sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

MEMÓRIA: CAUSAS DA PERDA E COMO CONSERVÁ-LA MELHOR


O que é memória?

A memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar (evocar) informações disponíveis, seja internamente, no cérebro(memória biológica), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial).

A memória é o armazenamento de informações e fatos obtidos através de experiências ouvidas ou vividas. 

Como acontece?

Explicando de maneira simples, a memória focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade. 

É um processo que conecta pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas ideias, ajudando a tomar decisões diárias.

Como os profissionais dividem a memória?
Os neurocientistas (psiquiatras, psicólogos e neurologistas) distinguem memória declarativa de memória não-declarativa. 

  • A memória declarativa

Em grosso modo, armazena o saber que algo se deu.

  • A memória não-declarativa(de longo prazo)

É como isto se deu.

A memória declarativa, ou de longo prazo como o nome sugere, é aquela que pode ser declarada (fatos, nomes, acontecimentos, etc.) e é mais facilmente adquirida, mas também mais rapidamente esquecida. 

  • Memória explicita

Para abranger os outros animais (que não falam e logo não declaram, mas obviamente lembram), essa memória também é chamada explícita. 

A memória explicita chegam ao nível consciente. Esse sistema de memória está associado com estruturas no lobo temporal medial (ex: hipocampo, amígdala).

Para os psicólogos

Psicólogos distinguem dois tipos de memória declarativa, a memória episódica e a memória semântica. 

Memória episódica
São instâncias da memória episódica as lembranças de acontecimentos específicos. 

Memória semântica
São instâncias da memória semântica as lembranças de aspectos gerais.

Memória não-declarativa
Já a memória não-declarativa, também chamada de implícita ou procedural, inclui procedimentos motores (como andar de bicicleta, desenhar com precisão ou quando nos distraímos e vamos no "piloto automático" quando dirigimos). 

Essa memória depende dos gânglios basais (incluindo o corpo estriado) e não atinge o nível de consciência. Ela em geral requer mais tempo para ser adquirida, mas é bastante duradoura.

A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA
Memória, segundo diversos estudiosos, é a base do conhecimento. Como tal, deve ser trabalhada e estimulada. É através dela que damos significado ao cotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida.

TIPOS DE MEMÓRIA
Memória declarativa
É a capacidade de verbalizar um fato. 

Classifica-se por sua vez em:
Memória imediata. 
É a memória que dura de frações a poucos segundos. Um exemplo é a capacidade de repetir imediatamente um número de telefone que é dito. Estes fatos são após um tempo completamente esquecidos, não deixando "traços".

Memória de curto prazo. 
É a memória com duração de alguns segundos ou minutos.

Neste caso existe a formação de traços de memória. O período para a formação destes traços chama - se "Período de consolidação. 

Um exemplo desta memória é a capacidade de lembrar eventos recentes que aconteceram nos últimos minutos.

Memória de longo prazo. 
É a memória com duração de dias, meses e anos. 

Um exemplo são as memórias do nome e idade de alguém quando se reencontra essa pessoa alguns dias depois. 

Como engloba um tempo muito grande pode ser diferenciada em alguns textos como memória de longuíssimo prazo quando envolve memória de muitos anos atrás.

Memória de procedimentos. É a capacidade de reter e processar informações que não podem ser verbalizadas, como tocar um instrumento ou andar de bicicleta. Ela é mais estável, mais difícil de ser perdida.

ANATÔMIA DA MEMÓRIA
Hoje é possível afirmar que a memória não possui um único locus, ou melhor, local fixo.

Diferentes estruturas cerebrais estão envolvidas na aquisição, armazenamento e evocação das diversas informações adquiridas por aprendizagem.


  • Memória de curto prazo

Depende do sistema límbico, envolvido nos processos de retenção e consolidação de informações novas.

Hoje em dia também se supõe que a consolidação temporária da informação envolve estruturas como o hipocampo, a amígdala, o córtex entorrinal e o giro para-hipocampal, sendo depois transferida para as áreas de associação do neocórtex parietal e temporal. 

As vias que chegam e que saem do hipocampo também são importantes para o estudo da anatomia da memória. Inputs (que chegam) são constituídos pela via fímbria-fórnix ou pela via perfurante. Importantes projecções de CA1 para os córtices subiculares adjacentes fazem parte dos outputs (que saem) do hipocampo. 

Existem também duas vias hipocampais responsáveis por interconexões do próprio sistema límbico, como o Circuito de Papez (hipocampo, fórnix, corpos mamilares, giro do cíngulo, giro para-hipocampal e amígdala), e a segunda via projeta-se de áreas corticais de associação, por meio do giro do cíngulo e do córtex entorrinal, para o hipocampo que, por sua vez, projeta-se através do núcleo septal e do núcleo talâmico medial para o córtex pré-frontal, havendo então o armazenamento de informações que reverberam no circuito ainda por algum tempo.

  • Memória de trabalho

Compreende um sistema de controle de atenção (executiva central), auxiliado por dois sistemas de suporte (Alça Fonológica e Bloco de Notas Visuoespacial) que ajudam no armazenamento temporário e na manipulação das informações. 

O executivo central tem capacidade limitada e função de selecionar estratégias e planos, tendo sua atividade relacionada ao funcionamento do lobo frontal, que supervisiona as informações. 

Também o cerebelo está envolvido no processamento da memória operacional, atuando na catalogação e manutenção das sequências de eventos, o que é necessário em situações que requerem o ordenamento temporal de informações. 

O sistema de suporte vísuo-espacial tem um componente visual, relacionado à região occipital e um componente espacial, relacionado a regiões do lobo parietal. 

Já no sistema fonológico, a articulação subvocal auxilia na manutenção da informação; lesões nos giros supramarginal e angular do hemisfério esquerdo geram dificuldades na memória verbal auditiva de curta duração. Esse sistema está relacionado à aquisição de linguagem.

  • Memória de longo prazo

Memória explícita:
Depende de estruturas do lobo temporal medial (incluindo o hipocampo, o córtex entorrinal e o córtex para-hipocampal) e do diencéfalo. 

Além disso, o septo e os feixes de fibras que chegam do prosencéfalo basal ao hipocampo também parecem ter importantes funções. Embora tanto a memória episódica como a semântica dependam de estruturas do lobo temporal medial, é importante destacar a relação dessas estruturas com outras.

Por exemplo, pacientes idosos com disfunção dos lobos frontais têm mais dificuldades para a memória episódica do que para a memória semântica. Já lesões no lobo parietal esquerdo apresentam prejuízos na memória semântica.

Memória implícita:
A aprendizagem de habilidades motoras depende de aferências corticais de áreas sensoriais de associação para o corpo estriado ou para os núcleos da base. 

Os núcleos caudado e putâmen recebem projecções corticais e enviam-nas para o globo pálido e outras estruturas do sistema extra-piramidal, constituindo uma conexão entre estímulo e resposta. 

O condicionamento das respostas da musculatura esquelética depende do cerebelo, enquanto o condicionamento das respostas emocionais depende da amígdala. 

Já foram descritas alterações no fluxo sanguíneo, aumentando o do cerebelo e reduzindo o do estriado no início do processo de aquisição de uma habilidade. Já ao longo desse processo, o fluxo do estriado é que foi aumentado. 

O neo-estriado e o cerebelo estão envolvidos na aquisição e no planeamento das acções, constituindo, então, através de conexões entre o cerebelo e o tálamo e entre o cerebelo e os lobos frontais, elos entre o sistema implícito e o explícito.

ALGUMAS CAUSAS QUE LEVAM A PERDA DE MEMÓRIA

Os problemas de memória normalmente estão relacionados com o envelhecimento normal do organismo. 

Entretanto, há situações que interferem no funcionamento da memória, mas não são consideradas doenças, como cansaço, insônia, estresse etc. 

Além disso, há doenças que podem afetar a memória porque alteram indiretamente ou diretamente o funcionamento do cérebro.

Amnésia
Amnésia é a perda parcial ou total da capacidade de reter e evocar informações.

Qualquer processo que prejudique a formação de uma memória a curto prazo ou a sua fixação em memória a longo prazo pode resultar em amnésia.

As amnésias podem ser classificadas:

Amnésia orgânica
Causada por distúrbios no funcionamento das células nervosas, através de alterações químicas, traumatismos ou transformações degenerativas que interferem nos processos associativos acarretando uma diminuição na capacidade de registrar e reter informações.

Amnésia psicogênica
Resultante de fatores psicológicos que inibem a recordação de certos fatos ou experiências vividas. 

Em linhas gerais, a amnésia psicogênica atua para reprimir da consciência experiências que causam sofrimento, deixando a memória para informações neutras intacta. 

Neste caso, pode-se afirmar que a pessoa decide inconscientemente esquecer o que a fazer sofrer ou reviver um sofrimento. Em casos severos, quando as lembranças são intoleráveis, o indivíduo pode vivenciar a perda da memória tanto de fatos passados quanto da sua própria identidade.

As amnésias podem ainda ser divididas em termos cronológicos, em amnésia retrógrada e amnésia anterógrada. 

A amnésia retrógrada é a incapacidade de recordar os acontecimentos ocorridos antes do surgimento do problema, enquanto a amnésia anterógrada é à incapacidade de armazenar novas informações a longo prazo .

A depressão é a causa mais comum, porém a menos grave. 

Doença de Alzheimer
Uma porção significativa da população acima dos 50 anos sofre de alguma forma de demência. 

A mais comum é a doença de Alzheimer, na qual predomina a perda gradativa da memória, pois ocorrem lesões inicialmente nas áreas cerebrais responsáveis pela memória declarativa, seguidas de outras partes do cérebro.

Doenças que podem causar perda memória
A doença de Parkinson, nos estágios mais severos, o alcoolismo grave, uso abusivo da cocaína ou de outras drogas, lesões vasculares do cérebro (derrames), o traumatismo craniano repetido e outras doenças mais raras também causam quadros de perda de memória.

Doenças que afetam diretamente o cérebro
Já entre as doenças que afetam diretamente o funcionamento do cérebro ocasionando problemas de memória estão o mal de Alzheimer, a demência vascular, a demência frontotemporal, mal de Parkinson e esclerose múltipla, entre outras.

Entre as que afetam indiretamente o funcionamento do cérebro estão a hipertensão arterial, diabetes, doenças cardíacas, doenças da tireoide, doenças respiratórias e doenças oncológicas. 

Elas interferem principalmente nos mecanismos de nutrição e eliminação de metabólitos do cérebro.

COMO PREVENIR ESSAS DOENÇAS LIGADAS A MEMÓRIA

Exercite o cérebro 
Especialistas acreditam que a educação pode ajudar a manter a memória forte por levar as pessoas para o hábito de ser mentalmente ativo. Ler e estudar são ótimas opções para manter o cérebro sempre funcionando.

Faça exercícios físicos
A aptidão física e aptidão mental andam juntos. As pessoas que fazem exercício regular também tendem a ficar mentalmente afiadas em seus 70 ou 80 anos. Fazer algum esporte aumenta o número de neurônios no hipocampo, região responsável pelo processamento das memórias.

Controle o diabetes 
Se você tem diabetes, procure controlá-lo. Se não tem o problema, cuide para não aparecer. 

Pesquisas constataram que a resistência à insulina diminui a energia para se manter ativo e isso pode deixar os neurônios fracos, o que resulta no esquecimento.

Não fume
A utilização constante de tabaco afeta a forma como os dados são armazenados no cérebro, além de deixar o usuário mais propenso a desenvolver problemas circulatórios, o que também podem afetar o cérebro.

Mantenha uma dieta saudável 
Uma dieta saudável rica em frutas e vegetais, bem como gorduras saudáveis de peixes, nozes e grãos integrais é vital na manutenção da saúde. 

Além disso, frutas e vegetais são boas fontes de antioxidantes, nutrientes que podem proteger contra doenças e deterioração relacionadas à idade.

Controle a pressão arterial 
A pressão descontrolada altera o fluxo sanguíneo no cérebro, podendo afetá-lo. Sem a oxigenação correta, a possibilidade de esquecer as coisas aumenta.

Tenha uma boa noite de sono 
O sono é essencial para a consolidação da memória, bem como para a saúde em geral. Embora as pessoas variem muito em suas necessidades de sono individuais, pesquisas sugerem que seis a oito horas de sono por noite são ideais. 

Talvez ainda mais importante do que a quantidade de sono é a qualidade do sono.

Cultive o apoio social 
De acordo com o estudo MacArthur sobre o envelhecimento e outras pesquisas, manter laços estreitos com outras pessoas pode melhorar o desempenho mental dos idosos. 

O apoio social pode vir de amigos, parentes ou cuidadores, mas para ser verdadeiramente solidário, deve fazer as pessoas se sentirem bem consigo mesmas.

Considere tomar vitaminas 
Um estudo descobriu que as vitaminas C e E podem proteger contra algumas formas de demência e constatou que a taxa de demência foi menor entre os homens que tinham tomado as vitaminas C e E. 

Isso sugere que o uso no longo prazo é importante para ajudar a preservar a função mental na velhice. 

Avalie a possibilidade com o seu médico antes de tomá-las.

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