sábado, 5 de julho de 2014

SAÚDE MENTAL E EMOCIONAL DO PROFESSOR

 
 
Por Francisco de Assis Fernandes do Nascimento
 
Introdução
Como já sabemos, os professores são agentes de transformação social através do processo educacional. Eles são formadores de consciência e opinião.
 
Não só isso, os professores são  de fato educadores. Eles  não só transmite informação; não só instrui,  educa.
 
Diante das muitas afirmações,  vemos a importância do equilíbrio psíquico nos professores para que os mesmos possam corresponder aos grandes desafios e os esforços exigidos na execução de sua tarefa.
 
Mas diante do eu foi dito,  necessitamos de dados para justificar o tema. Para tanto apresentamos o seguinte dado:
 
Levando em consideração a situação do professor no mundo, podemos constatar que na área de saúde, conforme a OIT – Organização Internacional do Trabalho, em termos de doença ocupacional adquirida em decorrência do exercício da profissão, os professores sé perdem para os mineiros, enquanto categoria profissional, incluindo aí desde alergia a giz, calos nas cordas vocais, varizes, gastrite, labirintite, reumatismo, estafa, stress, neuroses diversas e esquizofrenia.
 
Em São Paulo, o serviço de atendimento médico e hospitalar indicam que a Secretaria de educação é, em relação ao número de funcionários que tem, uma das que mais se utilizam desses serviços.
 
As neurose, ansiedade, depressão e esquizofrenia afastam em média, 33 professores, por dia letivo, das salas de aula.
 
Ou melhor, o professor mais do que ninguém deve cuidar de sua saúde.
 
Mas, não só isso,  tudo o que o professor realiza dentro da sala de aula requer dele uma postura psicológica equilibrada, pois do contrário, ele esbarra em dificuldades que comprometerão suas tarefas educativas.
 
Quando abordamos o tema “psicologia aplicada ao professor” temos que lançar da Psicologia, bem como de outras ciências afins, a saber: psiquiatria e psicanálise.
 
A Psicologia trata em geral do comportamento do professor para consigo mesmo, para com o educando e para com o processo educativo.
 
A Psiquiatria trata das doenças orgânicas, as chamadas doenças estruturais, como: depressão severa, psicoses (esquizofrenia) e outros transtornos.
 
A Psicanálise trata das doenças não orgânicas, as chamadas doenças não estruturais, como as neuroses. A neurose pode assumir diversas formas clínicas, como a neurose de angústia, a neurose histérica, a neurose fóbica e neurose obsessivo-compulsiva.
 
Abordaremos o tema sugerido seguindo em termos gerais, as partes citadas, visando um melhor aproveitamento da matéria.
 
TRAÇOS DE PERSONALIDADES DOS PROFESSORES
 
AS BASES PARA AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES
Fazendo um resumo das bases que ajudam numa avaliação geral dos professores, temos os seguintes itens:
 
PRIMEIRO, CAPACIDADE NA ÁREA DE CONTEÚDO – DOMÍNIO DE CONTEÚDO
• Escolaridade em geral, medida pelos certificados de conclusão de cursos;
• Pontos obtidos em testes de conteúdo;
• Habilidade na leitura;
• Cultura geral básica.
 
SEGUNDO, CAPACIDADE NO USO DE TÉCNICAS – USO ESTRATÉGIAS E METODOS
• Habilidade geral no uso das técnicas de instrução escolar;
• Habilidade no relacionamento aluno x professor;
• Habilidade na organização do material educacional;
• Conhecimento das práticas e técnicas profissionais.
 
TERCEIRA, CAPACIDADE EMOCIONAL - PERSONALIDADE EQUILIBRADA
• Habilidade em lidar com conflitos;
• Habilidade para compreender as dificuldades sociais;
• Personalidade agradável;
• Personalidade amistosa.
 
QUARTA, CAPACIDADE PARA IDENTIFICAR  FATORES PSICOLÓGICO – CONHECIMENTO DE PSICOLOGIA
• Habilidade para diferenciar as várias personalidades, bem como as varias escolas psicológicas;
• Habilidade para conhecer os transtornos psíquicos;
• Habilidade para perceber as diferenças psíquicas existentes em sua classe;
• Conhecer a si mesmo.
 
TRAÇOS DO BOM PROFESSOR
• Muitos são os traços que identificam os bons professores, vejamos:
• Conhecimento da matéria;
• Habilidade de ensino;
• Explica as lições com clareza; dá exemplos e ajuda os alunos;
• Capacidade para acompanhar o progresso dos alunos;
• Tem senso de humor; é alegre e feliz;
• Tem voz agradável;
• Vestem-se bem;
• É humano e amistoso;
• Interessa-se pela vida do aluno e procura compreendê-lo;
• Desperta a vontade de trabalhar;
• Impõe respeito; é rigoroso;
• Imparcial, não tem maior predileção por este ou por aquele aluno;
• Não é resmungão, rabugento, mal humorado;
• Tem uma personalidade agradável: é paciente, bondoso e simpático;
• É justo nas notas e promoções, aplicando testes adequados.
 
TRAÇOS DO MAU PROFESSOR
• Muitos são os traços que identificam os bons professores, vejamos:
• Mal humorado, rabugento;
• Não planeja a lição, não explica e nem ajuda o aluno;
• Parcial, só chama os seus prediletos;
• Arrogante, superior, faz que não conhece o aluno fora da escola;
• Intolerante,  mesquinho, rigoroso demais;
• Injusto nas notas;
• Faz provas inadequadas;
• Trata os alunos aos gritos;
• Não tem consideração pelos sentimentos do aluno;
• Não se interessa pelos alunos; não os compreende;
• Não controla a classe;
• Não sabe manter disciplina;
• Fala muito de si;
• Conversa demais tendo em vista ganhar tempo.
 
COMO OBTER SUCESSO NO MAGISTÉRIO
Existem duas leis básicas eu devem ser respeitadas pelos professores, a saber: A LEI DO EGOCENTRISMO E A LEI DA INDUÇÃO; 
A LEI DO EGOCENTRISMO = leva em conta que cada aluno, em especial a criança é o centro do seu próprio mundo de experiência e ação;
A LEI DA INDUÇÃO = leva em consideração o comportamento de uma pessoa e tende induzir o comportamento correspondente em outras.
 
O CONTEUDO DA LEI DO EGOCENTRISMO (EU COMO CENTRO)
O que os professores devem colocar em prática no seu dia a dia:
• Mostrar respeito pelo aluno;
• Dar responsabilidade ao aluno;
• Indaga ao aluno se ele ajuda na solução dos seus problemas;
• Admite os naturais enganos do estudante;
• Ser generoso;
• Ajudar o educando a manter o seu amor próprio;
• Permitir perguntas em suas aulas;
• Exigir somente o que é certo;
• Levar os alunos a se interessarem pelo que ele se interessa;
• Manter a disciplina com a sua sabedoria e não com ameaças e punições.
 
O CONTEÚDO DA LEI DA INDUÇÃO (PERCEPÇÃO INDUTIVA)
O  que os professores devem colocar em prática no seu dia a dia:
• Estudar a si mesmo e aos outros;
• Ser honesto, sincero, carinhoso, interessado e perseverante;
• Estar sempre agindo e exigindo ação;
• Comandar os alunos apenas em último caso, pois eles devem ir aprendendo a se dirigir;
• Só fazer alusões a homens e mulheres quando puder extrair algo de prático para a formação moral e social dos alunos.
 
OUTRAS COISAS QUE DEVEM SER OBSERVADAS ALÉM DAS LEIS JÁ APRESENTADAS
• Conhecer algumas coisa da história e da situação presente das crianças e de sua classe;
• Observar acuradamente as necessidades, interesses e valores dos alunos;
• Trocar impressões sobre seus alunos com os demais professores cultos, a fim de obter dados objetivos sobre as dificuldades dos alunos.
 
OS TRANSTORNOS MAIS COMUNS ENTRE OS PROFESSORES
• Ansiedade
A síndrome e o transtorno orgânico de ansiedade são caracterizados por ataques de pânico ou ansiedade generalizada proeminentes e recorrentes, atribuíveis a algum fator orgânico claramente definido.
 
Vários estimulantes do sistema nervoso central podem causar ansiedade maçiça. Uma ampla classe de drogas simpatomiméticas, como adrenalina, noradrenalina, anfetaminas, cafeínas e cocaína, estão incluídas neste grupo. Outras drogas como atropina e escopolamina, podem causar excitação devida à idiossincrasia ou à administração da droga para pessoa com dor.
 
A ansiedade também pode ser causada por hipertireoidismo, hipotireodismo, hipoparatireodismo e deficiência de vitamina B12.
 
As características da ansiedade em geral são parecidos com transtornos de pânico e de ansiedade generalizada.
 
A presença de ansiedade crônica ou paroxística deve levar o clínico a suspeitar de uma etiologia orgânica. Ataques paroxísticos de hipertensão sugerem feocromocitoma, e, tais casos, são encontrados níveis elevados de catecolaminas urinárias.
 
A experiência persistente e duradoura de ansiedade pode ser extremamente incapacitante, inerferindo em todos os aspectos do funcionamento – social, ocupacional e psicológico.
 
No entanto, é bom que se diga que a ansiedade, como sintoma, está associada com muitos transtornos psiquiátricos.
 
 Neuroses
A vida mental de cada ser humano funciona através da integração de uma atividade cerebral consciente e uma atividade inconsciente. A parte inconsciente pode expressar-se na parte consciente através dos sonhos, dos atos falhos e dos sintomas ansiosos e neuróticos.
 
Estes sintomas decorrente de uma interação entre as três estruturas ou componentes psíquicos do ser humano, conforme a formulação criada por Sigmund Freud: o ID, o EGO e o SUPEREGO.
 
O comportamento animal instintivo de sobrevivência individual (agressividade e nutrição) e da espécie(reprodução sexuada) são representadas pelo ID, o qual é regulado ou controlado pelo EGO, que exerce uma função reguladora ou de síntese e expressão psíquica. O ID e o EGO organizador atuam sempre em interação com as exigências elaboradas por uma estrutura crítica e censora, representada pelo SUPEREGO, formado a partir do aprendizado e solicitações da realidade externa.
 
O EGO executa a difícil tarefa de conciliar os impulsos e desejos dos instintos (ID), das proibições (SUPEREGO), formado a partir do aprendizado e solicitações da realidade externa. Toda pessoa normal tem conflitos intrapsíquicos e utiliza-se de mecanismos de defesa para se adaptar e se proteger da ansiedade e da angústia. Estas são um produto inevitável do processo pelo qual uma pessoa aprende a ser membro da sociedade.
 
O fato de que o ser humano possa sentir medo permite que este aprendizado ocorra. É neste processo que a ansiedade ocorre. Apenas quando se torna grave a ponto de ser incapacitante ou não tem causa determinante ou identificada, uma intervenção clínica está indicada.
 
O mesmo é válido para outros mecanismos de defesa como dor, febre, inflamação e resposta imunológica.
 
A neurose ocorre quando os conflitos do interior psíquico se tornam exagerados e descompensam devido a insuficiência ou inadequação dos mecanismos de defesa. Os sintomas decorrem de e representam os conflitos entre o(s) desejos(s) e a(s) defesa(s).
 
A neurose pode assumir diversas formas clínicas, como a neurose de angústia, a neurose histérica, a neurose fóbica e neurose obsessivo-compulsiva.
 
O estresse, o medo e a ansiedade tendem a interagir no ser humano. Os principais componentes da ansiedade são psicológicos, como a tensão, o medo,  a dificuldade de concentração, a apreensão, e somáticos, como taquicardia e palpitações, a sudorese, os tremores.
 
Outras manifestações orgânicas podem ocorrer, particularmente gastrointestinais (diarréia) e respiratórios(dispnéia). Fadiga e distúrbios do sono são queixas comuns e as manifestações devido a uma maior atividade simpáticomimética servem para estabelecer um sistema de retroalimentação positivo para aumentar a ansiedade. Esta ansiedade pode ser aguda ou crônica e mesmo incapacitante.
Quando os mecanismos de defesa atuam de forma intensa, a expressão da ansiedade ocorre através de fobias, reações de conversão, estados de dissociação, obsessões e compulsões.
 
Muitas pessoas apresentam um quadro transitório de ansiedade, particularmente nos fins de semana, devido à falta de uma estrutura psicológica, que teme e fica insegura com a solidão ou o tédio. Isto é comum com pessoas que ficam desempregadas ou aposentadas quando ainda ativas e dinâmicas.
 
• Depressão – Distúrbios do humor
As depressões representam a área mais importante dos chamados transtornos afetivos (qualificados mais recentemente como distúrbios do humor), conceito em que se incluem os transtornos mentais caracterizados por uma alteração significativa do estado de ânimo, primordialmente composta de depressão e ansiedade, mas também manifestada como euforia e excitação.
 
Os transtornos depressivos são, junto com os estados de angústia, as alterações mentais mais prevalentes na população geral, e constituem um dos principais problemas de saúde pública.
 
Os transtornos depressivos devem ser distinguidos dos sentimentos transitórios de tristeza ou infelicidade que todo mundo pode sofrer durante sua vida em relação com fracassos pessoais, acontecimentos desagradáveis ou infelizes.
 
A depressão clínica é de maior severidade e duração do que estes episódios transitórios. Trata-se de uma tristeza profunda, encarnada no corpo, que o enfermo experimenta como algo que parte de suas próprias entranhas.
 
Os indivíduos afetados por uma enfermidade depressiva não se recuperam, apesar da passagem do tempo, e desenvolvem sintomas específicos que se manifestam em seus sentimentos, condutas e pensamentos.
 
A depressão se caracteriza por um estado de ânimo dominado pela tristeza e pelo desânimo. O deprimido se sente desesperançado, desanimado, descoroçoado, incapaz de desfrutar das coisas que o cercam. Perde o interesse pelo meio ambiente e fica difícil concentrar-se. Algumas vezes, o estado de ânimo predominante não é a tristeza, mas a disforia, mostrando-se os pacientes irritáveis, preocupados, temerosos, frustados e com sensação de desassossego interior.
 
Em casos extremos, alguns pacientes relatam uma incapacidade para reagir afetivamente com o meio ambiente, o que é chamado de “sentimento da falta de sentimentos”.
 
Com freqüência o paciente apresenta flutuações em seu estado de ânimo ao longo do dia. Nos casos mais manifestos desta ritmicidade, o paciente se levanta sentido-se muito deprimido, desesperançado e lento, para ao longo do dia ir melhorando em seu estado de ânimo.
 
A alteração do sono é comum dos quadros depressivos, sobretudo a insônia. Esta pode manifestar-se numa dificuldade em conciliar o sono ou num sono interrompido por vários despertares durante a noite.

Em um grande número de casos o enfermo deprimido apresenta uma diminuição do apetite e, embora não tão freqüentemente, perda de peso.
 
Outro sintoma característico da depressão é o cansaço, a dificuldade inclusive para realizar as tarefas mais simples, chegando alguns enfermos a descuidar de seu asseio pessoal.
 
• Esquizofrenia
A esquizofrenia é uma enfermidade relativamente freqüente que afeta mais ou menos 1% da população. Caracteriza-se principalmente pela desorganização mental a que dá lugar(de fato, o termo esquizofrenia significa divisão da capacidade mental) e cursa geralmente com várias manifestações ou episódios que voltam a se tornar agudos, que em alguns casos provocam um verdadeiro estrago mental.
 
A esquizofrenia é uma enfermidade de começo juvenil que, por sua tendência à cronicidade, produz um importante sofrimento tanto no paciente como em seus familiares. Constitui também um problema sanitário de grande envergadura, com importantes implicações econômicas.
Na verdade, a enfermidade não é fácil de definir, e hoje em dia se tende a falar de esquizofrenias, no plural, em vez de empregar o termo singular, o que expressa seu enfoque como um grupo heterogêneo de transtornos em relação com sua etiologia, manifestação clínica, prognósticos e resposta ao tratamento.
 
Para muitos especialistas a esquizofrenia pode consistir em uma só doença ou pode incluir muitas doenças com causas diferentes.
 
O indivíduo com esquizofrenia crônica(contínua ou recorrente) freqüentemente não recupera integralmente suas funções normais e necessita, em geral, de tratamento a longo prazo, o que inclui medicamentos para controlar sintomas.
 
CAUSAS DOS TRANSTORNOS MENTAIS ENTRE PROFESSORES
• Dentre as muitas causas dos transtornos mentais entre os professores podemos destacar os seguintes:
• Dificuldade financeiras (Falta de dinheiro, salário baixo, muitos filhos para manter);
• Dívidas contraídas (empréstimo, gatos imprevisto, etc);
• Doenças sérias entre parentes ou amigos, inclusive morte;
• Progresso insatisfatório dos alunos, que provoca o sentimento de inferioridade e impotência;
• Problemas de saúde (úlcera, etc);
• Vida de solteiro, sem a normais relações familiares, principalmente as afetividades;
• Problemas de disciplina (discussão com um aluno, falta de colaboração da classe);
• Crítica de um superior;
• Perda de posição;
• Vida de casado frustada, infeliz ( que muitas vezes leva a uma solução irreal, ao vício, etc)
• Questões religiosas (intolerância e pressões religiosas as vezes da liderança da escola, outras vezes dos alunos, outra vezes dos pais).
 
Conclusão
Para concluir o assunto deixamos claro que os professores mais do que nunca deve levar em consideração os conhecimentos da psicologia para melhor desempenhar suas atividades.
A psicologia não só pode se aplicada aos professores, como também aos alunos, visando o melhor desempenho do processo educacional.
 
Os professores jamais devem esquecer de cuidar de sua saúde mental, pois pior pode ser evitado.

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