segunda-feira, 18 de abril de 2016

ESCOTOFOBIA, O MEDO DO ESCURO: SINTOMAS, CAUSAS E TRATAMENTO


O QUE É O MEDO 
O medo é uma reação involuntária cuja função adaptativa é a sobrevivência. Se não sentíssemos medo, acabaríamos nos expondo a fontes de perigo. 

ESCOTOFOBIA
A escotofobia é o medo irracional à escuridão. 

Nos indivíduos que possuem certo controle sobre essa fobia, o medo só se manifesta após um certo período de tempo na escuridão, em geral, de 15 a 20 minutos, já os mais sensíveis à essa fobia (ou seja, menos controle sobre a fobia) entram em um surto psicótico no qual começam a ter alucinações, tais como, comumente, visualizações de seres sobrenaturais, ficcionais; também ouvem sons em que consideram estranhos e anormais. 

A fobia, muitas vezes, pode causar insônia no indivíduo, por causa do seu medo do escuro durante a noite. 

Ela só se mostra nítida(dependendo do grau de maturidade do indivíduo) entre os 12 a 14 anos, em que a mentalidade da criança estará mais voltada a vida real e não mais aos personagens e histórias ficcionais, sendo assim, se a criança ou adolescente ainda mostrar um medo à escuridão já poderá ser classificada como uma pessoa escotofóbica.

Várias terminologias não clínicas são usados para descrever essa fobia, a saber: Nictofobia, Escotofobia, Ligofobia, bem como Acluofobia.

OS SINTOMAS DA ESCOTOFOBIA
Os sintomas da Escotofobia são:

Crianças em idade pré-escolar podem recorrer a chupar o dedo, ou fazer xixi na cama devido ao seu medo de noite ou fobia de escuridão.

Elas podem tornar-se pegajosas e se recusarem a dormir sem uma lâmpada, ou insistirem em dormir com um adulto / companheiro.

Muitas vezes, o sono e os hábitos alimentares de crianças e adultos podem mudar devido ao medo da escuridão. Eles podem experimentar sintomas físicos na forma de:
Dores;
Respiração rápida e superficial;
Palpitações cardíacas;
Tremores;
Dores no peito ou sensação de asfixia;
Náuseas e outros problemas gastrointestinais;
Choro;
Gritos;
Redução do apetite ou, inversamente, excessos / compulsão alimentar.

Os sintomas psicológicos do medo da escuridão incluem:
Pensamentos de morte, sensação de estar morrendo, muitas vezes associada a Tanatofobia (medo da morte).

O medo de ser atacado por “bichos papões ‘, fantasmas e monstros; Olhar debaixo da cama ou em guarda-roupas.
Recusar-se a dormir sozinho ou recusar-se a sair de casa depois do anoitecer. Tentar ficar acordada a noite toda, acordando várias vezes.

Sentir medo pode levar a pessoa a sentir-se em estado de fuga com o pensamento de enfrentar a escuridão.

A Escotofobia pode afetar a qualidade do sono. Isto pode conduzir ao stress. Adultos podem começar a mostrar falta de produtividade no trabalho. 

Assim, depressão e outros distúrbios mentais e físicos são comuns em indivíduos com medo do escuro. 

Todos estes casos podem impactar negativamente a sua qualidade de vida.

Esses sintomas podem também se apresentar em pessoas adultas, não importando a idade.

O MEDO DO ESCURO E SUA ORIGEM
A Escotofobia, geralmente, é originada de um trauma que ocorreu em algum momento na vida (geralmente na infância) do indivíduo escotofóbico.

Alguns aspectos do ambiente adquiriram valor aversivo ao longo da evolução, o escuro é um deles. 

Ele próprio não representa um perigo em si mas está associado à presença de ameaças reais. É algo como um condicionamento genético.

Na verdade, o ambiente selecionou ao longo de milhares de anos o medo inato do escuro. 

Aqueles indivíduos que tinham medo do escuro sobreviviam e aqueles que não tinham morriam. 

Estamos falando de cerca de 10 000 anos atrás, quando a espécie humana era presa para alguns predadores que vinham da escuridão, como leões, hienas e leopardos. 

Não podemos esquecer que o mundo era um ambiente sem luz após o pôr do Sol. Ou seja, permanecer desprotegido durante a noite significava maior chance de ser morto por um caçador noturno. 

A partir do estudo de fósseis, estima-se que entre 6 e 10% da população humana à época foi predada. 

Com o controle do fogo, a espécie humana ficou menos vulnerável à escuridão.

Além de predadores noturnos, sempre tivemos de enfrentar também ameaças diurnas. 

POR QUE, ENTÃO, O ESCURO É ESPECIALMENTE ATERRORIZANTE? 
Uma explicação complementar se dá no fato de que a visão se mostra nossa principal modalidade sensorial, ou seja, a visão é nosso principal canal de contato com o ambiente. 

Embora nossa capacidade de manipulação do ambiente possa compensar a ausência de visão por meio da tecnologia, ela é filogeneticamente privilegiada em nossa composição.

E não existe visão sem luz. Isso quer dizer que o escuro bloqueia nossa capacidade sensorial mais importante. 

Então ficamos mais vulneráveis na ausência dela. 

Aqui está, portanto, mais uma razão porque o ambiente selecionou ao longo de muitas gerações indivíduos e genes associados ao medo do escuro.

Com base no bloqueio da visão e no risco de ataques por predadores noturnos, a primeira explicação para nosso medo do escuro é a seleção natural, estabelecendo assim um determinante inato. 

REFORÇO CULTURAL PARA A VALORIZAÇÃO DO MEDO
Mas isso não é suficiente para entender nossa explicação nossa aversão pelo escuro.

O humano tem uma complexa estrutura de vida social que, ao longo de milênios, transformou características biológicas em códigos morais, hábitos, crenças e rituais. 

O medo inato do escuro é reforçado culturalmente através de crenças diversas que vinculam a escuridão com o demônio, com criaturas monstruosas ou, de modo genérico, com o próprio mal.

Então o medo do escuro é uma característica inata fortalecida culturalmente, de modo que qualquer pessoa tem ao menos duas boas razões para tê-lo. Mas há ainda uma última razão, que é a história de vida de cada um. 

O MEDO DE ESCURO PATOLÓGICO - ESCOTOFOBIA

Quem passou por experiências ruins com o escuro durante a infância certamente tende a desenvolver um medo patológico em relação a ele (escotofobia). 

Ele se torna um problema porque atrapalha a vida da pessoa, já que produz quadros de insônia, crises de ansiedade e stress (principalmente em situações de escuro inesperado), além de atrapalhar ou inviabilizar ações cotidianas (teatro, acampamento etc.).

COMO SUPERAR O MEDO DO ESCURO
A estratégia adequada para superar a escotofobia é a técnica da dessensibilização sistemática, que é a exposição gradual à fonte de medo, nesse caso o escuro. 

A primeira etapa é entrar em contato com informações sobre o escuro, como ler este texto. 

Depois deve-se ampliar a experiência com o escuro de forma cada vez mais intensa, identificando os contextos nos quais o medo se mostra mais significativo. 

Por exemplo, quem dorme com a luz acesa (o que é péssimo para o cérebro) por conta da escotofobia deve diminuir gradualmente a claridade a cada dia, seja com um potenciômetro no interruptor, seja trocando a lâmpada por uma mais fraca ou usando um abajur. 

O importante é sempre seguir na direção planejada, mais rapidamente ou mais lentamente…mas sempre na mesma direção.

Outra forma de conduzir a dessensibilização sistemática ao escuro é desligar a luz durante a noite por poucos segundos e, a cada repetição da experiência, manter as luzes apagadas por um tempo ligeiramente maior. 

O processo gradual garante que cada enfrentamento ocorra na magnitude certa e que o cérebro possa aprender uma nova memória sobre o escuro, se não agradável, ao menos neutra. 

Como a memória de medo envolve vias primitivas do cérebro, ela se estabelece rapidamente mas demora para ser desfeita. Então o aumento gradual do tempo de exposição ao escuro permite que a consciência esteja sempre no controle da situação, evitando assim que a ansiedade inunde o momento.

A ideia nunca deve ser eliminar o medo por completo, tanto porque é impossível quanto porque ele é útil, mas sim mantê-lo em níveis saudáveis.

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