sábado, 20 de setembro de 2014

DEPRESSÃO NA TERCEIRA IDADE


O envelhecimento da população é um fenômeno mundial, consequência dos grandes avanços ocorridos na medicina e da melhora da qualidade de vida.

É cada vez maior a porcentagem de idosos no planeta e, com isso, cresce a preocupação com a saúde desta população.

Quando o idoso torna-se dependente, quer por razões financeiras, quer por motivo de saúde, geralmente passa a morar com algum membro de sua família.

Este convívio pode ser bastante desgastante, para ambas as partes, se não forem tomadas uma série de precauções.

A diferença da depressão do idoso para outras pessoas de faixa etária diferente
A diferença da depressão no idoso com relação aos indivíduos de outras faixas etárias é que este já sofreu, naturalmente, uma redução em seu convívio social.

A porta de entrada da depressão em idosos
Se aliado a isto não se sentir importante e não puder participar do dia-a-dia dos familiares próximos, ficará desestimulado e acabará se isolando por iniciativa própria.

A partir daí, irá se alimentar menos, movimentar-se menos e ficar mais sonolento.

Está aberta uma porta para doenças como desnutrição, processos infecciosos, desidratação ou deterioração orgânica e muscular, que acabam acelerando o envelhecimento.

Fatores da depressão na terceira idade
Os fatores etiológicos da depressão no idoso podem ser divididos em biológicos e psicossociais.

O primeiro refere-se à perda neuronal e diminuição de neurotransmissores; o genético; a doença física e as medicações.

Já os fatores psicossociais caracterizam-se pela diminuição de renda, as modificações no papel social, o luto/perdas e a doença física incapacitante e ou/dolorosa.

Frequentemente são atribuídos os acontecimentos estressantes e negativos, como por exemplo, a morte de uma pessoa querida ou doenças e efeitos colaterais de medicações, as principais causas da depressão na velhice.

Doenças e efeitos colaterais também podem causar ou exacerbar a depressão.

Já é comprovada a incidência de depressão aumenta significativamente após a morte de um cônjuge, tornando desafio mais difícil que as pessoas enfrentam na terceira idade.

Dizem os especialistas que este é um dos dez acontecimentos mais estressantes na vida que podem levar a depressão.

As particularidades da depressão do idoso são queixas somáticas como, dores crônicas, distúrbios do sono e apetite.

Dentre os sintomas psicológicos, o mais frequente é a anedonia, que é a perda da capacidade de sentir prazer e déficits cognitivos, particularmente de memória.

 A depressão em idosos é um importante fator para piora da qualidade de vida destes indivíduos, especialmente para os que permanecem não diagnosticados e sem tratamento.

Além disso em idosos a depressão desencadeia ou mesmo agrava as doenças preexistentes e deixa muitos em risco de suicídio duas vezes maior do que os não deprimidos.

Outro fato importante a depressão em idosos pode estar associada a algum problema físico, doença ou incapacitação, o que dificulta o seu diagnóstico menos e faz com que alguns médicos afirmem que a depressão é menos comum na terceira idade.

Por isso é importante que tanto familiares quanto médicos estejam atentos à depressão nos idosos, que apresentam entre os principais sintomas a falta de disposição e tristeza, entre outros sintomas físicos e psicológicos.

Sintomas da depressão
Além do humor triste, a depressão apresenta inúmeros sintomas cognitivos, comportamentais, físicos e emocionais.

Vejamos alguns sintomas psicológicos e físicos mais frequentes em pessoas depressivas, descrevendo os psicológicos em:

Baixo-astral, definido como um sentimento persistente de tristeza, vazio, perda e apreensão, acompanhado de uma tendência a chorar mais frequentemente por qualquer aborrecimento ou até mesmo sem se ter um motivo.

Na depressão grave ou moderada, muitas vezes é mais acentuado pela manhã, melhorando um pouco ao longo do dia, embora ainda esteja presente, o que é chamado de variação diurna.

Nos casos menos graves pode ser pior a noite do que pela manhã, podendo o depressivo passar bem o dia.

Ansiedade pode tornar-se o maior sintoma da depressão.

Nas pessoas deprimidas, essa sensação pode durar meses.

Algumas pessoas acordam de manhã num estado de grande ansiedade, porque temem o decorrer do dia.

Embotamento Emocional, este é um dos mais cruciais sintomas da depressão.

As pessoas gravemente deprimidas, frequentemente sentem-se como se tivessem perdido seus sentimentos, não conseguindo nem chorar. Sentem-se às vezes distante e indiferente em relação às pessoas mais próximas.

Pensamento depressivo, a pessoa depressiva enxerga o mundo sempre por um lado negativo.
Sente muita culpa por tudo, esquece-se das coisas boas que já fizeram, relembrando e intensificando as coisas más.

Estes tipos de pensamentos negativos destroem a pessoa aos poucos, deixando-a mais deprimida ou ansiosa, formando-se um círculo vicioso.

Concentração e problemas de memória, a pessoa sente dificuldade em se concentrar, se consome por preocupações e pensamentos depressivos tornando-se difícil pensar em qualquer outra coisa.

Os problemas com a concentração podem levar á indecisão e falta de atenção, deixando a pessoa confusa e desorganizada.

Delírios e alucinações, a pessoa deprimida tem um pensamento distorcido que se perde da realidade.
 
Os delírios ou convicção falsa, considerada inabalável pela pessoa que o tem, podem ocorrer na depressão grave, refletindo e reforçando o humor depressivo.

Muitas pessoas deprimidas pensam no suicídio, mesmo que seja um pensamento passageiro.

Quando a pessoa se encontra num estágio profundo de depressão, o passado lhe parece horrível e cheios de erros, o presente terrível e temem o futuro chega à conclusão de que não vela a pena continuar vivendo, que todos ficariam melhores sem ela, e sendo assim, devem tirar suas próprias vidas.

A pessoa deprimida pode apresentar também alguns sintomas físicos como problemas de sono, lentidão mental e física, perda de apetite.

Algumas pessoas no lugar dos sintomas comuns a depressão desenvolvem sintomas físicos reversos como dormirem demais, ter um apetite maior e ganhar peso.

Uma pessoa deprimida tem alterações em cinco aspectos de sua vida, que devem ser avaliados antes de um diagnóstico, são os pensamentos, estados de humor, comportamentos, reações físicas e ambientais.

Áreas atingidas
Estas cinco áreas estão interligadas e cada aspecto diferente da vida de uma pessoa influencia todos os outros.

Os pacientes depressivos apresentam sintomas afetivos, como tristeza, e alguns experimentam períodos oscilantes de melancolia, enquanto outros são incapacitados pela severidade do afeto, além de raiva, distração, humor deprimido, disforia, crises de choro, sentimentos de culpa, vergonha, ansiedade.

Sintomas motivacionais como perda de motivação positiva e aumento de desejos de evitação, aumento de dependência.

Sintomas cognitivos como a indecisão, visão dos problemas como avassaladores, autocrítica, pensamento absolutista (tudo-ou-nada), dificuldades de concentração e memória.

Sintomas comportamentais como passividade, evitação e inércia, déficits em habilidades sociais e sintomas fisiológicos como distúrbio do sono e distúrbios do apetite e sexuais.

O luto e a depressão
Não existe luto sem depressão, porém, esse estado de depressão pode agravar-se em certas pessoas.
 
Um sinal deste agravamento pode ser quando a comida e a bebida são recusadas, assim como quando pensamentos de suicídio aparecem.

Noites insones podem continuar por muito tempo e tornar-se um problema sério.

Se a depressão continua por muito tempo, fugindo à norma da fisiologia do luto normal, pode haver necessidade de tratamento médico à base de antidepressivos e psicoterapia por algum tempo.

As fases do luto
Existem quatro fases do luto, que são a fase de entorpecimento, que geralmente dura de algumas horas a uma semana e pode ser interrompida por explosões de aflição e/ou raiva extremamente intensas.

A reação imediata a notícia da morte de um cônjuge, pode variar muito. Mas, no geral, todos sentem-se chocados e não querem aceitar a notícia.

A fase de anseio e busca da figura perdida, que duram meses e por vezes anos. Alguns dias após a perda a viúva (o), começa a compreender a realidade e isso leva a crises de desanimo intenso com grande inquietação, insônia entre outros sintomas.

A fase de desorganização e desespero, para que o luto tenha um resultado favorável, é necessário que a pessoa enlutada suporte essas oscilações de emoção. Sendo necessário superar velhos padrões de pensamento, sentimento e ação para poder modelar outros novos.

E por último a fase de reorganização, onde a viúva (o) reorganiza sua vida de acordo com sua nova realidade. Pode ser que tenha que fazer coisas que antes não fazia, como, cozinhar, limpar casa, pode-se avaliar a hipótese de um novo casamento, embora a maioria rejeite essa idéia.

O luto é uma coisa natural, mas que varia de pessoa para pessoa, e se não for trabalhado, pode converter-se em depressão.

Capitão; Santos (2009) afirmam que quando o processo de luto se complica, temos um sofrer depressivo, que necessita de cuidados médicos, psicológicos e apoio social.

Tratamento
A depressão quase sempre pode ser curada.

Algumas abordagens terapêuticas que se mostram eficazes na redução da depressão são: a reestruturação cognitiva, a medicação, a melhora das relações interpessoais e o planejamento de atividades.

A pessoa depressiva apresenta uma tríade cognitiva de pensamentos negativos.

O primeiro componente da tríade gira em torno da visão negativa que o paciente tem de si mesmo.
 
Ele se vê como defeituoso e inadequado acreditando que devido aos seus supostos defeitos ele é indesejável e sem valor.

O segundo componente da tríade cognitiva consiste na tendência da pessoa deprimida interpretar suas experiências atuais de forma negativa. Ele vê o mundo de forma negativa, fazendo exigências exorbitantes sobre ele e apresentando-lhes obstáculos insuperáveis para tingir suas metas.

O terceiro componente da tríade cognitiva consiste em uma visão negativa em relação ao futuro.

Quando a pessoa deprimida faz projeções a longo prazo, ela antecipa que seu sofrimento ou dificuldades atuais continuarão.

Os pensamentos ajudam a definir os estados de humor que experimentamos e influenciam o modo como nos comportamos, o que escolhemos fazer e não fazer e a qualidade de nosso desempenho.

Os pensamentos e as crenças afetam nossas respostas biológicas.

Enquanto as mudanças no pensamento são, na maioria das vezes fundamentais, muitos problemas também exigem mudanças no comportamento, no funcionamento físico e no meio.

Segundo Powell et al. (2008), Beck, observou que humor e comportamentos negativos eram usualmente resultados de pensamentos e crenças distorcidas.

A Terapia Cognitivo-Comportamental da depressão é um processo de tratamento que ajuda os pacientes a modificarem crenças e comportamentos que produzem certos estados de humor.

Quando o indivíduo apresenta uma depressão intensa ou duradoura, com sintomas fisiológicos, pode ser que seja indicado o uso de medicação, para isso, é necessário que procure um médico psiquiatra.

Aproximadamente a cada três pessoas deprimidas, duas podem ser ajudadas, por medicação antidepressiva.

Uma pessoa depressiva tem a produção cerebral de serotonina e/ou noradrenalina, substâncias químicas naturais do cérebro que afetam o pensamento e o humor, encontram-se diminuídas.

As medicações antidepressivas ajudam a aumentar os níveis dessas substâncias, restabelecendo ao cérebro um estado mais saudável, não deprimido, de equilíbrio da serotonina e noradrenalina.
 
Cuidados que podem ajudar
Por este motivo, as pessoas que cuidam ou convivem com um idoso precisam ter atenção a atitudes que podem comprometer o relacionamento, além de abrir portas para doenças como a depressão.

Uma dica importante é inserir o idoso na rotina da casa, perguntando o que ele quer comer, pedindo a sua opinião sobre determinado programa de televisão, ou até mesmo qual passeio gostaria de fazer no fim de semana.

É necessário, também, estar atento a outros indicativos, especialmente se o idoso mora sozinho e não ocorre contato diário com ele.

A depressão torna o indivíduo mais descuidado com sua higiene e aparência.

É importante notar, nos encontros, se as roupas parecem trocadas diariamente, se os cabelos estão arrumados e se os banhos acontecem diariamente.

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