Automutilação
ou Self
Cutting que é inglês que dizer cortando a si mesmo é qualquer
comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem
intenção consciente de suicídio.
Simplificando,
é o processo pelo qual o sujeito faz um corte intencional na pele, no intuito
de ferir-se e deixar uma cicatriz no corpo.
As
formas mais frequentes de automutilação são cortar a própria pele, bater em si
mesmo arranhar-se ou queimar-se.
A
automutilação é comum entre jovens e adolescentes que sofrem pressão
psicológica.
Em
psicanálise o self cutting é conhecida como um transbordamento pulsional no corpo.
DEFINIÇÃO
Automutilação
refere-se a comportamentos onde demonstráveis feridas são autoinfligidas.
A
maioria das pessoas que se automutilam estão bastante conscientes de suas
feridas e cicatrizes e tomam atitudes extremas para escondê-las dos outros.
Eles
podem oferecer explicações alternativas para suas feridas, ou tapar suas
cicatrizes com roupas.
A
pessoa que se automutila não está, usualmente, querendo interromper sua própria
vida, mas sim usando esse comportamento como um modo de cooperação para aliviar
dor emocional e desconforto.
PERFIL DO
AUTOMUTILADOR
O
automutilador tende a ter grandes dificuldades para se expressar verbal ou
emocionalmente, portanto, não consegue falar publicamente sobre suas angústias
nem chorar diante de outras pessoas.
Essa dificuldade de expressão acaba, em
muitos casos, sendo um forte fator que desencadeia o comportamento
automutilador.
Alguns
indivíduos afirmam que escrever (textos, poemas, contos, músicas, etc.) lhes
parece de grande ajuda, como uma forma de expressar suas emoções, o que não
conseguem fazer de outras formas. Desse modo, a necessidade de se automutilar
diminui significativamente.
Não
possui amor próprio e usualmente define a si mesmo como sendo "um lixo
humano, uma criatura insuficiente e fracassada, que não tem direito de conviver
com os demais".
Desse
modo, alguns tendem a se afastar da família e dos amigos, buscando poupá-los do
mal que presumem ser a sua presença. Com o tempo, se veem executando sozinhos
atividades que costumavam fazer em grupo.
Geralmente
afirmam automutilar-se com a intenção de interromper uma dor emocional muito
forte.
A
maioria alega se tratar "de uma espécie de troca, da dor emocional pela
dor física". Além disso, vários automutiladores se ferem também como uma
forma de punição, por se sentirem insuficientes e fracassados. Todos eles
descrevem o desejo automutilador como algo incontrolável, como um vício do
qual, ainda que queiram, não conseguem se libertar.
Logo
após uma crise, em que o automutilador fere o próprio corpo ou apresenta
qualquer outro comportamento autoagressivo, o sentimento que permanece é,
geralmente, de culpabilidade. O indivíduo geralmente chora muito e a sensação
de fracasso é extrema.
Possui
extrema dificuldade em falar sobre si mesmo, principalmente sobre a doença,
pois tem medo de não ser aceito, julgado ou incompreendido, pois a grande
maioria das pessoas que não passam pelo mesmo não compreendem este
comportamento e/ou a sua origem.
Constantemente
se descobre buscando feridas ou cicatrizes nos pulsos de outras pessoas, talvez
como uma forma de não sentir-se tão só ou de tentar ajudar essa pessoa, pois
sabe o quão mau é não ter ninguém que o ajude e compreenda.
Alguns
abandonam qualquer tipo de atividade em que seja necessária a exibição do
corpo, como ir à praia ou a um clube, para que suas feridas e cicatrizes
permaneçam ocultas e, desse modo, não tenham que falar sobre o problema nem
corram o risco de serem impedidos da prática.
Não
possui qualquer expectativa com relação ao futuro, pois se considera incapaz de
alcançar qualquer coisa realmente boa - razão pela qual se surpreende muito
quando alcança grandes feitos, como passar no vestibular ou conquistar o amor
incondicional de alguém que lhes interesse.
Ainda
que acontecimentos do gênero lhes sejam de grande benefício, não são o bastante
para que abandone as práticas autoagressivas, o que faz com que retorne à mesma
falta de expectativas a respeito da vida.
Quando
o indivíduo consegue superar a doença, o primeiro problema com que se depara é
a sensação de vazio.
Muitos
ex-automutiladores afirmam que se tornaram incapazes de qualquer sentimento
comum ao ser humano, como ódio, raiva, indignação, medo, insegurança, alegria,
amor, etc. Sentem-se apáticos e desinteressados com relação a qualquer assunto
que os rodeie.
Ainda
que tenha alguma recaída, o ex-automutilador tende a sentir cada vez menos
falta do comportamento autoagressivo e com o tempo, o abandona completamente.
Embora
os automutiladores acreditem que sua prática faz com que passe a dor emocional
(ex. ódio, raiva, medo, culpa, etc.), essa é uma impressão falsa.
O
que ocorre é que a dor emocional é suplantada momentaneamente pela dor física.
Quando perguntadas por familiares ou amigos, muitas pessoas respondem não saber
por que fazem isso.
Os
automutiladores, no geral, sentem compaixão por outras pessoas na mesma
situação e tentam ajuda-las, muitas vezes querendo que outros parem com este
comportamento mesmo que o pratiquem também.
FORMAS DE
MUTILAÇÃO
Uma
forma comum de Automutilação envolve fazer cortes na pele dos braços (comumente
o pulso esquerdo), pernas, abdômen, coxas, etc. O número de métodos
automutilantes se restringe à criatividade do indivíduo. Os locais de lesão
são, geralmente, áreas escondidas de uma possível detecção por outras pessoas.
Exemplos
de formas de automutilação:
·
Esmurrar-se,
chicotear-se
·
Cortar-se
com giletes,navalhas,vidros,facas ou pontas de apontador
·
Enforcar-se
por alguns instantes
·
Morder
as próprias mãos, lábios, língua, ou braços
·
Apertar
ou reabrir feridas (Dermatotilexomania)
·
Arrancar
os cabelos (Tricotilomania)
·
Queimar-se,
incluindo com cigarro, produto químicos (por exemplo, sal e gelo)
·
Furar-se
com agulhas, arames, pregos, canetas
·
Beliscar-se,
incluindo com roupas e clips para papel
·
Ingerir
agentes corrosivos, alfinetes
·
Se
Bater
·
Socar
paredes e outras superfícies rígidas/ásperas capazes de machucar as mãos (como
o tronco de uma árvore)
·
Envenenar-se,
medicar-se (por exemplo, exagerar na dose de remédios e/ou álcool), sem
intenção de suicídio.
Auto-lesão
entre indivíduos com distúrbios de desenvolvimento (por ex., autismo,
retardamento, inteligência limítrofe) envolve, geralmente, ações relativamente
simples, tais como bater a própria cabeça contra a parede, esmurrar superfícies
duras e morder-se.
É
comum desenvolverem transtorno de pica,
que corresponde a um transtorno onde o afetado engole substâncias/objetos que
não são comestíveis.
POSSÍVEIS CAUSAS
DA AUTOMUTILAÇÃO
Em
alguns casos parecia que o problema estava relacionado com a necessidade de
mais atenção ou a fuga de alguma atividade desagradável.
Também
foi sugerido que algumas vezes a auto-mutilação poderia estar relacionada com
as consequências sensórias produzidas pelo comportamento. Isto é, a pessoa
poderia gostar da sensação ou talvez atenuar a dor que a pessoa estava
experenciando.
A
automutilação é usualmente associada ao Transtorno de Personalidade Borderline,
porém, grande parte dos automutiladores não sofrem desse transtorno de
personalidade.
A
doença tem acometido cada vez mais pessoas e, nos dias atuais, tem sido observada
sua crescente associação a problemas como Depressão, Transtorno Bipolar,
Síndrome do pânico, Bulimia, Anorexia, Bullying, epilepsia, problemas
emocionais, transtornos alimentares dentre outros.
Outro
fator que deve ser investigado está relacionado à associação entre dor e
prazer. Em muitos casos a origem do problema está em crianças que ficaram
internadas em hospitais, às vezes por muitos dias ou meses. O comportamento
autodestrutivo constantemente carrega uma carga de prazer associado, muito
comum de ser encontrado em masoquistas.
O
psicanalista Robert J. Stoller escreveu em seu livro (Pain and Passion: a
psychoanalyst explore the Word of S&M, Ed. Plenum Press) que a maior parte
dos membros de grupos sado-masoquistas passaram por tratamentos dolorosos na
infância. Eles ficaram submetidos à relação entre dor e alívio; o que gerou um
forte condicionamento mental que faz com que a dor seja o gatilho para a
percepção do prazer.
Apesar
do fato de que uma série de hipóteses sobre os casos começaram a aparecer, uma
coisa estava começando a ficar clara: a automutilação de pessoas diferentes
possuíam causas diferentes. Ou seja, cada pessoa tinha um motivo diferente dos
demais para se auto-mutilar.
TRATAMENTO
A
associação psicoterapia e medicação tem se mostrado eficaz nos casos de
automutilação.
A
psicoterapia, nestes casos, tem como um dos objetivos ajudar o paciente a
identificar outras formas de lidar com frustrações que sejam mais eficazes do
que seu comportamento.
Ainda
não há medicação específica indicada para que o paciente pare de se mutilar,
entretanto, a medicação pode ser indicada para alívio dos sintomas depressivos
e ansiosos que podem colaborar para a manutenção do comportamento.
Há
também medicações que são usadas para diminuir a impulsividade e que ajudam o
paciente a resistir à vontade de se machucar, caso esta apareça.
O
ideal é procurar um bom profissional, um psicanalista, psicólogo ou psiquiatra,
que possa identificar as causas do problema no paciente e tratá-las.
Contudo,
é importante que essa iniciativa parta do próprio paciente, não sendo indicado
forçá-lo à situação, o que poderia agravar seu quadro.
O
melhor é que família e amigos o incentivem a procurar voluntariamente ajuda
médica, e facilitem o acesso.
Outra
coisa muito importante no tratamento é o fato de que o automutilador necessita,
sobretudo, do apoio da família e dos amigos.
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