INTRODUÇÃO
Vivemos
em uma era de excesso informacional, onde a velocidade com que as notícias
circulam pode ser tão impactante quanto o conteúdo em si.
Diante desse cenário, compreender como nossa mente processa as informações e como a mídia direciona nossa atenção é essencial para evitar distorções na percepção da realidade.
Conceitos como a Lei de Brandolini, os vieses cognitivos e as teorias das agendas midiáticas ajudam a entender os mecanismos que influenciam nossas crenças, opiniões e decisões.
A forma como interpretamos o mundo não é apenas resultado de fatos objetivos, mas também da maneira como eles nos são apresentados.
Seja por meio dos vieses inconscientes do nosso cérebro ou das estratégias midiáticas que definem quais temas ganham mais destaque, nossa percepção é constantemente moldada sem que muitas vezes percebamos.
A INFLUÊNCIA DA INFORMAÇÃO E DOS VIESES COGNITIVOS NA FORMAÇÃO DE OPINIÃO
No
mundo contemporâneo, onde a quantidade de informações disponíveis cresce
exponencialmente, a forma como essas informações são processadas e
interpretadas torna-se um fator decisivo para a construção do conhecimento e da
opinião pública.
Dentro desse contexto, diversos conceitos ajudam a entender como a desinformação se propaga, como nossa cognição é influenciada e como a mídia direciona nossa percepção da realidade.
A IMPORTÂNCIA DE ESTUDAR OS CONCEITOS
A
falta de consciência sobre esses mecanismos pode nos tornar mais vulneráveis à
desinformação, à manipulação midiática e às bolhas de pensamento que reforçam
crenças pré-existentes sem questionamento crítico.
Entender os viéses cognitivos permite identificar quando estamos tomando decisões baseadas em atalhos mentais falhos, enquanto compreender as estratégias da mídia nos ajuda a avaliar as informações de forma mais equilibrada e crítica.
Em tempos de fake news, polarização política e algoritmos que moldam nossa visão de mundo, a educação midiática e o desenvolvimento do pensamento crítico são habilidades fundamentais para qualquer cidadão.
Aprofundar-se nesses conceitos nos dá mais autonomia para interpretar o que nos é apresentado e tomar decisões mais informadas e menos influenciadas por fatores externos.
CONCEITOS, DEFINIÇÕES E EXEMPLOS
LEI
DE BRANDOLINI: A ASSIMETRIA DA DESINFORMAÇÃO
A
Lei de Brandolini, também conhecida como o Princípio da Assimetria da Bobagem,
afirma que "a quantidade de energia necessária para refutar uma
bobagem é uma ordem de magnitude maior do que a necessária para produzi-la".
Ou
seja, é muito mais fácil espalhar desinformação do que combatê-la. Esse
princípio é crucial na era digital, onde notícias falsas e discursos
manipulativos se disseminam rapidamente, exigindo um esforço significativo para
serem desmentidos.
Exemplo específico da Lei de Brandolini:
Imagine
que alguém compartilhe nas redes sociais a seguinte afirmação falsa:
"Beber
água com limão em jejum cura o câncer!"
Essa informação se espalha rapidamente porque é simples, apelativa e reforça crenças populares sobre remédios naturais.
Influenciadores e páginas de saúde alternativa replicam a afirmação sem verificar sua veracidade, e, em pouco tempo, milhões de pessoas passam a acreditar nela.
Agora, imagine o trabalho necessário para refutar essa desinformação.
ü
Um especialista precisa:
ü
Explicar como o câncer funciona e por
que não há evidências científicas que sustentem essa alegação.
ü
Mostrar estudos científicos reais
sobre tratamentos oncológicos eficazes.
ü
Enfrentar a resistência psicológica
de quem já acreditou na fake news e desconfia da ciência.
ü
Competir contra a viralização de
informações falsas, que se espalham mais rápido porque são simples e
emocionalmente envolventes.
Ou
seja, enquanto uma mentira pode ser criada e disseminada em segundos,
desmenti-la exige tempo, conhecimento técnico e uma enorme dedicação para
reverter seu impacto. Esse é o princípio da Lei de Brandolini: refutar uma
desinformação demanda muito mais esforço do que criá-la e espalhá-la.
COMO MINIMIZAR E EVITAR OS EFEITOS DA LEI BRANDOLINI
Para
minimizar os impactos desse fenômeno e evitar a disseminação de desinformação,
algumas estratégias podem ser adotadas:
Prevenção
Antes de compartilhar, verifique.
Cheque a fonte
Sempre verifique a credibilidade do veículo ou da pessoa que compartilhou a informação. Sites jornalísticos reconhecidos, institutos de pesquisa e fontes científicas são mais confiáveis.
Busque
fontes primárias
Informações
distorcidas geralmente vêm de interpretações erradas ou sensacionalistas.
Sempre tente encontrar o documento original, seja um artigo científico, uma
entrevista completa ou dados governamentais.
Desconfie de títulos alarmistas
Manchetes
exageradas e sensacionalistas são um sinal de alerta para desinformação.
Compare com outras fontes
Se
uma informação relevante só aparece em um único site ou grupo de WhatsApp, há
uma grande chance de ser falsa ou enviesada.
Estratégias
para Lidar com Fake News e Desinformação
Não
alimente a desinformação
Compartilhar
algo falso “só para alertar” pode acabar reforçando o engano. Se houver dúvida,
não compartilhe até confirmar.
Corrija de forma estratégica
Em
vez de simplesmente dizer que algo é falso, tente fornecer informações corretas
de maneira objetiva e respeitosa.
Pessoas tendem a rejeitar correções agressivas.
Use linguagem acessível
Informações
verdadeiras devem ser tão simples e fáceis de entender quanto as falsas.
Textos muito técnicos podem ser rejeitados por quem já acredita na desinformação.
Aposte em materiais visuais
Infográficos,
vídeos curtos e ilustrações são mais eficazes para combater desinformação do
que longos textos explicativos.
Pensamento Crítico e Educação Midiática
Promova
o pensamento crítico
Ensinar
crianças, adolescentes e adultos a questionar fontes, analisar viéses e
entender como a mídia opera é uma das melhores formas de combater a
desinformação.
Conheça os vieses cognitivos
Muitos
acreditam em fake news porque seus viéses de confirmação os fazem aceitar
apenas informações que reforçam suas crenças prévias.
Ter consciência desses viéses ajuda a reduzir sua influência.
Entenda o papel dos algoritmos
Redes
sociais mostram conteúdos que reforçam nossas opiniões e emoções. Isso pode
criar bolhas informacionais que alimentam a desinformação.
Diversificar fontes de informação reduz esse efeito.
A Lei de Brandolini mostra que combater a desinformação não é tarefa fácil, pois desmentir boatos exige tempo e esforço.
No entanto, podemos reduzir sua disseminação por meio de verificação de informações, comunicação estratégica e educação midiática.
Quanto mais pessoas desenvolverem um olhar crítico sobre o que consomem na internet e na mídia, menor será o impacto da desinformação na sociedade.
DIFERENÇA ENTRE VIÉS COGNITIVO E AGENDA MIDIÁTICA
Os
viéses cognitivos e a agenda midiática são conceitos distintos, mas ambos
influenciam como processamos informações, tomamos decisões e construímos
percepções da realidade.
A principal diferença está na origem e no mecanismo de atuação de cada um:
VIÉS COGNITIVO
Processos
mentais inconscientes que distorcem a interpretação da realidade.
AGENDAS MIDIÁTICAS
Estratégias
da mídia para definir quais temas são mais discutidos na sociedade.
VIÉS COGNITIVO:
Como
Nosso Cérebro Interpreta a Informação.
O que é?
Os
viéses cognitivos são atalhos mentais que o cérebro usa para tomar decisões
rapidamente, baseando-se em experiências anteriores e emoções.
Embora esses atalhos sejam úteis, eles frequentemente levam a erros de julgamento e interpretações distorcidas da realidade.
Principais características:
ü São
inconscientes e automáticos.
ü Fazem
parte do funcionamento natural do cérebro.
ü Podem
levar a julgamentos irracionais ou decisões precipitadas.
ü Influenciam
a maneira como interpretamos informações e tomamos decisões.
Exemplo de Viés Cognitivo:
Viés
de Confirmação:
Tendência
de buscar e acreditar apenas em informações que reforçam nossas crenças
prévias.
Viés de Disponibilidade:
Julgar
a frequência de um evento com base em exemplos que vêm à mente rapidamente (por
exemplo, após ver várias reportagens sobre assaltos, uma pessoa pode
superestimar a criminalidade).
Exemplo na prática:
Um
eleitor que acredita que um político é corrupto tende a focar apenas em
notícias que confirmam essa visão, ignorando informações neutras ou positivas.
AGENDAS MIDIÁTICAS:
Como
a Mídia Define o Debate Público.
O que é?
A
agenda midiática refere-se à maneira como os meios de comunicação selecionam,
enfatizam e priorizam determinados temas para o público. Essa estratégia
influência sobre o que as pessoas falam e pensam, sem necessariamente ditar
suas opiniões.
Principais características:
ü É um processo deliberado, controlado por jornalistas, empresas de mídia e influenciadores.
ü Define
quais temas ganham visibilidade e quais são ignorados.
ü Pode
ser usada para influenciar políticas públicas e decisões eleitorais.
ü Não diz o que pensar, mas sim sobre o que pensar.
Exemplo de Agenda Midiática:
Agenda-Setting:
A
mídia destaca repetidamente um tema (exemplo: aumento da violência), fazendo
com que o público perceba esse problema como uma das maiores preocupações do
país.
Framing (Enquadramento):
Um
jornal pode descrever um protesto como "manifestação pacífica" ou
como "onda de vandalismo", dependendo do viés editorial.
Exemplo na prática:
Durante
um período eleitoral, a mídia pode destacar escândalos de um candidato
específico enquanto minimiza os de outro, influenciando a percepção do
eleitorado.
COMO VIÉS COGNITIVO E AGENDA MIDIÁTICA INTERAGEM
Embora
sejam conceitos diferentes, os viéses cognitivos e a agenda midiática se
reforçam mutuamente.
A mídia pode explorar e amplificar os viéses cognitivos para direcionar a opinião pública.
Exemplos de Interação:
Viés
de Disponibilidade + Agenda-Setting
A mídia cobre intensamente casos de violência, e as pessoas passam a acreditar que a criminalidade está piorando, mesmo que os dados mostrem o contrário.
Viés de Confirmação + Framing
Um
jornal progressista usa um enquadramento favorável a um determinado candidato,
e seus leitores, já inclinados a apoiar esse político, aceitam a narrativa sem
questionar.
Viés da Prova Social + Priming
Um
grupo de influenciadores repete um discurso sobre "fraude eleitoral"
sem apresentar provas. Como muitas pessoas compartilham a ideia, ela se torna
socialmente aceita e internalizada sem questionamento crítico.
Viéses cognitivos e agenda midiática são fenômenos distintos, mas interligados.
Os vieses cognitivos moldam nossa percepção individual, influenciando como interpretamos informações.
A agenda midiática direciona o debate público, determinando quais temas serão discutidos e quais serão ignorados.
A mídia pode explorar os viéses cognitivos para moldar narrativas e influenciar a opinião pública.
Para evitar manipulações, é essencial desenvolver pensamento crítico, diversificar fontes de informação e estar atento aos próprios viéses cognitivos.
No contexto digital, onde algoritmos reforçam bolhas informacionais e fake news são amplificadas rapidamente, o entendimento desses conceitos é crucial para uma sociedade mais informada e consciente.
VIESES COGNITIVOS
VIÉS COGNITIVO: O ATALHO MENTAL QUE PODE LEVAR AO ERRO
Os
viéses cognitivos são padrões sistemáticos de pensamento que desviam a
racionalidade na tomada de decisões.
Eles surgem como um mecanismo de economia cognitiva, permitindo que tomemos decisões rápidas sem avaliar todas as informações disponíveis.
No entanto, esses atalhos muitas vezes levam a erros de julgamento e interpretação.
Um exemplo clássico é o viés de confirmação, no qual as pessoas tendem a buscar e interpretar informações de maneira a reforçar suas crenças pré-existentes, ignorando evidências contrárias.
Exemplo específico do viés cognitivo:
Imagine
que João está assistindo ao noticiário e vê diversas reportagens sobre assaltos
ocorrendo em sua cidade.
Nos últimos dias, o jornal tem destacado crimes violentos em bairros próximos ao seu, mostrando imagens de câmeras de segurança e depoimentos de vítimas.
Mesmo sem verificar estatísticas oficiais, João conclui que a criminalidade aumentou drasticamente e decide evitar sair de casa à noite.
No entanto, ao consultar os dados da Secretaria de Segurança Pública, descobre que, na verdade, os índices de violência estão em queda há meses.
O que aconteceu?
João
foi influenciado pelo viés de disponibilidade, um tipo de viés cognitivo no
qual julgamos a frequência ou probabilidade de um evento com base na facilidade
com que conseguimos lembrar de exemplos recentes.
Como ele viu muitas notícias sobre crimes em um curto período, passou a acreditar que a criminalidade está piorando, mesmo que os dados mostrem o contrário.
Esse viés é comum e pode afetar decisões cotidianas, como investir em seguros por medo de desastres recentes ou evitar viagens para lugares considerados perigosos com base apenas em manchetes sensacionalistas.
OS PRINCIPAIS VIESES COGNITIVOS E SUAS DEFINIÇÕES
Os
viéses cognitivos são atalhos mentais que facilitam a tomada de decisões, mas
podem levar a erros de julgamento.
Abaixo estão alguns dos principais viéses, com uma breve explicação de cada um:
VIÉS DE CONFIRMAÇÃO
Definição:
Tendência
a buscar, interpretar e lembrar informações que confirmam nossas crenças
pré-existentes, ignorando ou desvalorizando dados contrários.
Exemplo:
Uma
pessoa que acredita em teorias da conspiração só consome conteúdos que reforçam
sua visão, rejeitando fontes confiáveis.
VIÉS DE DISPONIBILIDADE
Definição:
Julgamos
a frequência ou probabilidade de algo com base na facilidade com que
conseguimos lembrar de exemplos.
Exemplo:
Após
ver muitas notícias sobre assaltos, alguém pode acreditar que a criminalidade
está aumentando, mesmo que as estatísticas mostrem o contrário.
VIÉS DE ENQUADRAMENTO (FRAMING)
Definição:
A
forma como uma informação é apresentada influencia a forma como ela é
percebida.
Exemplo:
Um
tratamento descrito como tendo "90% de sucesso" parecerá mais seguro
do que outro descrito como "10% de falha", mesmo que sejam a mesma
coisa.
VIÉS DE AÇÃO
Definição:
Preferência
por agir rapidamente em vez de refletir antes de tomar uma decisão, mesmo
quando a melhor escolha seria esperar.
Exemplo:
Um
investidor vende suas ações desesperadamente durante uma queda do mercado sem
analisar os dados com calma.
VIÉS DE ANCORAGEM
Definição:
Tendência
a confiar excessivamente na primeira informação recebida (âncora) ao tomar
decisões.
Exemplo:
Se
um produto está com um desconto de "50% de R$ 500 para R$ 250", a
pessoa pode sentir que está economizando muito, mesmo que R$ 250 ainda seja
caro.
VIÉS DO OTIMISMO
Definição:
Tendência
a superestimar a probabilidade de eventos positivos e subestimar os negativos.
Exemplo:
Alguém
pode ignorar os riscos de um acidente de carro ao dirigir sem cinto porque
acredita que “isso nunca acontecerá comigo”.
7. VIÉS DA AVERSÃO À PERDA
Definição:
As
pessoas sentem mais intensamente a dor de uma perda do que a alegria de um
ganho equivalente.
Exemplo:
Alguém
prefere não perder R$ 100 do que ganhar R$ 100, mesmo que matematicamente sejam
valores iguais.
VIÉS DE AUTORIDADE
Definição:
Maior
tendência a aceitar informações ou ordens quando vêm de figuras de autoridade,
independentemente da lógica ou da verdade.
Exemplo:
Alguém
segue um conselho de um médico famoso na TV sem questionar se há evidências
científicas para o que foi dito.
VIÉS DA FALÁCIA DO CUSTO IRRECUPERÁVEL
Definição:
Manter
um investimento de tempo, dinheiro ou esforço em algo apenas porque já se
investiu muito, mesmo quando não faz mais sentido continuar.
Exemplo: Alguém permanece em um relacionamento infeliz porque já passou anos nele, mesmo sabendo que não há mais futuro.
VIÉS
DA REPRESENTATIVIDADE
Definição:
Julgar
a probabilidade de algo com base em estereótipos, em vez de considerar dados
estatísticos reais.
Exemplo:
Assumir
que uma pessoa que gosta de xadrez e matemática é mais propensa a ser um cientista
do que um vendedor, mesmo sem dados que sustentem isso.
VIÉS DO EFEITO HALO
Definição:
Quando
uma característica positiva de uma pessoa ou marca influencia nossa percepção
geral sobre ela.
Exemplo:
Achar
que alguém é inteligente apenas porque é bonito e bem vestido.
VIÉS DA ILUSÃO DE CONTROLE
Definição:
Superestimar
nossa capacidade de influenciar eventos aleatórios.
Exemplo: Jogadores de loteria acreditam que escolher os próprios números aumenta suas chances de ganhar.
VIÉS DA ILUSÃO DA VERDADE
Definição:
Quanto
mais ouvimos uma informação repetidamente, mais tendemos a acreditar que é
verdadeira.
Exemplo:
Fake
news repetidas diversas vezes parecem verdadeiras para muitas pessoas.
VIÉS DA PROVA SOCIAL
Definição:
Tendência
de considerar algo correto apenas porque muitas pessoas acreditam ou fazem o
mesmo.
Exemplo:
Alguém
escolhe um restaurante apenas porque ele está lotado, sem avaliar a qualidade
da comida.
VIÉS DO RETROVISOR (HINDSIGHT BIAS)
Definição:
Depois
que algo acontece, acreditamos que sempre soubemos que aquilo ocorreria.
Exemplo:
Após
uma crise financeira, muitas pessoas dizem que "já sabiam que isso iria
acontecer", mesmo que não tenham previsto antes.
Os viéses cognitivos afetam nossas decisões diárias e podem levar a julgamentos errôneos.
Reconhecê-los é o primeiro passo para evitá-los e tomar decisões mais racionais e equilibradas.
COMO MINIMIZAR E EVITAR OS EFEITOS DOS VIESES COGNITIVOS?
Os
viéses cognitivos são atalhos mentais que nosso cérebro utiliza para tomar
decisões rapidamente, mas que frequentemente levam a erros de julgamento.
Embora sejam parte natural da cognição humana, seus efeitos podem ser reduzidos com estratégias de pensamento crítico e tomada de decisão consciente.
Pratique o pensamento crítico
Questione
suas primeiras impressões
Sempre
que tomar uma decisão rápida ou sentir uma forte certeza sobre algo,
pergunte-se: "Estou considerando todas as evidências?"
Busque informações diversas
Não
confie apenas em uma única fonte.
Compare
diferentes perspectivas para evitar bolhas de pensamento e viés de confirmação.
Considere pontos de vista opostos
Para reduzir o viés de confirmação, tente entender os argumentos contrários ao seu ponto de vista antes de formar uma opinião definitiva.
Use
Estratégias para Tomada de Decisão Consciente
Tome
decisões baseadas em dados, não em emoções.
Pergunte-se:
"Estou
decidindo com base em fatos concretos ou porque algo 'parece certo'?"
Sempre que possível, baseie decisões em estatísticas e evidências verificáveis.
Dê um tempo antes de decidir
O pensamento intuitivo pode ser enganoso.
Quando possível, adie decisões importantes para refletir melhor e evitar impulsividade.
Use
listas de prós e contras
Escrever
os benefícios e desvantagens de uma escolha pode ajudar a visualizar melhor os
fatores envolvidos e reduzir o impacto de viéses emocionais.
Conheça e Identifique os Principais Viéses Cognitivos
Viés
de Confirmação
Tendência
a buscar e acreditar em informações que reforcem nossas crenças prévias.
Dica: Leia opiniões contrárias às suas para ampliar sua visão.
Viés de Enquadramento
A
forma como uma informação é apresentada influencia nossa interpretação.
Dica: Sempre reformule as informações em termos diferentes para avaliar o impacto real.
Viés de Disponibilidade
Julgamos
a frequência de algo com base em exemplos fáceis de lembrar.
Dica: Consulte dados concretos em vez de confiar apenas na memória.
Viés de Ação
Tendência
a agir impulsivamente, acreditando que qualquer ação é melhor do que nenhuma.
Dica: Em situações críticas, faça pausas para analisar antes de decidir.
Desenvolva Habilidades de Autorreflexão e Metacognição
Pratique
a metacognição
Pergunte-se:
"Por que estou pensando dessa forma?" e "Quais fatores podem estar influenciando minha percepção?"
Considere
a possibilidade de erro
Reconhecer
que ninguém é totalmente racional o tempo todo ajuda a reduzir a arrogância
cognitiva e a melhorar a qualidade das decisões.
Aprenda continuamente sobre viéses
O
conhecimento sobre viéses cognitivos é um passo essencial para minimizá-los.
Livros, cursos e artigos sobre psicologia cognitiva ajudam a entender melhor
como nossa mente funciona.
Os viéses cognitivos são inevitáveis, mas podem ser minimizados com estratégias de pensamento crítico, análise consciente e aprendizado contínuo.
Quanto
mais atentos estivermos a nossas próprias tendências mentais, mais eficazes
seremos na tomada de decisões e na interpretação da realidade de forma objetiva.
OS VIESES COGNITIVOS MAIS IMPORTANTES NA COMUNICAÇÃO
A
comunicação, especialmente na era digital, é fortemente influenciada por
diversos viéses cognitivos, que afetam a forma como interpretamos,
compartilhamos e reagimos às informações.
Entre os mais relevantes atualmente, destacam-se:
VIÉS DE CONFIRMAÇÃO
O
que é?
A
tendência de buscar e acreditar apenas em informações que reforçam nossas
crenças pré-existentes, ignorando dados que as contradizem.
Alavanca
a polarização política e ideológica, pois as pessoas consomem apenas conteúdos
alinhados a suas visões.
Fortalece bolhas informacionais, nas quais diferentes grupos vivem realidades paralelas e não dialogam entre si.
Alimenta a disseminação de fake news, pois informações falsas muitas vezes confirmam crenças já estabelecidas.
Como minimizar?
Incentivar
a busca por diferentes perspectivas antes de formar opiniões.
Estimular o pensamento crítico e a checagem de informações.
VIÉS DE DISPONIBILIDADE
O
que é?
A
tendência de avaliar a frequência ou gravidade de um evento com base nas
informações mais facilmente acessíveis na memória.
Impacto na Comunicação:
Mídia
sensacionalista amplifica medos ao enfatizar eventos violentos ou
catastróficos, mesmo que sejam estatisticamente raros.
Redes sociais viralizam conteúdos emocionais e extremos, distorcendo a percepção da realidade.
A repetição de um tema (como criminalidade, crises ou doenças) faz com que pareça mais comum do que realmente é.
Como minimizar?
Comparar percepções com dados concretos antes de reagir emocionalmente.
Diversificar fontes de informação para evitar narrativas enviesadas.
VIÉS
DO ENQUADRAMENTO (FRAMING EFFECT)
O
que é?
A forma como uma informação é apresentada pode influenciar drasticamente a interpretação do público.
Impacto
na Comunicação:
Políticos
e jornalistas utilizam diferentes enquadramentos para moldar a percepção
pública sobre um mesmo evento.
Títulos de manchetes podem enfatizar aspectos positivos ou negativos de um fato, manipulando emoções.
Notícias podem usar palavras mais neutras (“reformas”) ou mais carregadas (“cortes”) para influenciar a opinião pública.
Como minimizar?
Sempre
reformular informações em diferentes perspectivas antes de aceitá-las.
Perguntar-se:
"Se
esta notícia fosse apresentada de outra forma, eu ainda pensaria do mesmo
jeito?"
VIÉS DA ILUSÃO DA VERDADE
O
que é?
A
repetição de uma informação, mesmo que falsa, faz com que pareça mais
verdadeira.
Impacto na Comunicação:
Fake
news e desinformação se tornam "verdades" pelo simples fato de serem
repetidas muitas vezes.
Narrativas falsas são reforçadas por bolhas digitais, onde grupos repetem as mesmas ideias sem contestação.
Celebridades e influenciadores podem validar ideias erradas apenas por repetirem insistentemente algo.
Como minimizar?
Priorizar
fontes confiáveis e verificar fatos antes de compartilhar.
Questionar sempre:
"A veracidade disso vem de provas concretas ou apenas da repetição?"
VIÉS
DA PROVA SOCIAL
O
que é?
A
tendência de acreditar que algo é verdadeiro ou correto porque muitas pessoas
acreditam ou fazem o mesmo.
Impacto na Comunicação:
Fake
news se espalham rapidamente porque muitas pessoas compartilham sem verificar a
veracidade.
Influenciadores e celebridades moldam comportamentos e crenças, independentemente da veracidade das informações.
Opiniões populares em redes sociais podem ser tomadas como fatos apenas porque recebem muitos likes e comentários.
Como
minimizar?
Perguntar-se:
"Esse argumento é forte por si só ou apenas porque muitas pessoas acreditam nele?
Analisar fontes primárias em vez de seguir apenas tendências populares.
VIÉS
DA ANCORAGEM
O
que é?
A primeira informação recebida sobre um assunto serve como referência (âncora) para todas as outras interpretações.
Impacto
na Comunicação:
Manchetes de notícias podem definir a forma como todo um evento será interpretado, mesmo que o conteúdo completo diga algo diferente.
Primeiro contato com um assunto pode criar um viés inicial difícil de mudar.
Discussões online frequentemente são moldadas pelo primeiro comentário ou tweet sobre um tema.
Como
minimizar?
Sempre buscar outras fontes antes de formar uma opinião definitiva.
Evitar tirar conclusões com base apenas em manchetes ou primeiras impressões.
VIÉS
DA AVERSÃO À PERDA
O
que é?
As pessoas tendem a reagir mais fortemente a perdas do que a ganhos de igual valor.
Impacto
na Comunicação:
Políticos e campanhas de marketing exploram o medo da perda ("Se você não votar em X, perderemos direitos!").
Notícias enfatizam crises e colapsos para atrair mais audiência, já que o medo gera engajamento.
Consumidores compram produtos rapidamente ao ver mensagens como "Últimas unidades!" ou "Promoção por tempo limitado!".
Como
minimizar?
Questionar:
"Estou tomando essa decisão porque faz sentido ou porque estou sendo manipulado pelo medo?"
Avaliar riscos e benefícios de forma equilibrada antes de agir.
Na comunicação atual, os viéses cognitivos desempenham um papel crucial na forma como consumimos e interpretamos informações.
Plataformas
digitais, redes sociais e meios de comunicação utilizam esses mecanismos para
direcionar a atenção do público, influenciar opiniões e moldar comportamentos.
Para evitar manipulações e tomar decisões mais racionais, é fundamental:
ü Buscar
informações de múltiplas fontes.
ü Analisar
dados concretos antes de formar uma opinião.
ü Questionar
títulos, manchetes e enquadramentos.
ü Refletir sobre os próprios viéses antes de compartilhar algo.
O
pensamento crítico e a alfabetização midiática são essenciais para reduzir a
influência desses viéses e garantir uma comunicação mais saudável e
equilibrada.
TEORIAS
DAS AGENDAS MIDIÁTICAS
A agenda midiática refere-se ao processo pelo qual os meios de comunicação selecionam e destacam determinados temas, influenciando a percepção do público sobre a importância dessas questões.
O estudo desse fenômeno resultou em diversas teorias da agenda midiática, que explicam como a mídia molda a opinião pública, define prioridades e influencia o comportamento social e político.
A seguir, apresentamos as principais teorias da agenda midiática, suas características e exemplos.
TEORIA
DO AGENDA-SETTING
O
que é?
A Teoria do Agenda-Setting foi proposta por Maxwell McCombs e Donald Shaw (1972) e sugere que a mídia não diz ao público o que pensar, mas sim sobre o que pensar.
Principais
características:
ü Os
meios de comunicação determinam quais temas serão priorizados na esfera
pública.
ü A
repetição e a ênfase de certos assuntos geram a percepção de relevância na
sociedade.
ü Políticos e empresas podem influenciar a mídia para estabelecer temas favoráveis à sua imagem.
Exemplo:
Durante as eleições, a mídia pode dar mais cobertura a temas como corrupção ou segurança pública, fazendo com que esses assuntos se tornem prioridades para os eleitores.
Em períodos de crise, a imprensa pode enfatizar a economia e o desemprego, moldando a percepção pública sobre a necessidade de mudanças políticas.
TEORIA
DO PRIMING
O
que é?
A Teoria do Priming (pré-ativação) sugere que a exposição repetida a certos temas faz com que o público os use como referência para avaliar outras questões.
Principais
características:
ü A
mídia cria “filtros” mentais que influenciam como as pessoas julgam políticos,
marcas e eventos.
ü Assuntos
amplamente debatidos na mídia tornam-se padrões de avaliação na sociedade.
ü Funciona como um “efeito psicológico” que influencia julgamentos futuros.
Exemplo:
Se a mídia enfatiza repetidamente a corrupção política, os eleitores podem passar a avaliar candidatos apenas com base nesse critério, ignorando suas propostas econômicas ou sociais.
Após uma sequência de reportagens sobre violência urbana, o público pode considerar a segurança pública como o maior problema do país
TEORIA
DO FRAMING (ENQUADRAMENTO MIDIÁTICO)
O
que é?
A Teoria do Framing (Enquadramento) analisa como a mídia constrói a interpretação de um evento, influenciando a forma como ele será compreendido pelo público
Principais
características:
ü A
mídia escolhe palavras, imagens e narrativas que moldam a percepção sobre um
tema.
ü O
enquadramento pode ser positivo ou negativo, dependendo da intenção editorial.
ü Diferentes veículos de comunicação podem enquadrar o mesmo fato de formas distintas.
Exemplo:
Um protesto pode ser descrito como "manifestação pacífica" em um jornal progressista, enquanto outro veículo pode chamá-lo de "onda de vandalismo", influenciando a opinião pública de forma diferente.
O mesmo aumento nos impostos pode ser enquadrado como "necessário para o equilíbrio fiscal" ou como "um peso extra para os cidadãos", dependendo da perspectiva do meio de comunicação.
TEORIA
DO GATEKEEPING (CONTROLE DE INFORMAÇÃO)
O
que é?
A Teoria do Gatekeeping (Controle de Informação) argumenta que os jornalistas, editores e donos de veículos de mídia decidem quais informações serão publicadas ou suprimidas.
Principais
características:
ü A
mídia atua como um filtro, determinando quais fatos serão divulgados e quais
serão ignorados.
ü O
processo de “seleção” pode ser influenciado por interesses políticos,
econômicos ou ideológicos.
ü Grandes empresas de mídia podem manter determinados temas fora do debate público.
Exemplo:
Um
grande jornal pode evitar cobrir escândalos que envolvam empresas que são suas
anunciantes.
Reportagens sobre desastres ambientais causados por grandes corporações podem ser minimizadas para evitar conflitos com patrocinadores.
TEORIA DO AGENDA-BUILDING
O
que é?
A Teoria do Agenda-Building sugere que a construção da agenda midiática não é feita apenas pela mídia, mas também por outros atores sociais, como políticos, empresas e organizações
Principais
características:
ü Governos,
partidos políticos e grupos econômicos influenciam a mídia para colocar certos
temas em destaque.
ü Grandes
corporações podem impulsionar determinadas pautas por meio de publicidade e
lobby.
ü A sociedade civil e movimentos sociais também podem influenciar a agenda midiática ao viralizar temas nas redes sociais.
Exemplo:
Uma empresa petrolífera pode financiar campanhas publicitárias para moldar a percepção pública sobre energias renováveis.
Políticos usam assessorias de comunicação para pautar determinados assuntos na mídia e desviar a atenção de escândalos.
As
teorias da agenda midiática demonstram como a mídia molda o debate público,
define prioridades sociais e influencia a opinião das pessoas.
Seja através do Agenda-Setting, do Framing, do Priming ou do Gatekeeping, os meios de comunicação exercem um papel crucial na forma como a sociedade percebe os eventos e toma decisões
Com o crescimento das redes sociais, a disseminação de informações se tornou mais descentralizada, permitindo que novos agentes influenciem a agenda pública.
No entanto, grandes conglomerados de mídia e empresas de tecnologia ainda exercem um forte controle sobre a informação, tornando fundamental o desenvolvimento do pensamento crítico e da alfabetização midiática.
PRINCIPAIS
TEORIAS DAS AGENDAS MIDIÁTICAS QUE INFLUENCIAM A COMUNICAÇÃO ATUALMENTE: AGENDAS
SETTING, PRIMING E FARMIN
AGENDA
SETTING: O QUE IMPORTA PARA A SOCIEDADE?
A teoria da agenda setting sugere que a mídia não diz às pessoas o que pensar, mas sim sobre o que pensar.
Ao destacar determinados assuntos e ignorar outros, os meios de comunicação determinam quais temas ganham relevância no debate público.
Por exemplo, se a mídia dedica ampla cobertura a crimes violentos, a sociedade pode passar a percebê-los como um problema mais grave do que indicariam os dados estatísticos.
Exemplo
específico de Agenda Setting: O Que Importa Para a Sociedade?
Imagine
que dois grandes problemas afetam um país ao mesmo tempo:
A crise na educação, com baixos índices de alfabetização e escolas sem infraestrutura adequada.
Um escândalo político envolvendo um deputado que desviou verbas públicas.
Se
os principais jornais, redes de televisão e portais de notícias passarem
semanas focando apenas no escândalo político, trazendo manchetes diárias sobre
o caso, entrevistas e análises de especialistas, a população pode começar a
acreditar que a corrupção política é o problema mais urgente do país, mesmo que
a crise na educação afete muito mais pessoas e tenha consequências de longo
prazo.
Esse fenômeno ocorre porque os meios de comunicação não dizem às pessoas o que pensar, mas sim sobre o que pensar.
Ao destacar certos temas e ignorar outros, a mídia influencia a percepção pública sobre quais assuntos são mais importantes.
Outros
exemplos de Agenda Setting:
Eleições:
Se a imprensa dá mais visibilidade a um candidato e ignora os demais, a população pode acreditar que ele é a opção mais viável, mesmo sem analisar suas propostas.
Segurança
Pública:
Se
um noticiário enfatiza crimes violentos diariamente, as pessoas podem sentir
que a criminalidade está fora de controle, mesmo que os dados mostrem uma queda
nos índices.
Saúde
Pública:
Durante a pandemia de COVID-19, os meios de comunicação mantiveram o tema em destaque por meses, fazendo com que a sociedade priorizasse medidas de saúde, como vacinação e isolamento social.
A teoria do Agenda Setting mostra como a mídia molda as preocupações do público, influenciando não apenas o debate social, mas também as políticas públicas e as decisões políticas.
AGENDA
PRIMING: A PREPARAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA
A agenda priming refere-se ao impacto que a exposição a determinados temas pode ter na avaliação das pessoas sobre outros assuntos.
Se a mídia enfatiza a corrupção política por um longo período, por exemplo, os eleitores podem priorizar esse critério na hora de escolher candidatos, mesmo que outras questões, como economia ou saúde, sejam mais relevantes em termos objetivos.
Exemplo
de Agenda Priming: A Preparação da Opinião Pública
Imagine que uma eleição presidencial está se aproximando e os principais jornais, portais de notícias e programas de TV passam meses enfatizando a crise econômica do país.
Diariamente,
são divulgadas manchetes como:
"Inflação
dispara e preços dos alimentos sobem 20% em um ano!"
"Desemprego
atinge o maior nível da década!"
"Empresas fecham as portas diante da recessão!"
Esse foco constante nos problemas econômicos faz com que a população priorize a economia como o principal critério na hora de escolher um candidato, mesmo que existam outros temas importantes, como saúde, educação ou segurança pública.
Quando os eleitores forem votar, eles estarão mais inclinados a escolher um candidato que tenha um discurso forte sobre crescimento econômico, geração de empregos e controle da inflação, porque esse tema foi preparado em suas mentes ao longo do tempo.
Esse
é um exemplo clássico de Agenda Priming, que ocorre quando a mídia destaca
certos assuntos antes de um evento importante, influenciando a maneira como o
público avalia pessoas, políticos ou situações.
Outros
exemplos de Agenda Priming:
Pandemia
e Saúde Pública:
Se a mídia enfatiza constantemente os impactos da COVID-19 antes de uma eleição, os eleitores podem priorizar candidatos que defendem o fortalecimento do sistema de saúde.
Segurança
e Criminalidade:
Se,
antes de um plebiscito sobre leis mais rígidas, os jornais passam meses falando
sobre aumento da violência, a população pode votar a favor de medidas punitivas
mais severas
Copa
do Mundo e Nacionalismo:
Se, antes de uma grande competição esportiva, a mídia exalta o orgulho nacional e a importância da seleção, as pessoas podem se sentir mais patrióticas e engajadas no evento.
A teoria do Agenda Priming mostra como a mídia prepara a opinião pública para que certos temas sejam considerados mais relevantes do que outros no momento de tomar decisões.
AGENDA
FARMING: A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO
Por fim, a agenda farming diz respeito à forma como a mídia não apenas define os temas de debate (agenda setting), mas também influencia a maneira como eles são interpretados. Isso ocorre por meio da escolha das palavras, das imagens e do tom da cobertura.
Um exemplo seria a forma como protestos podem ser descritos como "manifestações pacíficas" ou "atos de vandalismo", dependendo da intenção de quem narra os eventos
Exemplo
de Agenda Farming: A Construção do Sentido
Imagine
que um grande protesto ocorre em uma cidade, com milhares de pessoas indo às
ruas para reivindicar melhores condições de trabalho e aumento do salário
mínimo
Diferentes
veículos de comunicação cobrem o evento, mas com enquadramentos distintos,
criando narrativas que moldam a percepção do público sobre o que aconteceu:
ü
Jornal A (enquadramento positivo):
"Trabalhadores
se unem em uma manifestação pacífica para exigir direitos e melhores condições
de vida."
ü
Jornal B (enquadramento negativo):
"Ato de vandalismo causa caos na cidade; manifestantes bloqueiam ruas e prejudicam a economia local."
Ambos os jornais estão falando sobre o mesmo evento, mas a escolha das palavras e o tom da cobertura influenciam como o público interpretará a manifestação.
Enquanto
um enfatiza a luta por direitos, o outro cria uma visão de desordem e prejuízo.
Esse
fenômeno é conhecido como Agenda Farming, que não apenas define os temas de
debate (como o Agenda Setting) ou prepara o público para avaliá-los de
determinada forma (como o Agenda Priming), mas também constrói ativamente o
significado do evento, influenciando como as pessoas percebem e reagem a ele.
Outros
exemplos de Agenda Farming:
Guerra
e Conflitos:
Dependendo do interesse político, um conflito pode ser descrito como uma "missão de paz" ou uma "invasão militar".
Criminalidade:
Um jovem de periferia que comete um crime pode ser chamado de "bandido perigoso", enquanto um empresário envolvido em corrupção pode ser tratado como "réu investigado".
Política:
Um político que muda de partido pode ser apresentado como "alinhando-se a novos ideais" ou como "traindo seus eleitores", dependendo da intenção do veículo de comunicação.
A Agenda Farming mostra como a mídia molda não apenas o que pensamos, mas como pensamos sobre determinado tema, influenciando crenças, emoções e decisões da sociedade.
CONCLUSÃO
Os vieses cognitivos e as estratégias de manipulação da informação exercem um papel crucial na maneira como interpretamos o mundo e tomamos decisões
A conscientização sobre
esses mecanismos permite um olhar mais crítico diante das notícias e das
narrativas que nos cercam, tornando-nos menos suscetíveis à desinformação e à
manipulação midiática.
No atual cenário de
excesso informacional, desenvolver o pensamento crítico e buscar fontes
diversificadas são atitudes essenciais para uma compreensão mais equilibrada da
realidade.
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