domingo, 10 de novembro de 2024

O AUTISMO E O DSM (MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS) DESDE O ANO 1952 A 2024.

 

INTRODUÇÃO

O estudo da evolução dos critérios diagnósticos para o autismo no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) revela um panorama complexo e dinâmico sobre a compreensão desse transtorno.

Desde a primeira edição do DSM, em 1952, até as revisões mais recentes, o diagnóstico do autismo passou por diversas alterações, refletindo avanços nas pesquisas e mudanças nas abordagens clínicas.

Inicialmente associado à esquizofrenia infantil, o autismo gradualmente se consolidou como um diagnóstico independente, expandindo-se ao longo das edições do DSM para incluir uma variedade de manifestações dentro do espectro.

Este texto explora essas mudanças e analisa como as definições e critérios evoluíram, permitindo uma compreensão mais ampla e inclusiva do transtorno do espectro autista.

1952 – DSM – I (22 CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 106 TRANSTORNOS MENTAIS)

A primeira edição do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) foi publicada em 1952.

Na primeira edição do DSM, publicada em 1952, o autismo não era reconhecido como um diagnóstico separado.

Em vez disso, comportamentos e sintomas que hoje associamos ao autismo eram classificados sob o termo "REAÇÃO ESQUIZOFRÊNICA, TIPO INFANTIL".

Nessa classificação, acreditava-se que crianças que apresentavam esses comportamentos estavam manifestando uma forma de esquizofrenia infantil.

Foi apenas nas edições posteriores do DSM que o autismo começou a ser reconhecido como um transtorno distinto e recebeu critérios diagnósticos específicos.

TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – I, DE 1952

O DSM-I (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Primeira Edição), publicado em 1952, descreveu um total de 106 transtornos mentais, organizados em 22 categorias diagnósticas principais.

Os transtornos no DSM – I eram categorizados de acordo com a compreensão e terminologia da época, que diferem significativamente das classificações utilizadas nas edições mais recentes do manual.

As categorias diagnósticas eram amplas e, muitas vezes, baseadas em conceitos psicanalíticos e influências da psiquiatria da época.

1968 – DSM – II (11 CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 182 TRANSTORNOS MENTAIS)

A segunda edição do DSM foi publicada em 1968.

No DSM-II, o autismo ainda não era reconhecido como um diagnóstico separado.

Os comportamentos e sintomas que hoje identificamos como autismo eram classificados sob o termo "ESQUIZOFRENIA INFANTIL".

Nesta edição, acreditava-se que crianças que exibiam esses sintomas estavam manifestando uma forma de esquizofrenia.

Foi somente na terceira edição do DSM, publicada em 1980, que o autismo foi reconhecido como um transtorno distinto com critérios diagnósticos próprios.

TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – II, de 1968

O DSM-II (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Segunda Edição), publicado em 1968, descreveu um total de 182 transtornos mentais, organizados em 11 categorias diagnósticas principais.

Esta edição expandiu o número de diagnósticos em comparação com o DSM-I, refletindo os avanços e mudanças na compreensão dos transtornos mentais na época.

As categorias diagnósticas do DSM-II ainda eram influenciadas por teorias psicanalíticas e psicodinâmicas, e muitas das classificações eram menos precisas do que nas edições subsequentes.

A expansão da lista de transtorno do DSM – II, de 1968, permitiu uma abordagem mais detalhada dos sintomas e condições observadas na prática clínica daquele período.

1980 – DSM – III (17 CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 265 TRANSTORNOS MENTAIS)

Em 1980, no DSM-III, o autismo infantil ocupa três páginas (pp. 97 – 100) e é considerado bastante raro: “Prevalência: O transtorno é bastante raro: (2 a 4 casos para cada 10:000). É aparentemente mais frequente nas classes socioeconômicas favorecidas, mas sua causa não é clara”.

No DSM – III, O autismo está alojado na rubrica “TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO” (TGD), sendo que essa rubrica substitui a das psicoses infantis já que as manifestações das psicoses adultas são consideradas como sendo de natureza diferente.

Os diagnósticos diferenciais eleitos para o autismo na época eram: o “Retardo Mental”, a “Esquizofrenia” ocorrida na infância”, o “Transtorno global do desenvolvimento iniciado na infância”, a “Deficiência auditiva” e o “Transtorno de aquisição da linguagem”.

TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – III, de 1980

O DSM-III (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Terceira Edição), publicado em 1980, descreveu aproximadamente 265 transtornos mentais, organizados em 17 categorias diagnósticas principais.

Esta edição representou uma mudança significativa na classificação dos transtornos mentais, introduzindo um sistema multiaxial e critérios diagnósticos mais específicos baseados em pesquisas empíricas.

O aumento no número de diagnósticos refletiu um esforço para melhorar a precisão e a consistência dos diagnósticos psiquiátricos, facilitando a comunicação entre profissionais e promovendo avanços na pesquisa e no tratamento dos transtornos mentais.

1987 – DSM – III – R (17 CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 292 TRANSTORNOS MENTAIS.)

No DSM-III-R (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Terceira Edição Revisada), publicado em 1987, o autismo foi descrito como "Transtorno Autístico".

No DSM-III-R, publicado em 1987, a descrição do Transtorno Autístico ocupa aproximadamente 4 a 5 páginas.

Esta edição representou um refinamento dos critérios diagnósticos em relação ao DSM-III de 1980, visando melhorar a precisão e a consistência no diagnóstico do autismo.

O Transtorno Autístico era classificado dentro dos TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO (TID), caracterizados por déficits graves e generalizados em várias áreas do desenvolvimento.

Para o diagnóstico de Transtorno Autístico no DSM-III-R, era necessário que o indivíduo apresentasse pelo menos 8 dos 16 critérios listados, com pelo menos dois critérios de déficits na interação social, um de déficits na comunicação e um de padrões restritos e repetitivos de comportamento.

ALTERAÇÕES EM RELAÇÃO AO DSM-III (1980):

Expansão dos Critérios Diagnósticos: O DSM-III-R aumentou o número de critérios diagnósticos de 6 para 16, permitindo uma avaliação mais abrangente dos sintomas.

Flexibilidade na Combinação de Sintomas: Ao exigir 8 dos 16 critérios, com mínimos específicos em cada área, o DSM-III-R reconheceu a diversidade na apresentação clínica do autismo.

Detalhamento dos Sintomas: Os critérios foram descritos com mais detalhes, facilitando a identificação de comportamentos específicos associados ao autismo.

Remoção de Subtipos: O DSM-III-R não utilizou subtipos dentro do Transtorno Autístico, diferentemente de edições posteriores que introduziram categorias como a Síndrome de Asperger.

IMPORTÂNCIA DO DSM-III-R NO CONTEXTO DO AUTISMO:

O DSM-III-R contribuiu para o aumento do reconhecimento clínico do autismo, possibilitando diagnósticos mais consistentes.

Os critérios mais detalhados forneceram uma base sólida para pesquisas epidemiológicas e clínicas, aprofundando a compreensão do transtorno.

Com critérios diagnósticos mais claros, houve avanços nas estratégias de intervenção precoce e educacional para indivíduos com autismo.

A descrição do autismo no DSM-III-R refletiu um avanço significativo na compreensão do transtorno, enfatizando a necessidade de identificar déficits específicos em interação social, comunicação e comportamentos restritos e repetitivos. Essa edição do manual ajudou a moldar a prática clínica e a pesquisa sobre o autismo, influenciando as edições subsequentes do DSM e contribuindo para uma melhor assistência aos indivíduos afetados e suas famílias.

TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – III - R, de 1987.

O DSM-III-R (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Terceira Edição Revisada), publicado em 1987, descreveu um total de 17 categorias diagnósticas principais e aproximadamente 292 transtornos mentais.

1994 – DSM – IV (17 CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 297 TRANSTORNOS MENTAIS)

Em 1994, o DSM IV, o autismo continuou como “TRANSTORNO AUTÍSTICO” (TA), como no DSM – III – R. Esta denominação permite absorver dois outros diagnósticos: o Retardo MENTAL E OS MOVIMENTOS ESTEREOTIPADOS. O TRANSTORNO AUTÍSTICO passa, assim, a cobrir duas vezes mais espaço (pp. 79 a 85).

Aqui, a categoria que comporta o autismo é também renomeada para constituir os “TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO” (TID), acolhendo também a Síndrome de Asperger, diagnóstico que faz sua aparição nesse momento, abrangendo aquilo que a psiquiatria clássica denominava como “PSICOSE CRÔNICA, MAS SE DÉFICIT INTELECTUAL”. Mais uma vez, uma nova denominação, com intuito de apagar a palavra “psicose”.

No DSM IV o Transtorno continua sendo bastante raro, já que sua frequência é notada como sendo de “2 a 5 casos para cada 10.000 pessoas”, mas aqui, já não é mais mencionado como um signo das classes ricas.

No DSM IV os diagnósticos diferenciais eleitos são nomeados como “Outros transtornos invasivos do desenvolvimento”. Encontramos sempre a Esquizofrenia Infantil, à qual se acrescenta a Síndrome de Asperger. Mas outros diagnósticos diferenciais fazem sua aparição na época: a “Sindrome de Rett”, o “Mutismo Seletivo” e um outro transtorno de linguagem.

No DSM IV, o antigo “TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO DA INFÂNCIA” é rebatizado como TRANSTORNO DESINTEGRATIVO DA INFÂNCIA”.

TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – IV, de 1994.

O DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quarta Edição), publicado em 1994, descreveu aproximadamente 297 transtornos mentais, organizados em 17 categorias diagnósticas principais.

A edição DSM - I continuou a expandir e refinar as categorias diagnósticas, oferecendo critérios mais detalhados e baseados em evidências para cada transtorno.

O DSM-IV também manteve e aprimorou o sistema multiaxial introduzido no DSM-III, permitindo uma avaliação abrangente dos pacientes em cinco eixos diferentes: transtornos clínicos, transtornos da personalidade e retardo mental, condições médicas gerais, problemas psicossociais e ambientais, e avaliação global do funcionamento.

2000 – DSM - IV – TR (17 CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 297 TRANSTORNOS MENTAIS)

Em 2000, no DSM-IV-TR, o Transtorno Autístico continua a crescer e se estende, a partir de então, por oito páginas (pp. 81 – 88).

No DSM IV TR nota-se uma tentativa de aumento da frequência, e sua ocorrência é nesse momento notada assim: “5 casos para cada 10.000 indivíduos; as frequências relatadas variam entre 2 e 20 para cada 10.000 indivíduos. Não se sabe ainda se as maiores frequências refletem as diferenças metodológicas ou a um aumento na frequência da doença”.

Aqui um novo diagnóstico diferencial surge de “TRANSTORNO DA LINGUAGEM”, vem se somar aos precedentes. Sendo que a novidade se situa, principalmente do lado da SÍNDROME DE ASPERGER, e os diagnósticos diferenciais dessa nova denominação criada pelo DSM se estendem em duas direções opostas: de um lado, as personalidades esquizoides com as quais ele pode se confundir; e, de outro lado, as FOBIAS SOCIAIS”, “Outros TRANSTORNOS DE ANSIEDADE” e os TRANSTORNOS OBSESSIVOS-COMPULSIVOS” (TOC).

A primeira vertente acentua a patologia psicótica, enquanto a segunda tenta banaliza-la.

TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – IV - TR de 2000

O DSM-IV-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quarta Edição, Revisão de Texto), publicado em 2000, descreveu aproximadamente 297 transtornos mentais, organizados em 17 categorias diagnósticas principais.

O DSM-IV-TR (Revisão de Texto) foi uma atualização que aprimorou as descrições, informações epidemiológicas e dados de pesquisa sobre os transtornos, mas não adicionou novos transtornos nem alterou significativamente os critérios diagnósticos existentes.

Portanto, o número de transtornos permaneceu essencialmente o mesmo entre o DSM-IV e o DSM-IV-TR.

2013 – DSM – 5 (22 CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 157 TRANSTORNOS MENTAIS)

No DSM – 5 a situação o autismo tem um acréscimo considerável e recebe um novo nome, “TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA” (TEA).

Nessa edição do DSM – 5 “TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA” (TEA) torna-se compatível com outro transtorno, o “TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH), algo até então incompatível.

A seção dedicada ao “TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA” TEA abrange aproximadamente 10 páginas.

No DSM-5, publicado em 2013, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é descrito como um único transtorno que abrange uma variedade de manifestações, reconhecendo que o autismo é um espectro com diferentes níveis de gravidade e apresentações clínicas.

A seguir, detalho como o TEA é descrito no DSM-5 e as principais alterações em relação ao DSM-IV-TR de 2000.

Descrição do TEA no DSM-5:

O diagnóstico de TEA é baseado em dois domínios principais:

Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, manifestados por:

Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, manifestados por pelo menos dois dos seguintes:

Movimentos motores estereotipados ou repetitivos:

Flapping das mãos, alinhamento de brinquedos, ecolalia.

 Insistência nas mesmices:

Adesão inflexível a rotinas, padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal.

Interesses fixos e altamente restritos:

Forte apego ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos.

Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais:

Aparente indiferença à dor/temperatura, resposta adversa a sons ou texturas específicas, fascínio visual com luzes ou movimento.

Critérios adicionais:

Os sintomas devem estar presentes no início do período de desenvolvimento, mas podem não se manifestar completamente até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas.

Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes.

Esses distúrbios não são melhor explicados por deficiência intelectual ou atraso global do desenvolvimento.

ALTERAÇÕES EM RELAÇÃO AO DSM-IV-TR:

Unificação dos Diagnósticos:

DSM-IV-TR:

O autismo era parte dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID), que incluíam:

Transtorno Autista; Transtorno de Asperger; Transtorno Desintegrativo da Infância; Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (PDD-NOS); Transtorno de Rett.

DSM-5:

Todos esses subtipos foram integrados sob o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A exceção é o Transtorno de Rett, que foi removido dos TID devido à sua base genética distinta.

Reestruturação dos Domínios Diagnósticos:

DSM-IV-TR:

Os critérios eram divididos em três domínios:

Déficits na interação social; Déficits na comunicação; Comportamentos, interesses e atividades restritos e repetitivos.

DSM-5:

Os critérios foram consolidados em dois domínios:

Déficits na comunicação social e interação social (os dois primeiros domínios anteriores foram combinados);

Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.

Introdução de Especificadores e Níveis de Gravidade:

Especificadores:

O DSM-5 permite adicionar detalhes ao diagnóstico de TEA, como:

Com ou sem deficiência intelectual associada;

Com ou sem comprometimento de linguagem associado;

Associado a uma condição médica ou genética conhecida ou a um fator ambiental;

Associado a outro transtorno do neurodesenvolvimento, mental ou comportamental;

Com catatonia.

Níveis de Gravidade:

Foram introduzidos para indicar o suporte necessário em cada domínio:

Nível 1: Necessita de apoio

Nível 2: Necessita de apoio substancial

Nível 3: Necessita de apoio muito substancial

Remoção do Transtorno de Asperger como Diagnóstico Separado:

O Transtorno de Asperger não é mais um diagnóstico separado. Indivíduos anteriormente diagnosticados com Asperger agora são incluídos no espectro do TEA, com especificação do nível de suporte necessário e da presença ou ausência de comprometimento de linguagem ou intelectual.

Reconhecimento de Sintomas Sensoriais:

O DSM-5 inclui hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais como parte dos critérios diagnósticos, reconhecendo a importância das diferenças sensoriais no TEA.

Ênfase na Manifestação ao Longo da Vida:

Reconhecimento de que os sintomas do TEA podem se manifestar de forma diferente conforme a idade e que o diagnóstico deve considerar o histórico de desenvolvimento do indivíduo.

Objetivos das Alterações:

Melhorar a Precisão Diagnóstica:

A unificação dos diagnósticos visa reduzir inconsistências e melhorar a confiabilidade entre os profissionais de saúde.

Refletir a Natureza do Espectro:

Reconhecer que o autismo se manifesta em um continuum de severidade e apresentação, permitindo uma abordagem mais personalizada.

Facilitar o Acesso a Serviços:

Com um diagnóstico unificado, espera-se que os indivíduos tenham melhor acesso a intervenções e suporte adequados às suas necessidades.

Incorporar Avanços Científicos:

As alterações refletem a pesquisa atual sobre o TEA, incluindo aspectos genéticos, neurológicos e comportamentais.

As mudanças do DSM-IV-TR para o DSM-5 representam um avanço na compreensão e abordagem do Transtorno do Espectro Autista.

Ao consolidar os subtipos em um único diagnóstico com especificadores e níveis de gravidade, o DSM-5 oferece um framework mais flexível e abrangente para avaliar e atender às necessidades individuais das pessoas no espectro autista.

TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – 5, de 2013

O DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição), publicado em 2013, descreve aproximadamente 157 transtornos mentais, organizados em 22 categorias diagnósticas principais.

O DSM-5 introduziu mudanças significativas em relação às edições anteriores, incluindo a reestruturação de categorias diagnósticas, a introdução de novos transtornos e a revisão de critérios diagnósticos existentes.

Algumas categorias foram combinadas ou subdivididas, o que pode afetar a contagem exata de transtornos dependendo de como eles são classificados.

2022 – DSM-5-TR (22 CATEGORIAS DIAGNÓSTICAS COM 157/160 TRANSTORNOS MENTAIS)

O DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição, Revisão de Texto), foi publicado em março de 2022.

Atualizações e Revisões de Texto: O DSM-5-TR inclui refinamentos nas descrições e critérios diagnósticos de vários transtornos, baseados em novas pesquisas e evidências clínicas acumuladas desde 2013.

Foi adicionado um novo transtorno, o Transtorno de Luto Prolongado, reconhecendo a necessidade de critérios específicos para indivíduos que experimentam um luto persistente e intenso.

O manual atualiza os códigos do CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) para alinhá-los com as versões mais recentes, facilitando a padronização internacional.

Expansão e atualização das informações sobre como fatores culturais, raciais e de gênero podem influenciar a apresentação, diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais.

Esforço para utilizar terminologia que seja mais inclusiva e sensível, refletindo uma compreensão atualizada das questões relacionadas à identidade de gênero, orientação sexual e diversidade cultural.

Embora o DSM-5-TR não seja uma nova edição completa, ele serve como uma atualização importante que reflete os avanços na pesquisa psiquiátrica e na prática clínica desde a publicação do DSM-5.

As revisões de texto e adições ajudam os profissionais de saúde mental a:

Com descrições atualizadas, os profissionais podem realizar avaliações mais precisas e adequadas às necessidades dos pacientes.

A atualização dos códigos diagnósticos garante a compatibilidade com os sistemas internacionais de classificação de doenças.

Reconhecendo a influência dos fatores culturais e sociais, o DSM-5-TR promove uma prática clínica mais sensível e eficaz.

Se você estiver trabalhando ou estudando na área de saúde mental, é recomendável consultar o DSM-5-TR para assegurar que está utilizando as informações e critérios diagnósticos mais atualizados. Isso contribuirá para uma melhor compreensão dos transtornos mentais e para a prestação de cuidados mais eficazes e empáticos aos pacientes.

O DSM – 5 – TR, DE 2022, EM RELAÇÃO AO AUTISMO

No DSM-5-TR de 2022, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é abordado com algumas atualizações em relação ao DSM-5 de 2013. Aqui estão os principais pontos a considerar:

O DSM-5-TR possui uma seção específica que discute o Transtorno do Espectro do Autismo em detalhe, abrangendo aproximadamente de 12 a 15 páginas, dependendo da edição e do layout.

A denominação oficial permanece como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Essa denominação foi adotada inicialmente no DSM-5 de 2013 e é mantida no DSM-5-TR, que busca representar o transtorno como um espectro contínuo de características e gravidades.

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES EM RELAÇÃO AO DSM-5 – TR (2013) EM RELAÇÃO DSM – 5, 2013

No DSM-5-TR, a linguagem foi ajustada para maior precisão e clareza.

Por exemplo, há uma ênfase renovada em descrever o TEA como um espectro, destacando a variação nos níveis de suporte necessários.

Critérios Diagnósticos Mantidos: Os critérios diagnósticos para o TEA permaneceram amplamente os mesmos, divididos em duas áreas principais:

(1) Déficits persistentes na comunicação social e na interação social;

(2) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.

No entanto, o texto revisado aprofunda a explicação de cada critério para aumentar a clareza e facilitar a aplicação clínica.

O DSM-5-TR traz mais detalhes sobre comorbidades comuns ao TEA, como transtornos de ansiedade, TDAH e déficits intelectuais.

O novo texto orienta os profissionais a avaliarem e identificarem condições co-ocorrentes para um diagnóstico mais abrangente.

O DSM-5-TR incorpora mais orientações sobre a avaliação de TEA em contextos culturais variados e populações que possam apresentar barreiras linguísticas ou culturais para garantir uma avaliação mais inclusiva.

Embora o DSM-5-TR não forneça diretrizes de tratamento específicas, ele menciona brevemente a importância de abordagens baseadas em evidências, o que é uma adição em comparação ao DSM-5.

Essas revisões visam auxiliar os clínicos na aplicação dos critérios diagnósticos e na compreensão mais abrangente das necessidades dos indivíduos com TEA, incentivando abordagens que considerem tanto a variabilidade do transtorno quanto as necessidades de suporte de cada pessoa.

ALTERAÇÕES NO DSM-5-TR, 2022 EM RELAÇÃO AO DSM-5, DE 2013

O DSM-5-TR (2022) trouxe algumas atualizações importantes em relação ao DSM-5 de 2013, incluindo novos transtornos, mudanças de terminologia e exclusões.

Aqui estão as principais alterações:

Novos Transtornos Acrescentados

Transtorno da Luto Prolongado:

Incluído na seção de Transtornos Relacionados a Trauma e Estressores, o Transtorno da Luto Prolongado descreve sintomas persistentes de luto que duram mais de 12 meses para adultos e 6 meses para crianças, com sofrimento significativo e comprometimento funcional.

Distúrbios de Ansiedade Induzidos por Substâncias/Medicação e Outros Especificados:

Foram feitas adições e revisões para descrever melhor os transtornos de ansiedade relacionados ao uso de substâncias e medicamentos.

Mudanças na Terminologia

Transtorno Disruptivo de Disregulação do Humor:

Esse transtorno foi renomeado para Transtorno de Disregulação do Humor para clarificar seu enfoque e evitar confusões com outras condições disruptivas ou comportamentais.

Transtorno de Identidade de Gênero:

Em um esforço para ser mais inclusivo e menos estigmatizante, foi substituído pelo termo Incongruência de Gênero.

Transtornos relacionados ao uso de substâncias:

Pequenas mudanças nas descrições e critérios foram feitas para padronizar a linguagem e facilitar uma compreensão mais clara dos sintomas.

Revisões de Critérios e Ajustes Textuais

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH):

Houve uma atualização nos critérios para adultos e crianças, buscando melhorar a precisão diagnóstica.

Transtornos Depressivos:

Foi feito um ajuste na descrição dos critérios e sintomas, incluindo a melhor descrição de manifestações em diferentes grupos etários.

Transtornos de Ansiedade:

Revisões foram feitas para incorporar uma abordagem mais inclusiva em relação a diferentes culturas e para melhorar a compreensão dos sintomas de maneira adaptada ao contexto sociocultural do paciente. 

Transtornos Neurocognitivos e Neurodesenvolvimentais:

Os textos foram ampliados para incluir especificações e diagnósticos em diferentes populações, incluindo maiores orientações para comorbidades.

Essas mudanças refletem um esforço do DSM-5-TR para aprimorar a precisão diagnóstica, reduzir estigmas e melhorar a aplicabilidade dos critérios em contextos clínicos e culturais variados.

TOTAL DE TRANSTORNOS DESCRITOS NO DSM – 5 - TR de 2022

O DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição, Revisão de Texto), publicado em 2022, mantém as mesmas 22 categorias diagnósticas principais do DSM-5 de 2013. Em relação ao número total de transtornos mentais descritos, o DSM-5-TR inclui aproximadamente 157 a 160 transtornos mentais.

O DSM-5-TR inclui um novo Transtorno de Luto Prolongado.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

Edições Traduzidas para o Português:

As edições DSM-IV, DSM-IV-TR e DSM-5 foram oficialmente traduzidas para o português e publicadas pela Artmed Editora no Brasil.

Edições em Inglês (Não Traduzidas):

As edições DSM-I, DSM-II, DSM-III e DSM-III-R não possuem traduções oficiais em português e são referenciadas em seu idioma original.

CONCLUSÃO

A evolução das classificações do autismo no DSM representa não apenas um avanço no campo da psiquiatria, mas também um reflexo das transformações culturais e científicas no entendimento dos transtornos mentais.

Com a consolidação do Transtorno do Espectro Autista (TEA) no DSM-5 e as subsequentes revisões, o autismo passou a ser visto como um espectro contínuo, que abarca diferentes graus de comprometimento e especificidades. Essa

A reestruturação encontrada no DSM-R-TR houve uma ampliação  das possibilidades de diagnóstico e tratamento, promovendo um enfoque mais inclusivo e sensível às necessidades dos indivíduos com autismo.

A análise dessas mudanças históricas reforça a importância de critérios diagnósticos que acompanhem o progresso científico e as demandas de uma prática clínica adaptada à diversidade humana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFLALO, Agnes. Autismo: novos espectros, novos mercados. Petrópolis: KBR Editora Digital, 2014.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. Washington, D.C.: American Psychiatric Association, 1952.

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AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-IV. 4. ed. Tradução de Cláudio Laks Eizirik; Flávio Pereira; Isabel A. Xavier Ferreira. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

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AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5th ed., text rev. Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2022.

OLIVEIRA, Sergio Eduardo Silva de; TRENTINI, Clarissa Marceli (orgs.). Avanços em psicopatologia: avaliação e diagnóstico baseados na CID-11. Porto Alegre: Artmed, 2023.

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