entre 15 e 29 anos do que o HIV em todo o mundo.

Ao todo, 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos. 

Dados da OMS indicam que para cada concretização do ato, houve 20 tentativas frustradas. 

Para combatê-lo de maneira efetiva é importante que a sociedade tenha conhecimento sobre a temática.

COMPLEXIDADE DO ASSUNTO
Suicídio é um problema complexo para o qual não existe uma única causa ou uma única razão. Ele resulta de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais.

É difícil explicar porque algumas pessoas decidem cometer suicídio, enquanto outras em situação similar ou pior não o fazem. Contudo a maioria dos suicídios pode ser prevenida.

SUICÍDIO E TRANSTORNOS MENTAIS
Estudos tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento revelam dois importantes fatores relacionados ao suicídio. Primeiro, a maioria das pessoas que cometeu suicídio tem um transtorno mental diagnosticável. Segundo, suicídio e comportamento suicida são mais frequentes em pacientes psiquiátricos. 

Esses são os grupos diagnósticos, em ordem decrescente de risco de:
depressão (todas as formas);
transtorno de personalidade (antissocial e Borderline com traços de impulsividade, agressividade e frequentes alterações do humor);
alcoolismo (e/ou abuso de substância em adolescentes);
esquizofrenia;
transtorno mental orgânico.

Apesar de a maioria das pessoas com risco de suicídio presentarem transtorno mental, a maioria não procura um profissional de saúde mental, mesmo em países desenvolvidos. 

DEPRESSÃO
Depressão é o diagnóstico mais comum em suicídios consumados. Todos sentem-se deprimidos, tristes, solitários e instáveis de tempos em tempos, mas marcadamente esses sentimentos passam.

Contudo, quando os sentimentos são persistentes e interferem na vida normal, usual da pessoa, eles tornam-se sentimentos depressivos e levam a um de transtorno depressivo.

Alguns dos sintomas comuns de depressão são:
sentir-se triste durante a maior parte do dia, diariamente;
perder o interesse em atividades rotineiras;
perder peso (quando não em dieta) ou ganhar peso;
dormir demais ou de menos ou acordar muito cedo;
sentir-se cansado e fraco o tempo todo;
sentir-se inútil, culpado e sem esperança;
sentir-se irritado e cansado o tempo todo;
sentir dificuldade em concentrar-se, tomar decisões ou lembrar-se das coisas;
ter pensamentos frequentes de morte e suicídio.

PORQUE A DEPRESSÃO É IGNORADA
Apesar de uma grande variedade de tratamentos estarem disponíveis para depressão, existem muitas razões para que esta doença seja frequentemente não diagnosticada:
As pessoas frequentemente ficam constrangidas em admitir que estão deprimidas, porque vêem os sintomas como um “sinal de fraqueza”.
As pessoas estão familiarizadas com os sentimentos associados à depressão e, então, não são capazes de reconhecê-los como doença.
A depressão é mais difícil de diagnosticar quando a pessoas tem outra doença física.
Pacientes com depressão podem apresentar-se com uma ampla variedade de dores e queixas vagas.

ALCOOLISMO
Cerca de um terço dos casos de suicídio estão ligados à dependência do álcool;
5 – 10% das pessoas dependentes de álcool terminam sua vida pelo suicídio;
No momento do ato suicida muitos se apresentam sob a influência do álcool.

Caracteristicamente, pessoas com problemas relacionados ao álcool que cometem suicídio são preferencialmente as que:
iniciaram o consumo de álcool em idade bem jovem;
vêm consumindo álcool por um longo período;
bebem em grandes quantidades;
têm uma saúde física pobre;
sentem-se deprimidas;
têm vidas pessoais perturbadas e caóticas;
sofreram uma grande perda interpessoal recente, como separação da mulher e/ou família, divórcio ou perda da pessoa amada;
têm um desempenho limitado no trabalho.

Pessoas dependentes de álcool que cometem suicídio não só começam a beber em idade precoce e bebem intensamente, como também vêm de famílias de alcoolistas.

Abuso de substâncias químicas tem sido encontrado cada vez mais em adolescentes que começam a ter com comportamentos suicidas.

ESQUIZOFRENIA
Aproximadamente 10% dos esquizofrênicos acabam cometendo suicídio.

Esquizofrenia é caracterizada por distúrbios na fala, pensamento, audição ou visão, higiene pessoal e comportamento social. Em resumo, por uma mudança drástica no comportamento e/ou sentimentos, ou por ideias estranhas.

Esquizofrênicos têm um aumento no risco de suicídio se eles:
são jovens, solteiros, homens desempregados;
estão nos estágios iniciais da doença;
encontram-se deprimidos;
propensos a recaídas frequentes;
altamente instruídos;
paranoides (cismados).

Esquizofrênicos são mais propensos ao suicídio nos seguintes períodos:
nos estágios iniciais da doença, quando estão confusos e/ou perplexos;
no início da recuperação, quando externamente seus sintomas estão melhores mas internamente eles sentem-se vulneráveis;
no início de uma recaída, quando achavam que tinham superado o problema, mas os sintomas retornaram;
logo que recebem alta hospitalar.

DOENÇAS FÍSICAS
Alguns tipos de doenças físicas são associadas a um aumento das taxas de suicídio.
Doenças Neurológicas
Epilepsia
A impulsividade crescente, agressividade e incapacidade física crônica frequentemente vistas em epilépticos são razões mais fortes para o aumento de comportamento suicida nestes pacientes. 

Alcoolismo e abuso de drogas contribuem para isto.

Trauma medular ou craniano e acidente vascular cerebral. Quanto mais graves as lesões, maior o risco de suicídio.

Câncer
Há indicações de que doença terminal (câncer) associa-se ao aumento das taxas de suicídio. O risco de suicídio é maior em:
homens;
no início do diagnóstico (dentro dos primeiros cinco anos);
quando o paciente está em quimioterapia.

HIV e AIDS
O estigma, pobre prognóstico e a natureza da doença aumentam o risco de suicídio em pessoas infectadas pelo HIV. Na época do diagnóstico, quando o paciente não tem aconselhamento pós-teste, o risco de suicídio é alto.

Condições Crônicas
As seguintes condições crônicas têm possível associação com risco aumentado de suicídio:
diabetes;
esclerose múltipla;
condições crônicas renais, hepáticas ou gastrointestinais;
doenças nos ossos ou articulações, com dor crônica;
doenças cerebrovasculares ou neurovasculares;
doenças sexuais.

Aqueles que têm dificuldade em andar, ver ou ouvir estão também em risco.

SUICÍDIO – FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS E AMBIENTAIS
Sexo
Homens cometem mais suicídio que mulheres, mas mais mulheres tentam suicídio.

Idade
 A taxa de suicídio tem dois picos:
em jovens (15 – 35 anos);
em idosos (acima de 75 anos).

O risco de suicídio aumenta em doenças crônicas e dolorosas

Estado Civil
Pessoas divorciadas, viúvas e solteiras têm maior risco do que pessoas casadas. As que vivem sozinhas ou são separadas são mais vulneráveis.

Profissão
Médicos, veterinários, farmacêuticos, químicos e agricultores têm taxas de suicídio maiores que a média.

Desemprego
Perda do emprego, mais do que o fato de estar desempregado, foi associado com suicídio.

Migração
Pessoas que se mudaram de uma área rural para urbana, ou diferentes regiões, ou países, são mais vulneráveis a comportamento suicida.

Fatores Ambientais
Estressores da Vida
A maioria dos que cometem suicídio passaram por acontecimentos estressantes nos três meses anteriores ao suicídio, como:
Problemas interpessoais: ex. discussões com esposas, família, amigos, namorados;
Rejeição – ex.: separação da família e amigos;
Eventos de perda – ex.: perda financeira, luto;
Problemas financeiros e no trabalho – ex.: perda do emprego, aposentadoria, dificuldades financeiras;
Mudanças na sociedade – ex.: rápidas mudanças políticas e econômicas;
Vários outros estressores como vergonha e ameaça de serem considerados culpados.

Facilidade de acesso
O imediato acesso a um método para cometer suicídio é um importante fator determinante para um indivíduo cometer ou não suicídio. Reduzir o acesso a métodos de cometer suicídio é uma estratégia efetiva de prevenção.

Exposição ao suicídio
Uma pequena parcela dos suicídios consiste em adolescentes vulneráveis que são expostos ao suicídio na vida real, ou através dos meios de comunicação, e podem ser influenciados a se envolver em comportamento suicida.

CARACTERÍSTICAS MENTAIS DAS MENTES SUICIDAS
Três características em particular são próprias do estado das mentes suicidas:

Ambivalência:
A maioria das pessoas já teve sentimentos confusos de cometer suicídio. O desejo de viver e o desejo de morrer batalham numa gangorra nos indivíduos suicidas. Há uma urgência de sair da dor de viver e um desejo de viver. Muitas pessoas suicidas não querem realmente morrer – é somente porque elas estão infelizes com a vida. 

Se for dado apoio emocional e o desejo de viver aumentar, o risco de suicídio diminui.

Impulsividade:
Suicídio é também um ato impulsivo. Como qualquer outro impulso, o impulso para cometer suicídio é transitório e dura alguns minutos ou horas. É usualmente desencadeado por eventos negativos do dia-a-dia.

Acalmando tal crise e ganhando tempo, o profissional da saúde pode ajudar a diminuir o desejo suicida.

Rigidez: 
Quando pessoas são suicidas, seus pensamentos, sentimentos e ações estão constritos, quer dizer: elas constantemente pensam sobre suicídio e não são capazes de perceber outras maneiras de sair do
problema. Elas pensam rígida e drasticamente.

A maioria das pessoas suicidas comunica seus pensamentos e intenções suicidas. Elas frequentemente dão sinais e fazem comentários sobre “querer  morrer”, “sentimento de não valer pra nada”, e assim por diante. Todos estes pedidos de ajuda não podem ser ignorados.

Quaisquer que sejam os problemas, os sentimentos e pensamentos da pessoa suicida tendem a ser os mesmos em todo o mundo.

COMO IDENTIFICAR UMA PESSOA SOB RISCO DE SUICÍDIO
Sinais para procurar na história de vida e no comportamento das pessoas:
1. Comportamento retraído, inabilidade para se relacionar com a família e amigos
2. Doença psiquiátrica
3. Alcoolismo
4. Ansiedade ou pânico
5. Mudança na personalidade, irritabilidade, pessimismo, depressão ou apatia
6. Mudança no hábito alimentar e de sono
7. Tentativa de suicídio anterior
8. Odiar-se, sentimento de culpa, de se sentir sem valor ou com vergonha
9. Uma perda recente importante – morte, divórcio, separação, etc.
10. História familiar de suicídio
11. Desejo súbito de concluir os afazeres pessoais, organizar documentos, escrever um testamento, etc.
12. Sentimentos de solidão, impotência, desesperança.
13. Cartas de despedida
14. Doença física
15. Menção repetida de morte ou suicídio.

COMO AJUDAR A PESSOA COM RISCO DE SUICÍDIO?
Quando as pessoas dizem “Eu estou cansado da vida” ou “Não há mais razão para eu viver”, elas geralmente são rejeitadas, ou, então são obrigadas a ouvir sobre outras pessoas que estiveram em dificuldades piores. Nenhuma dessas atitudes ajuda a pessoa com risco de suicídio.

O contanto inicial com o suicida é muito importante. Frequentemente o contato ocorre numa clínica, casa ou espaço público, onde pode ser difícil ter uma conversa particular.

Primeiro:
O primeiro passo é achar um lugar adequado onde uma conversa tranquila possa ser mantida com privacidade razoável.

Segundo:
O próximo passo é reservar o tempo necessário. Pessoas com ideação suicida usualmente necessitam de mais tempo para deixarem de se achar um fardo e precisa-se estar preparado mentalmente para lhes dar atenção.

Terceiro:
A tarefa mais importante é ouvi-las efetivamente. “Conseguir esse contato e ouvir é por si só o maior passo para reduzir o nível de desespero suicida.”

COMO SE COMUNICAR
Ouvir atentamente, ficar calmo.
Entender os sentimentos da pessoa (empatia).
Dar mensagens não-verbais de aceitação e respeito.
Expressar respeito pelas opiniões e valores da pessoa.
Conversar honestamente e com autenticidade.
Mostrar sua preocupação, cuidado e afeição.
Focalizar nos sentimentos da pessoa.

COMO NÃO SE COMUNICAR
Interromper muito frequentemente.
Ficar chocado ou muito emocionado.
Dizer que você está ocupado.
Tratar o paciente de maneira que o coloca numa posição de inferioridade.
Fazer comentários invasivos e pouco claros.
Fazer perguntas indiscretas.

O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER
O que fazer
Ouvir, mostrar empatia, e ficar calmo;
Ser afetuoso e dar apoio;
Leve a situação a sério e verifique o grau de risco;
Pergunte sobre tentativas anteriores;
Explore as outras saídas, além do suicídio;
Pergunte sobre o plano de suicídio;
Ganhe tempo – faça um contrato;
Identifique outros formas de dar apoio emocional;
Remova os meios, se possível;
Tome atitudes, conte a outros, consiga ajuda;
Se o risco é grande, fique com a pessoa.

O que não fazer
Ignorar a situação;
Ficar chocado ou envergonhado e em pânico;
Falar que tudo vai ficar bem;
Desafiar a pessoa a continuar em frente;
Fazer o problema parecer trivial;
Dar falsas garantias;
Jurar segredo;
Deixar a pessoa sozinha.

COMO LIDAR COM O PACIENTE
BAIXO RISCO
A pessoa teve alguns pensamentos suicidas, como “Eu não consigo continuar”, “Eu gostaria de estar morto”, mas não fez nenhum plano.

Ação Necessária
Oferecer apoio emocional.
Trabalhar sobre os sentimentos suicidas. Quanto mais abertamente a pessoa fala sobre perda, isolamento e desvalorização, menos turbulentas suas emoções se tornam. Quando a turbulência emocional cede, a pessoa pode se tornar reflexiva. Este processo de reflexão é crucial, ninguém senão o indivíduo pode revogar a decisão de morrer e tomar a decisão de viver.
Focalize na força positiva da pessoa, fazendo-a falar como problemas anteriores foram resolvidos sem recorrer ao suicídio.
Encaminhe a pessoa para um profissional de saúde mental ou a um profissional especializado.
Encontre-a em intervalos regulares e mantenha contato externo.

MÉDIO RISCO
A pessoa tem pensamentos e planos, mas não tem planos de cometer suicídio imediatamente.

Ação Necessária
Ofereça apoio emocional, trabalhe com os sentimentos suicidas da pessoa e focalize em forças positivas. Em adição, continue com os passos abaixo.
Focalize os sentimentos de ambivalência. 
O profissional da saúde deve focalizar na ambivalência sentida pela pessoa suicida, entre viver e morrer, até que gradualmente o desejo de viver se fortaleça.

Explore alternativas ao suicídio. 
O profissional da saúde deve tentar explorar as várias alternativas ao suicídio, até aquelas que podem não ser soluções ideais, na esperança de que a pessoa vá considerar ao menos uma delas.
Faça um contrato. Extraia uma promessa do individuo suicida de que ele ou ela não vai cometer suicídio.
Encaminhe a pessoa a um psiquiatra, ou médico, e marque uma consulta o mais breve possível.
Entre em contato com a família, amigos e colegas, e reforce seu apoio.

ALTO RISCO
A pessoa tem um plano definido, tem os meios para fazê-lo, e planeja fazê-lo imediatamente.

Ação Necessária
Estar junto da pessoa. Nunca deixá-la sozinha.

Gentilmente falar com a pessoa e remover as pílulas, faca, arma, inseticida, etc. (distância dos meios de cometer suicídio).

Fazer um contrato.
Entrar em contato com um profissional da saúde mental ou médico imediatamente e providenciar uma ambulância e hospitalização.
Informar a família e reafirmar seu apoio.

MITOS COMUNS SOBRE COMPORTAMENTOS SUICIDAS

Mito 1: as pessoas que falam sobre o suicídio não farão mal a si próprias, pois querem apenas chamar a atenção. Isto é FALSO!

Todas as ameaças de se fazer mal, devem ser levadas muito a sério.

Mito 2: o suicídio é sempre impulsivo e acontece sem aviso. FALSO!

Morrer pelas suas próprias mãos pode parecer ter sido impulsivo, mas o suicídio pode ter sido ponderado durante algum tempo.

Muitos indivíduos suicidas comunicam algum tipo de mensagem verbal ou comportamental sobre as suas ideações da intenção de se fazerem mal.

Mito 3: os indivíduos suicidas querem mesmo morrer ou estão decididos a matar-se. FALSO!

A maioria das pessoas que se sentem suicidas partilham os seus pensamentos com pelo menos uma outra pessoa, ou ligam para uma linha telefónica de emergência ou para um médico, o que constitui prova de ambivalência, e não de empenhamento em se matar.

Mito 4: quando um indivíduo mostra sinais de melhoria ou sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo. FALSO!
Na verdade, um dos períodos mais perigosos é imediatamente depois da crise, ou quando a pessoa está no hospital, na sequência de uma tentativa.

A semana que se segue à alta do hospital é um período durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada e em perigo de se fazer mal. 

Como um preditor do comportamento futuro é o comportamento passado, a pessoa suicida muitas vezes continua em risco.

Mito 5: o suicídio é sempre hereditário. FALSO!

Nem todos os suicídios podem ser associados à hereditariedade e estudos conclusivos são limitados.

Uma história familiar de suicídio, no entanto, é um fator de risco importante para o comportamento suicida, particularmente em famílias onde a depressão é comum.

Mito 6: os indivíduos que tentam ou cometem suicídio têm sempre alguma perturbação mental. FALSO!

Os comportamentos suicidas têm sido associados à depressão, abuso de substâncias, esquizofrenia e outras perturbações mentais, além de aos comportamentos destrutivos e agressivos. 

No entanto, esta associação não deve ser sobrestimada. 

A proporção relativa destas perturbações varia de lugar para lugar e há casos em que nenhuma perturbação mental foi detectada.

Mito 7: se um conselheiro falar com um cliente sobre suicídio, o conselheiro está a dar a ideia de suicídio à pessoa. FALSO!

Um conselheiro obviamente não causa comportamento suicida simplesmente por perguntar aos clientes se estão a considerar fazer-se mal. 

Na verdade, reconhecer que o estado emocional do indivíduo é real, e tentar normalizar a situação induzida pelo stress são componentes necessários para a redução da ideação suicida.

Mito 8: o suicídio só acontece “àqueles outros tipos de pessoas,” não a nós. FALSO!

O suicídio acontece a todos os tipos de pessoas e encontra-se em todos os tipos de sistemas sociais e de famílias.

Mito 9: após uma pessoa tentar cometer suicídio uma vez, nunca voltará a tentar novamente. FALSO!

Na verdade, as tentativas de suicídio são um preditor crucial do suicídio.

Mito 10: as crianças não cometem suicídio dado que não entendem que a morte é final e são cognitivamente incapazes de se empenhar num ato suicida. FALSO!

Embora seja raro, as crianças cometem suicídio e, qualquer gesto, em qualquer idade, deve ser levado muito seriamente.

As informações sobre os mitos da temática foram extraídas da cartilha de Prevenção do Suicídio da OMS. 

Um comentário:

Perla Almeida Rodrigues Freire disse...

Excelente texto!Parabéns ao autor.