sexta-feira, 24 de maio de 2019

DEPRESSÃO & SUICÍDIO


A tendência ao suicídio tem sido tratada como um sintoma da depressão quando na verdade pode ser um problema que coexiste com a depressão.

Muitos depressivos nunca se tornam suicidas, pois muitos suicídios são cometidos por pessoas que não são depressivos.

Na verdade muitos deprimidos são tão propensos a acabar com sua vida quanto pessoas com uma artrite, ou outra enfermidade.

Só de pode considerar todos os suicidas deprimidos se a tendência ao suicídio for estipulado como uma condição por si só suficiente para o diagnóstico da depressão.

Quando nos aprofundamos no estudo da depressão e o suicídio, vamos perceber que a inclinação ao suicídio é pelo menos tão independente das depressões com as quais frequentemente coincide quanto o uso de drogas.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEPRESSÃO E O SUICÍDIO
Tratar a depressão nem sempre evita o suicídio
Uma pessoa com depressão e tendência suicida pode ser tratada; o tratamento focado na depressão, trazendo a cura para a mesma, mas isso não garante que o suicídio possa ser impedido.

Ou melhor, o fato de alguém estar sendo tratado de uma depressão com tendência suicida, por um Psiquiatra, Psicanalista ou Psicólogo, não implica em garantia de que esse alguém não veja a cometer suicídio.

Um erro no modo de pensar sobre a Depressão e Suicídio
É um erro pensar que a tendência ao suicídio possa ser somada a outros sintomas como perturbações de sono, nem se deve parar de tratar tal tendência simplesmente porque a depressão com a qual foi associada parece ter desaparecida.

O que todos devem entender é que a tendência ao suicídio é um problema associado que requer seu próprio tratamento.

Outra coisa que deve ser salientada:
Tentativas de definir a depressão suicida têm sido algo sem sentido, pois não existe nenhuma relação forte entre a gravidade da depressão e a probabilidade do suicídio: alguns suicídios parecem ocorrer durante disfunções severas, embora algumas pessoas em situações desesperadas apeguem-se à vida.

Por exemplo:
Algumas pessoas que perderam tudo, incluindo bens, filhos e até mesmo enfrentado violência em vez de cometerem suicídio, agarraram-se à vida;
Outros, com infinitas promessas brilhantes em suas vidas, cometem suicídio.

Dai conclui-se que o suicídio não é a culminação de uma vida difícil; nasce de algum lugar escondido além de mente e da consciência.

A DIFERENÇA ENTRE QUERER ESTAR MORTO, QUERER MORRER E QUERER SE MATAR
Querer estar morto
A maioria das pessoas tem, de tempos em tempos, o desejo de estar morto, anulado, além da dor.

Querer Morre
Na depressão, muitos querem morrer, fazer uma passagem concreta do estado em que se encontram para se libertar das aflições da consciência.

Querer se Matar
Querer se matar requer um nível extra de paixão e uma certa violência direcionada.

Resumindo:
O suicídio não é resultado da passividade; é resultado de uma ação.

Para uma pessoa cometer suicídio requer uma grane quantidade de energia e uma vontade forte, além de uma crença na permanência do momento atual e pelo menos um toque de impulsividade.

OS VÁRIOS GRUPOS DE SUICÍDAS
Primeiro grupo
Comete suicídio sem pensar no que está fazendo; é tão horrível e inevitável para ele quanto respirar.
Tais pessoas são as mais impulsivas e as mais propensas a serem levadas ao suicídio por um evento externo específico; seus suicídios tendem a ser repentino.

Segundo grupo
É apaixonado pela morte consoladora, comete suicídio como vingança, como se o ato não fosse irreversível.
Normalmente essas pessoas não estão fugindo da vida, mas correndo para a morte, desejando não o fim da existência, mas a presença da obliteração.

Terceiro grupo
Cometem suicídio por uma lógica falha, em que a morte parece ser a única fuga de problemas intoleráveis.
Eles consideram as opções e planejam seus suicídios, escrevem bilhetes e lidam com os aspectos pragmáticos como se organizassem férias no espaço sideral.

Geralmente acreditam não somente que a morte vai melhorar sua condição, mas também que ela pode tirar um fardo das pessoas que os amam.

Quarto Grupo
Comete suicídio com uma lógica racional. 

Tais pessoas, devido a uma doença física, instabilidade mental ou uma mudança nas circunstâncias de vida, não querem a dor da vida e acreditam que o prazer que elas podem vir a sentir não é suficiente para compensar a dor.

Essas pessoas podem ou não ter razão em suas prenuncias, mas não se iludem, e nenhuma quantidade de tratamento ou medicação antidepressiva as fará mudar de ideia.

A LOUCURA COMO CAUSA DO SUICÍDIO
Na verdade não se faz necessário estar louco para cometer suicídio, mesmo sabendo que muitos loucos se matam e que muitos outros se matam por motivos fúteis e insanos.

Logo, a causa de suicídio, nem sempre é a loucura, ou a esquizofrenia, como muitos pensam e como já foi dito, nem sempre a causa é a depressão.

Dai o cuidado para não sair alegando a causa de suicídio como loucura, esquizofrenia e ou depressão.

Aliás, apenas, 28% das pessoas que cometerem suicídio são diagnosticadas com algum tipo de transtorno mental.

EXPLICAÇÃO PARA O SUICÍDIO
Uma explicação para o suicídio vindo de pessoas sérias e que estudam o assunto é inexistente.

A explicação que se tem sobre o suicídio vem mais da religião do que da área médica, psiquiátrica, psicológica ou psicanalítica.

Freud afirma que o suicídio é um tema impossível, assim como a Psicanálise é uma profissão impossível.

Alguns teóricos afirmam que  a tendência ao suicídio é determinada pela personalidade, genética, infância e criação, alcoolismo ou uso de drogas, doenças crônicas e até nível de colesterol elevado.

Para alguns o suicídio é a rebelião da mente contra si mesma, uma dupla desilusão de uma complexidade que a mente perfeitamente deprimida não consegue abarcar. É um ato voluntário  para libertar-se de si mesmo.

Concluindo podemos dizer que o suicídio pode ser um sintoma da depressão;  mas nem sempre é a causa. 

Diante disso, o fato de alguém ter uma depressão,  não quer dizer necessariamente que a pessoa venha a cometer suicídio.

Uma pessoa com depressão pode cometer suicídio? Pode, mas não é obrigatória que todo depressivo venha cometer suicídio.

(Texto baseado no Capítulo 7, do Livro O Demônio do Meio Dia: Uma Anatomia da Depressão, de Andrew Solomon).

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